Lauren viu em Watertown e em seus novos pais adotivos uma chance de recomeçar e talvez até de ser feliz, mas quando Chris, a pessoa mais importante da sua vida desaparece em condições misteriosas, ela vê um novo mundo antes inimaginável se formar di...
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— Tudo bem? — Me virei e Shawn estava lá, seu pescoço ainda tinha as marcas dos meus dentes, não havia sangue, mas dava para ver aonde o rastro de sangue havia passado.
— Me desculpa! — Pedi.
— Está tudo bem Mila, você não esperava por aquilo! — Ele disse vindo me abraçar, senti seus braços ao meu redor me fazendo desabar.
Chorei por Lauren, por ter a magoado e não poder fazer mais por ela, chorei por acertar Shawn como um efeito colateral, por Normani estar certa sobre eu ficar cega quando se tratava dela, por tudo que havia perdido.
— Mas fala a verdade, eu mandei bem em te pegar de surpresa! — Shawn comentou e eu ri de tão idiota aquilo parecia naquele momento.
— Não vai ter outra vez! — Disse limpando o rosto e me soltando de seus braços.
— Eu vou ficar melhor que você! — Ele sorriu presunçoso.
— Vai sonhando! — Respirei fundo e me sentei nos degraus.
— Você sabe que eu estou aqui se precisa né? — Ele inclinou a cabeça para o lado, de um jeito solidário.
— Eu sei, obrigada!
Troy passou o chamando, ele hesitou, mas acabou indo com o outro garoto.
De fato, eu deveria ficar longe de Lauren para protege-la melhor e porque agora ela não queria mais me ver mesmo.
Passei a me manter afastada, o que não era fácil, mas me convenci que era o necessário, fazia qualquer coisa para não ter que ser eu a vigia-la, trocava com outras pessoas, treinava os novatos, ia em quase todas as buscas por novas pistas dos Frios e do Chris por que eu sabia que mesmo que ela não me quisesse mais perto dela, parte dessa bagunça era culpa minha, enfim, fazia tudo que me mantivesse ocupada e distante, achamos uma trilha na mata usada por vampiros, seguimos para ver se dava em algum lugar, mas foi em vão, então Derrick, pai de Normani proibiu de treinar na floresta, tivemos que adaptar os treinos para perto do rio, o que era tortuoso quando Lauren saia e ficava olhando, eu evitava me transformar enquanto ela estava por perto e acaba sempre não dando o meu melhor, mas ela não observou muitas vezes, estava ocupada demais tentando fugir de todas as maneiras possíveis, no meio da noite, se jogando no rio congelante, se escondendo na floresta, Dinah falava dela porque sabia que eu queria ouvir, mas não queria perguntar.
Com a aproximação de vampiros em Watertown foi ficando cada vez mais difícil manter alguém de olho em Lauren, então Mani resolveu prende-la no celeiro como nos chamávamos, era um pequeno galpão com várias celas, tudo lá era banhado em verbena, letal para vampiros, eu fui contra, mas não adiantava, Normani estava irredutível e eu sabia que ela estava certa, precisávamos de força total nas buscas.
— Troy e Shawn estão animados! — Dinah comentou.
— Eu também fiquei na minha cerimônia. — Confessei.
— Eu não! — Ela disse e eu ri alto.
— Você ficou tão bêbada que nem conseguia se transformar! — Ri a fazendo rir.
— O lado bom é que não temos ressaca! — Ela deu os ombros.
— Você acha mesmo que no meio dessa loucura que estamos vivendo, um cerimonial de consagração é uma boa? — Perguntei.
— Acho que estão fazendo isso porque todos tivemos, então não é justo os meninos novos não terem, é o que todo quileute espera, além do mais, acho que é um dia para sermos nós mesmos sabe? Esquecer um pouco essa loucura.
— Você tem razão! — Concordei.
— E tenho certeza que para a dança do lobo o Shawn vai te chamar! — Disse rindo.
— E daí? — Perguntei sem entender — Você me chamou e nem por isso namoramos! — Fingi pensar. — Ah, verdade é porque você foi covarde demais para chamar a Normani. — Impliquei recebendo um soco no braço.
— Eu já aceitei que isso vai ser sempre platônico!
— Covarde! — Provoquei.
— Disse a quileute que foge daqueles olhos verdes como o diabo foge da cruz!
— É diferente!
— Porque?
— Porque ela nos odeia, porque ela acha que nós queremos matá-la?
— É, tem isso! — Concordou rindo, fazendo eu socar seu braço dessa vez.
Olhamos para ver como estava a preparação para o cerimonial, que consistia em várias mesas com comidas típicas a perder de vista, uma fogueira enorme, a pintura no rostos dos consagrados com as falas de algum velho sábio da tribo e a dança do lobo, depois tudo acabava em bebida, música e festa, era como um agradecimento por arriscarmos a vida por um proposito.
— Quase tudo pronto! — Dinah disse observando os piscas colocados em alguns lugares.
— Sim!
Fomos para casa tomar banho e nos arrumar, não era roupa de gala, era roupas leves e simples na verdade, Milika agradeceu por eu dar sinal de vida e reclamou que eu nem apareço mais, falou da escola, que estava tudo resolvido tanto pra nós quanto pra Lauren, era engraçado como ela cuidava de mim e como as vezes até parecia dona Sinu falando.
Quando chegamos no cerimonial já tinha escurecido, estava cheio, tão cheio como nunca antes, dava para ver quem seria os consagrados pela animação deles, era um número bem maior do que eu já tinha visto, o que era preocupante, afastei esses pensamentos da cabeça.
— Oi! — Shawn se aproximou.
— Ansioso novato? — Perguntei.
— Um pouco! Você está linda... — Ele tentou ser simpático.
— Obrigada, você vai ficar melhor quando pintarem sua cara! — Brinquei.
— Espero mesmo! — Ele riu.
— Grande dia hoje! — Troy chegou animado, vi de longe Dinah conversando com Normani.
— Depois de hoje não podem cometer mais erros! — Coloquei pressão fazendo Troy arregalar os olhos. — Calma, eu estou brincando!
— Ufa, não faz mais isso não! — Ele respirou aliviado, vi Derrick fazendo sinal com a mão para eles.
— Estão chamando vocês ali! — Apontei.
— Te vejo depois? — Shawn perguntou.
— Vou estar por aqui!
Ela sorriu antes de sair, estava obvio que ele gostava de mim e se parte de mim ficava culpada por não gostar tanto quanto ele, outra achava fofo toda aquela atenção.
— Chancho? — Dinah se aproximou.
— Oi!
— Normani disse que se eu quiser tirar a Lauren de lá! — A olhei. — Sabe? Pra ela não ficar trancada sempre lá e pensei que você gostaria de ir ao invés de mim! — Ela estendeu a chave do cadeado.
— Sério?
— Sim! — Ela me olhou enquanto eu pensava. — Vai logo garota! — Disse colocando a chave na minha mão e me empurrando em direção ao celeiro.
