Lauren viu em Watertown e em seus novos pais adotivos uma chance de recomeçar e talvez até de ser feliz, mas quando Chris, a pessoa mais importante da sua vida desaparece em condições misteriosas, ela vê um novo mundo antes inimaginável se formar di...
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Me virei e fui andando só ouvindo o som do pneu atrás de mim, Chris já tinha entrado em casa e deixado a porta aberta, quando entrei vi que ele havia parado entre a sala e a cozinha, caminhei até ele e vi o homem loiro que tinha dito ser assistente social parado no meio da cozinha perto de Alice que parecia estar apática, mas dessa vez não estava só, com ele estava uma mulher pálida de cabelos bem pretos parada perto de um Joe sentado com a cabeça tombada em cima da mesa, olhei para o homem loiro, o ursinho que Camila havia me dado estava em suas mãos, olhei para Joe e vi uma fina linha vermelha começar a manchar sua camisa de flanela, meu coração disparou.
— CORRE CHRIS! CORRE!! — Gritei puxando ele para a porta sem me importar com a pizza que caiu no chão, o empurrei em direção da porta, de relance vi o loiro dar um sorriso discreto, corri o mais rápido que pude apesar da grama molhada e escorregadia, Chris estava na minha frente e como um vulto a garota já estava na nossa frente, Chris gritou e nos viramos para correr para o outro lado, aquilo parecia um pesadelo, olhei para trás e vi Chris mais atrás, peguei sua mão na mesma hora que a mulher colocou as mãos nele.
— LAAAUREN! — Ele gritou e eu tentei puxa—lo, em vão já que meus pés patinavam na grama e a mulher não parecia nem sentir o esforço que eu estava fazendo. — LAAAUREN, SOCOORROO! — Meu irmão soltou um último grito quando um carro parou ao lado da mulher, e ela o jogou lá dentro.
— NÃÃO! — Gritei e ela me olhou com descaso.
— Pegue a garota! — O loiro disse antes de sair com o carro.
Comecei a correr para o lado, mesmo sabendo que era burrice entrar em uma floresta, era a minha única chance se eu conseguisse me esconder lá, senti as folhas das arvores e arbustos molhados baterem em mim como um chicote enquanto corria, outras vez ela parou na minha frente me fazendo cair para não acabar em suas mãos, mal conseguia respirar, me virei e corri novamente, sentindo cair com a terra fofa embaixo de mim dificultando ainda mais, senti algo se chocar contra a lateral esquerda do meu corpo, me acertando em cheio na costela e me jogando para longe, tudo ficou mais escuro, sentia agora a terra tocar minhas mãos, abri os olhos e eu estava sentada tentando me levantar sem forças, a garota na minha frente sorria com escarnio.
— O QUE VOCÊ QUER? — Gritei tentando me levantar e sentindo que mal conseguia respirar.
— Você!
Ela sorriu e deu passos para frente, ficando alguns poucos metros de mim, não conseguia mais correr, eu estava exausta, então a encarei sentindo o medo fluir por cada veia do meu corpo quando um grunhir e um lobo marrom quase do tamanho dela pular em sua direção, ela desviou e acertou o lobo bem na cara, fazendo—o caiu ao seu lado, mas se levantou rápido e a atacou novamente, agora em um ataque certeiro pegando seu braço, seu grito ecoou na floresta quando o lobo arrancou seu braço fora e o sangue jorrou para todo lado, ele abriu a boca novamente e agora pegando bem no pescoço, abaixei o rosto e comecei a engatinhar para trás sentindo minha unha entrar na terra molhada e meu cabelo colar no meu rosto, tudo ficou em silencio, ergui os olhos e só vi o corpo da mulher ou o que restava dele jogado no chão, o lobo estava parado me olhando, seus olhos eram mais claros do que seu pelo, mas com o mesmo tom, senti meu queixo tremer de medo quando ele deu um passo para frente, então ele disparou para o outro lado sumindo de vista entre as folhagens e eu finalmente sentia que conseguia respirar com dificuldade, pensei em Chris e comecei a chorar compulsivamente, não sabendo mais precisar quanto tempo eu fiquei ali encolhida deixando os pingos fracos na chuva se acumularem nas folhas das arvores para enfim caírem em mim.
Ouvi passos e fiquei em estado de alerta, tentei me levantar e senti a dor.
— Aqui Dinah! — Ouvi uma voz.
— Laur? — Era Dinah, levantei o rosto e ela estava parada na minha frente com Normani atrás dela, ela se abaixou. — Laur está me ouvindo?
— Sim! — Disse sentindo como se agulhas me perfurassem quando eu falava.
— Vem, vou te tirar daqui!
— NÃO, NÃO DINAH! — Me apavorei afastando suas mãos de mim.
— Calma Lauren! Está tudo bem agora! — Ela tentou me acalmar. — Confia em mim! — Olhei para seu rosto, parecia calmo, a garota atrás dela olhava para o corpo em sua frente com desgosto, mas não com surpresa. — Olha pra mim! — Dinah pediu e eu obedeci. — Eu vou te ajudar, consegue se levantar? — Ela perguntou ainda com a mão estendida, eu a segurei vendo só agora que eu estava toda suja de terra, mas a maior não pareceu se importar, tentei me levantar, mas gemi de dor. — Tudo bem, eu vou te pegar okay? — Eu a encarei e ela passou seus braços por baixo de mim me pegando no colo com uma facilidade assustadora.
Ela me carregou até sairmos da mata, de longe vi aonde antes era minha casa, agora toda fechada e luzes apagadas, senti meu coração voltar a acelerar, mas Dinah pareceu não se importar, o Mazda vermelho estava parado perto da casa, mas não era Camila que estava com ele? O que me fez pensar quanto tempo havia se passado desde que ela me deixou em casa, Normani abriu a porta do carro e Dinah me colocou lá com o máximo de delicadeza que conseguiu.
— Leva ela pra reserva! —Normani disse olhando sério para a amiga. — Eu vou ficar aqui! — Acenou com a cabeça para a casa.
— Você não pode! — Disse rápido. — Eles vão te pegar, eles pegaram o Chris! — Senti minha garganta fechar ao dizer aquilo e as lágrimas voltarem a escorrer.
— Calma Laur! — Dinah pediu. — Tudo bem, quer que eu volte depois? — Perguntou, mas a outra negou com a cabeça.
