Trinta e Três

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Leiam o recado no final porque tem surpresa. 

Volto para deixar perfeito assim que o livro estiver completo aqui ❤  

FELIPE

Tudo ao meu redor parecia correr em câmera lenta diante dos meus olhos, desde a porta jogada ao chão por Lucas – uma missão que deveria ter sido minha, mas que graças ao meu estado de recuperação ficou por conta dele – até os gritos do Dr. Carmona dando ordens aos policiais. A imagem de Clara caída no chão poderia facilmente atormentar-me para sempre.

Ela não estaria ali se eu não tivesse agido de maneira tão imprudente na tentativa de conseguir o celular de Letícia. Não estaria ali se eu fosse capaz de controlar a merda dessa minha impulsividade.

Meu pai e Lucas argumentam qualquer coisa sobre não fazer muito esforço quando abaixo-me em frente à ela, mas eu simplesmente não estava ouvindo. O eco do momento em que ela desabou estava martelando na minha cabeça enquanto perfurava o meu coração.

Comecei a libertar seus pulsos das malditas cordas que os machucavam o mais rápido que conseguia, mas as lágrimas que corriam por meus olhos dificultavam o bendito processo. Pelo canto do olho, vi quando Lucas se abaixou ao meu lado para livrar a melhor amiga da dor que ela certamente sentiria se estivesse consciente.

– De jeito nenhum – Parei Lucas no meio do caminho quando o mesmo cogitou pegá-la no colo. Ela precisava da proteção do meu abraço – Eu faço isso.

Lancei sobre ele o meu pior olhar quando minhas palavras entraram por um ouvido e saíram por outro. Seu olhar encontrou o meu quando acomodou o corpo inerte no colo.

– Irei apenas leva-la até o carro, Felipe – argumentou ao se levantar – Você ainda não está totalmente recuperado e ela certamente precisará de você quando acordar.

Quando foi que ele ficou tão bom em argumentar, afinal?

Movi a cabeça em concordância, mesmo que por dentro estivesse me debatendo para convencê-lo de que aquela responsabilidade era minha, não era hora para marcar território, Clara precisaria de mim quando acordasse e eu estaria pronto para ela.

– Leve Clara até o carro, Lucas – Meu instinto deu olá quando meu velho parou ao meu lado e começou a falar – Preciso mostrar uma coisa ao meu filho.

Bastou Lucas sumir diante dos meus olhos para minha mente dar um click e a venda invisível que pareceu cobrir minha visão no momento em que vi Clara caída no chão caiu por terra permitindo-me pensar com mais racionalidade. O ditado de que o amor é cego, surdo e mudo faz total sentido agora.

Encontrei o olhar do meu pai e ele apontou para um canto mais afastado do ambiente empoeirado e sombrio, ao acompanhar seu gesto com um olhar, vi o que ele tanto queria me mostrar: Encostado numa parede que ficava próxima a uma janela fechada, estava um galão de gasolina e um isqueiro depositado em cima. O ódio parecia se instalar em cada uma das minhas células como veneno puro.

– Filho da...

– Ele fugiu! – A voz do Dr. Carmona vindo dos fundos da casa velha se sobressaiu aos meus pensamentos homicidas – Teremos que investir em uma perseguição policial, já mandei meus melhores homens na frente.

– Leve Clara para casa, Felipe – Num segundo, meu pai já estava com sua arma em punhos indo em direção ao fundo da mansão macabra – Eu vou acompanhar o Dr. Carmona e depois volto para pegar a cadeira de rodas dela.

– Mas...

– Vá agora! – Gritou sem se quer me olhar – E não perca sua namorada de vista até eu voltar.

À Procura De Alguém Como VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora