Revisão: pedro_henriquesr_
VOTEM! <3
CLARA
Cinco anos depois
Deslizo os dedos pelos cabelos da minha filha e sinto meu coração pesar no peito por estar de volta a esse hospital, às vezes eu acho que nunca saí daqui desde que ela e o meu pequeno príncipe nasceram.
Fecho meus olhos e pareço voltar no tempo, revivendo as lembranças que eu ainda luto para esquecer como a minha descoberta sobre a mentira dita pelo homem que eu amava, minha gravidez conturbada, o parto difícil, a morte do meu filho que eu sequer pude amamentar e a descoberta de que a minha menina precisaria conviver com a osteomielite – uma inflamação do osso causada por infecção, geralmente nas pernas, no braço ou na coluna – e que no caso da minha filha atingiu sua perninha direita fazendo com que ela necessitasse de múltiplas cirurgias para viver dignamente bem.
Desde o nascimento dos meus filhos, fiz desse hospital a minha segunda casa e daqui só sair para enterrar o meu bebê que não sobreviveu para que entendesse o quanto eu o amava.
Perdi as contas de quantas vezes liguei para Felipe para contar sobre a existência das nossas crianças, mas desisto sempre que as palavras ditas por Letícia invadem minha mente e perfuram um pouco mais o meu coração.
Minha primeira reação ao descobrir sobre minha gravidez foi pegar o telefone para comunicar a ele – pois mesmo que me doesse tudo que ele fez, tinha consciência de que ele merecia saber que seríamos pais – atitude da qual eu me arrependo até hoje porque além de saber que bastou minha saída para ele colocá-la dentro da nossa casa ainda tive que aturar Letícia ao telefone rasgando sobre mim toda a felicidade deles e sua "eterna gratidão por eu ter ido embora", antes de desligar ela exigiu que eu os deixasse em paz e foi o que eu fiz. Parte porque sentia-me magoada, mas também porque tive medo do Mário usar meus filhos para se vingar do irmão.
Muita coisa aconteceu desde que eu embarquei naquele avião; usei meu dinheiro das exposições para reconstruir a minha vida, realizar o meu sonho de cursar Artes Visuais e oferecer o melhor que posso para minha filha. Lucas também recomeçou do zero e fez algo que realmente o deixaria feliz e realizado: abriu um estúdio de tatuagem no centro de Madrid e que agora teria uma versão "2.0" em Sant'Mary. Com a morte do meu filho eu aprendi muita coisa, entre elas é que eu não preciso estar fora de uma cadeira de rodas para ser feliz e com esse pensamento eu o convenci a seguir seus verdadeiros sonhos.
Vejo Luna se mexer sobre a cama de hospital após mais uma de suas cirurgias, sinto meu coração se aquecer, minha menina é guerreira num grau em que eu jamais fui um dia.
– Oi, querida – Digo vendo-a abrindo os olhinhos, azuis e profundos como os do pai, com esforço por conta da luminosidade do ambiente – Como você está?
Abaixo-me para depositar um beijo em sua testa, ela aperta os olhinhos ao sorrir, assim como o pai costumava fazer.
– Cansada, mas feliz – Confessa e eu estreito os olhos esperando uma explicação – Durante a cirurgia eu sonhei com o papai e ele estava me esperando num campo muito bonito com muitas flores, borboletas e sovertes.
Dou a ela um sorriso cálido, com meu coração massacrado no peito. Eu fiz questão que Luna crescesse sabendo que tinha um pai e contei a ela tudo o que me fez ser apaixonada por ele, pois queria que ela tivesse na memória as lembranças do Felipe que eu amei com todo o coração antes de tudo desabar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
À Procura De Alguém Como Você
RomanceTrilogia Reescrevendo As Estrelas (Livro 1) Clara Montserrat sempre foi uma garota cheia de sonhos e aspirações. Boa amiga, filha, sobrinha e uma leitora voraz assumida, Clara vê seu destino mudar por completo após um trágico acidente de carro que f...