Dezessete

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Revisão: @pedro_henriquesr_

CLARA

Quase sorri com a lembrança do pequeno Lorenzo. Quase. 

– Está com você, não é? – Disse lembrando de quando Lucas me contou que segundo informações, alguém tinha achado o pingente – Cadê?

Talvez eu não devesse estar sendo tão dura, mas para o bem ou para o mal, Felipe havia mentido, e mentira era mentira, aqui ou na china e eu não sei se conseguirei olhá-lo depois disso.

– Juro por tudo que mais amo que estive a um passo de tirar aquela mulher de perto de você – Continuou e eu percebi que ele queria colocar tudo para fora. Esperei – Mas eu não pude – Disse e eu vi um flash de dor em seus olhos azuis – Não pude porque fui um fraco – Forcei meu rosto a continuar impassível, eu não podia deixar transparecer o quanto tudo aquilo me afetava – Só Deus sabe o esforço que eu fiz para não te pôr na segurança do meu abraço quando ela foi embora levando o garotinho – Estava ajoelhado em minha frente agora – Eu só queria que você soubesse que seja lá o que ela tenha dito – Tocou meu rosto com as duas mãos – Você não é nada daquilo, Clara – Seu toque fazia minha pele esquentar tanto quanto num dia de verão – Você não é absolutamente nada daquilo.

– Como você sabe? – Suas safiras azuis pareciam desejar me dizer muito mais do que tudo aquilo que saía da sua boca – Como você sabe que eu não sou exatamente aquilo que ela disse, Felipe? – Precisaria de todo um autocontrole que eu não tinha para continuar aquela conversa sem desabar – Você não ouviu nada do que ela me disse.

Ninguém ouviu, na verdade. Mas isso não tornava as palavras da mulher menos humilhantes para mim, os pesadelos que venho tendo me diziam isso, porque mesmo que a maioria deles seja sobre o dia do acidente, vira e mexe as palavras dela ecoavam dentro da minha cabeça: Eu tenho nojo de pessoas como você.

– Você tem razão, meu pequeno anjo – O Senhor é testemunha de que eu estou tentando, Jesus – Mas suponho que tenha feito você se sentir a pior das criaturas – Bingo! – Algo que você definitivamente não é – Disse – A pior das criaturas não teria arriscado a própria saúde para ajudar um garotinho e eu sei que mesmo que não seja nada recomendável – Se ele queria me dar uma bronca por tentar ajudar Lorenzo, fracassou – Você teria feito isso se o menino não houvesse agido mais rápido – É um ótimo argumento - A pior das criaturas não seria capaz de trazer tanto amor num único olhar – Continuou sem afastar seu toque da minha pele – E você faz isso sempre – Sorriu – Seja com Lucas ou com um desconhecido que se quer mereça. Você está sempre espalhando amor por onde passa, Clara – Dei graças a Deus por ele não ser capaz de me ver por dentro, uma maldita cambalhota do meu coração faria meu plano de parecer indiferente fracassar com sucesso – E quando encontrei o seu pingente, tomei aquilo como uma chance, uma chance para olhar dentro dessas doces íris mais uma vez.

– Como você descobriu onde me encontrar? – Perguntei, era melhor colocar tudo em pratos limpos de uma vez.

– Por acaso – Se afastou e minha pele logo reagiu por estar longe do seu toque – Angel estava pesquisando sobre você na internet e... – A interrogação deveria estar estampada na minha testa porque seu olhar me deu a resposta: Eu não tinha dado muita abertura para a garota à primeira vista – E eu juntei dois mais dois – Um curto sorriso apareceu no canto da sua boca e o meu coração deu outra cambalhota. Daqui a pouco ele vai dançar capoeira, pelo visto – Para ter certeza foi só mostrar o pingente com a foto dentro e pronto – Sua voz soou divertida, mas eu não pude deixar de notar uma ponta de insegurança em seu olhar – Eu finalmente tinha te encontrado.

À Procura De Alguém Como VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora