À Procura De Alguém Como Você

Vinte e Três

Revisão: @pedro_henriquesr_

3 Mil leituras, meninas! Obrigada. ❤

FELIPE

– Juro que não estou mentindo, até os dez anos meu sonho era ser violinista – Contei enquanto diria até o lugar em que Eric disse que tocaria essa noite e que ficava na saída de Sant'Mary para a cidade vizinha. Clara me olhava com profunda admiração e interesse. Sorri – Mas aos treze a paixão pela justiça falou mais alto e eu coloquei na cabeça que seguiria carreira jurídica. 

– O que certamente deve ter sido motivo de muito orgulho para seu pai – Comentou animada, como se estivesse realmente gostando de saber mais sobre mim – Quer dizer, ele parece ser o tipo de pai que apoia você e Angel em tudo o que fazem, mas é claro que ele deve ter pulado de alegria quando o primogênito decidiu seguir seus passos.

– Foi quase isso que aconteceu mesmo – Encontrei seu olhar doce e intenso me encarando pelo retrovisor interno do carro, era impressionante o poder que ela tinha de me seduzir apenas com um olhar que para ela devia ser tão natural – O Dr. Salvatore é meio reservado com relação à suas emoções, mas me levou para acompanhar o dia a dia do escritório na mesma semana que lhe comuniquei sobre o que queria.

– Imaginei que sim. No meu caso, eu sempre me perdi no meio dos livros e dos meus desenhos – Confidenciou e eu notei uma ponta de tristeza em sua voz – Mas, depois... Eu não voltei a desenhar mais nada depois do acidente que sofri – Limpou a garganta – Minhas mãos não são as mesmas desde aquele dia.

– Ficarei honrado em ser desenhado por você um dia, então – Pisquei e notei um brilho diferente em seus olhos, como se eu tivesse acabado de oferecer uma proposta irrecusável. Parei o carro – Chegamos.

A minha garota tentou esconder o nervosismo, mas eu o reconheci e ali, dentro do meu carro, descobri mais uma faceta dela: Clara mordia o lábio inferior quando se sentia nervosa.

– Preciso confessar uma coisa, mas não quero te ver rindo da minha cara – Falei, chamando sua atenção e entrelaçando nossas mãos no processos – Me sinto como num sonho, pequeno anjo. Você finalmente vai conhecer o verdadeiro Felipe e eu só posso agradecê-la por me dar essa oportunidade, mesmo que eu tenha feito um monte de merdas impulsivas.

Ela sorriu e separou nossas mãos para tocar meu rosto. Nunca pensei que um simples carinho na face fosse capaz de me fazer saborear tantos sentimentos bons juntos, não fechei os olhos, queria absorver cada palavra que aqueles olhos doces me diziam.

– Sei que ainda temos muito para descobrir um sobre o outro, Felipe, de verdade. E eu quero descobrir tudo sobre você, quero mesmo. Mas se serve de consolo, eu já gosto do que tenho descoberto e sentido em relação a você. Gosto muito.

Ela era tão linda que doía. E eu não me refiro somente à aparência física, porque eu já conheci muita gente deslumbrante por fora e podre por dentro, mas Clara era diferente. Ela era forte, doce, sensível, esperta, inteligente e possuía uma capacidade de amar tão grande e terna que me fazia perguntar aos céus onde ela estava antes que eu caísse de cabeça num mundo de aparências que por muitas vezes quase me fez esquecer da minha essência, mas pensando bem, talvez eu devesse mesmo passar por todo aquele processo para enfim encontrá-la. Para ser alguém melhor por  ela. Para ser alguém melhor por nós.

– Você é a coisa mais linda desse mundo – Dei um beijo em sua bochecha e fui buscar a cadeira de rodas.

Quis realizar todo aquele procedimento o mais rápido possível. Tive medo de que ela chegasse a pensar em desistir enquanto me esperava.