Revisão: @pedro_henriquesr_
CLARA
Uma verdadeira montanha-russa ambulante. Era assim que eu me sentia desde aquele maldito episódio do restaurante. O controle emocional que eu lutava para ter desde que acordei do coma parecia ter fugido para bem longe de mim agora. Parecia impossível lidar com tudo que eu havia prometido. Eu definitivamente não era tão forte quanto pensei que fosse.
Recentemente fiz algo que nunca sequer cogitei fazer na vida: Gritei com meus pais.
Tudo começou quando tia Liz perguntou – em um almoço de domingo em família – O que eu faria da vida. Respondi que queria fazer direito criminal para que nenhum outro desgraçado cheio da grana se livrasse da cadeia depois de ter prejudicado alguém. Meus pais, com os corações maravilhosos que tinham, resolveram me dar um sermão do tipo: Não é bem por aí querida, sabemos que o que aconteceu com você foi difícil, mas guardar ódio e rancor dentro do coração nunca foi bom...
E aquele foi o fósforo usado para acender a bomba relógio que eu tinha me tornado.
Gritei com eles dizendo que era fácil falar, afinal não tinha sido nenhum deles que havia ficado preso numa cadeira de rodas. Claro que me arrependi logo em seguida, mas o estrago já estava feito. Pedi perdão aos meus pais pela grosseira – afinal não era em cima deles que eu deveria jogar uma culpa que sequer era de alguém presente naquela reunião de família – Eles me perdoaram sem pensar duas vezes, mas não adiantou muito. Eu me sentia o pior lixo de todos por deixar um pensamento e sentimento tão ruim cair em cima deles.
Fechei meu diário e o coloquei de volta no criado-mudo quando vi Lucas parado na minha frente com cara de cachorro molhado.
– Precisa de ajuda? – Perguntei enquanto me ajeitava de novo na cama.
– Quer ir jogar bola no jardim comigo? – Eu realmente estava ouvindo uma coisa dessas? – Que foi? – Perguntou e eu só queria socar seus países baixos para deixar a fábrica de bebês fechada até a próxima vida – Você jogava vôlei no colégio.
Peguei o travesseiro mais próximo e joguei em sua cara com toda força que possuía. Meu melhor amigo é um babaca!
– Ei! – Reclamou depois de se desviar da minha arma. – As garotas amam minha beleza, sabia?
– A única garota existente na sua vida sou eu, meu amor – Provoquei e ele sorriu – Pelo menos de maneira oficial – Tudo o que ele queria era saber se ainda era a garota que não perdia a chance de debochar da sua cara, e bem, nada mudou nesse quesito – Não vale se vingar acertando uma bolada na minha cara! – Avisei e essa era a deixa que ele precisava para me pôr de volta na cadeira.
– Não posso prometer nada!
(...)
Era incrível como o meu "eu" de antigamente aparecia com facilidade quando Lucas estava por perto. Ele fazia coisas agora difíceis – Como jogar vôlei, a frustração me batia sempre que não conseguia impedir a bola de cair no chão – Parecerem divertidas outra vez.
A última dele é a cisma de cursar fisioterapia. Eu disse que ele não precisava fazer uma coisas dessas por minha causa e tentei argumentar que ele podia fazer educação física ou abrir uma academia de luta, já que eram coisas que ele gostava e se sairia bem se fizesse, mas não. Ele estava decidido a fazer mais alguma coisa em que eu fosse o ponto principal e não tinha nada que pudesse mudar isso, eu sabia.
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À Procura De Alguém Como Você
RomanceTrilogia Reescrevendo As Estrelas (Livro 1) Clara Montserrat sempre foi uma garota cheia de sonhos e aspirações. Boa amiga, filha, sobrinha e uma leitora voraz assumida, Clara vê seu destino mudar por completo após um trágico acidente de carro que f...