Trinta e Oito

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Revisão: pedro_henriquesr_

Atenção: Nesse capítulo teremos cenas que podem causar gatilho em algumas. Já sabem, né? Respeitem o limite de você <3 


CLARA 

Minha mãe sempre gostou de encarar o meu lado "sensitivo" como um dos muitos dons – palavras dela, não minhas – com os quais Deus me presenteou, eu particularmente discordo, é horrível sentir que algo vai acontecer, mas não saber quando, como ou por quê. Geralmente o baque é mil vezes maior. 

Felipe está agindo estranho há um pouco mais de uma semana e todas as vezes que eu toco no assunto que ele queria falar comigo no meu ateliê, ele desconversa dizendo que não se lembra do que se trata. Parei de insistir depois de certo tempo, medo do que seria? Talvez, uma vez arregona sempre arregona.

Apesar dos pesares, sigo trabalhando a todo vapor, minha primeira exposição fora do país não pode esperar até que eu me sinta menos agitada. Não mesmo.

Partiria para Madri nessa madrugada, minhas malas já estavam prontas e só falta esperar Felipe chegar da casa dos pais para terminar os preparativos. Espanha, além de tudo, será o cenário da lua de mel que quase não tivemos.

Encarar meu ateliê vazio parte o meu coração em pedacinhos, Elisa fora na frente para arrumar os últimos detalhes, aumentando assim minha ansiedade.

Termino de guardar meu material de trabalho no lugar de sempre quando ouço a campainha ecoar por toda a casa. Não me surpreenderia se Felipe tivesse esquecido a chave, digamos que ele anda meio aluado esses dias.

– Eu sabia que te encontraria aqui – Estremeço ao ouvir a voz do meu cunhado atrás de mim, viro-me devagar e um sorriso nasce em seus lábios – Rosa me deixou entrar, mas por favor, não brigue com sua empregada por permitir minha presença aqui – Meus olhos acompanham cada passo seu até o pequeno sofá azul que eu usava para descansar quando trabalhava muito, vantagens de uma casa adaptada – Eu só acho que precisamos conversar, como nos velhos tempo.

O encaro. Pupilas dilatadas contrapondo-se à luminosidade que entra da enorme janela presente no ambiente, olhos e nariz vermelhos, vestígios de pó branco em volta das narinas... Bruno estava drogado?

– O que você quer, Bruno? – Pergunto mantendo a voz pacífica, embora tudo em mim queira correr dali – Felipe não está e sinto que não posso fazer muita coisa por você...

Seu sorriso cresce conforme ele se levanta e trilha seu caminho até mim, guio a cadeira de rodas para longe dele, contendo um pequeno grito de pavor quando os pneus batem numa parede, o brilho em seus olhos é algo alucinado.

 – Não ouse se aproximar de mim – Exijo e ele simplesmente ignora, tiro uma mexa dos meus cabelos de sua mão com um gesto brusco – Eu mandei não me tocar!

– Tenho que admitir, ruivinha – Sussurra alheio à repulsa que sua presença me causa – Meu irmão é um cara de sorte, você é linda – Diz e eu quero vomitar – A posição na qual te conheci me impediu de admitir isso, mas agora não há nada que me impeça de te admirar como mulher – Seus olhos percorrem todo o meu corpo, cubro meu colo com o casaco de lã – E que bela mulher você se tornou.

– Como você ousa? – Esbravejo perdendo o controle – Estou casada com o seu irmão! – Preciso lembrá-lo, porque parece que ele esqueceu momentaneamente – Com o homem que você mais deveria respeitar!

À Procura De Alguém Como VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora