Trinta e Um

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Revisão: @pedro_henriquesr_

Atenção: Capítulo revisado, mas vocês já sabem, né? Volto para deixar perfeito quando meus estudos derem uma trégua ou, mais provavelmente, quando o livro estiver completo aqui. Boa leitura, bebês <3 

CLARA

Tudo caiu. Num piscar de olhos, tudo caiu. Do que estou falando? É simples: num momento eu estava nos braços dele, sendo envolvida pelo calor que emanava do seu corpo enquanto fazíamos planos para um futuro bom e próximo. No outro, quase como num sinal divino de que tinha alguma coisa errada, Eric me liga pelo celular de Felipe para dizer que ele tinha sido esfaqueado. O motivo? Para tentar me salvar. Como se não bastasse tudo isso, Enrico disse que a faca perfurou grandemente um dos rins do meu cara, o que basicamente, significa que por minha culpa Felipe precisaria contar com uma doação de órgão. Acho que eu morreria, mas a culpa não me deixaria.

Tudo bem, tudo isso estaria resolvido assim que Henry transferisse um de seus rins para o filho, não é? Mas é claro que a vida não seria assim tão boazinha comigo, afinal, para que ser boazinha se rir da minha cara deveria está sendo infinitamente mais divertido?

Recapitulando: Henry não poderia doar o órgão, por quê? É aí que mora o X da questão: ele não é compatível com o filho. É, eu sei, saber disso abre um leque de possibilidades, mas eu não podia me dar ao luxo de pensar nisso agora, tudo que meu coração queria era ter o cara que o fazia dar cambalhota de volta.

Ninguém tinha tempo para fazer perguntas. A vida de alguém que amávamos estava em perigo, por isso estávamos correndo para encontrar um doador disponível. Tudo isso já faz mais de 3 horas.

Como se me desse um sinal de que depois da tempestade sempre vem o arco-íris, Enrico veio trazer a notícia de que acharam um doador compatível. Quem? Um rapaz da idade do meu namorado que teve morte cerebral.

Eu não sei se posso considerar isso "o lado bom", mas essa situação serviu para aproximar nossas famílias. Papai conversava com Henry, mamãe tentava passar seu clássico otimismo para Elena... Até o Luc tinha deixado toda sua máscara de "proibido para o mundo" na tentativa de aliviar a tensão presente em Angel. Agora eu sei o que quer dizer o famoso ditado "Deus escreve certo por linhas tortas".  

– Trouxe pra você – Eric me entregou um café – Não sei exatamente como você gosta, mas eu precisava tentar. Felipe me mataria se eu deixasse a garota dele desamparada – Sorri fraco. Eu sei que precisava ser forte, mas nesse momento eu só queria chorar. Peguei o café e ele se encostou na parede ficando ao meu lado em silêncio por um momento – Eu sei que você vai descordar de mim agora, mas vou dizer mesmo assim. Nada disso é culpa sua. Nada.

Minha risada saiu baixa, amarga e esganiçada; o encarei.

– Você mesmo disse que ele fez o que fez porque achou uma brecha para me ajudar – Seus olhos grandes e castanhos me fitaram com empatia. Era fácil se apegar a ele – Então, como, pelo amor de Deus, isso não é culpa minha?

– Felipe sempre teve uma aura heroica, Clara. Sempre – Apoiou a perna direita na parede e cruzou os braços antes de continuar – Era de se esperar que ele se recusasse a ficar parado enquanto enxergava uma oportunidade de "ajudar a mulher que ama" – Fez aspas com os dedos e eu fiquei automaticamente vermelha, causando-lhe um meio sorriso – Palavras dele, não minhas.

Contrapondo-se a toda essa situação, meu coração deu um salto no peito. É claro que mesmo que tenha sido perigoso como de fato foi, no fundo eu não estava surpresa com essa atitude dele. Estava um pouco brava e amedrontada, mas não surpresa.

À Procura De Alguém Como VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora