Capítulo 3

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  Às duas horas da tarde,me dei conta de que não havia arrumado quase nada, levantei da cama, fui direto para a cozinha arrumar o que comer.

  — Salete, ficar jogada na cama durante o dia, definitivamente não é um objetivo seu. -falei para mim mesma.

  Esquentei uma fatia de pizza no microondas, sentei à mesa, e a comi acompanhada de um copo de refrigerante, foi rápido, logo me levantei para arrumar o restante dos cômodos.

  Depois de limpar o banheiro, voltei à cozinha, notei que quase não havia comida no ármario.

   Tomei um banho rápido, vesti um short um pouco curto e uma blusa sem mangas, prendi os cabelos em uma cabo de cavalo simples e saí, rumo ao mercado.

  Chegando lá, peguei um carrinho de compras e segui andando naquele enorme salão.

  — Oi, minha querida, será que pode me informar às horas? -uma senhora com aparência de bruxa me perguntou sorrindo.

  -Claro, são três e quarenta e dois. -Também sorri.

  — Obrigada, minha filha. -ela disse me olhando rápido e se retirando em seguida.

  — Por nada... -respondi pensativa. Ela me fez lembrar de minha mãe.

  Ah, minha velha mãe, que morrera jovem, aos trinta e nove anos, era tão bonita, tinha os cabelos tão pretos como a noite, lisos, mas desgrenhados. "Salete deixe de ser mandona " dizia ela, sempre que eu pedia algum favor, eu era realmente folgada.

   Meus cabelos ruivos, de quem herdei?  Meu pai era moreno, mamãe dizia que eu me parecia com uma tia que morava fora do país, mas nunca pareceu dizer a verdade.

   — Moça? -uma voz me tirou da viagem de meus pensamemtos.

  — Sim? -respondi. Um homem baixo, de meia idade me encarava.

  — Está bem? -perguntou.

  — Estou... -respondi sem entender.

  — É que está uma meia hora parada aí, olhando para o nada. -sorriu fraco.

  — Ah,só estava tentando lembrar o que devo comprar. -menti. Ele tocou meu ombro, sorriu e se foi.

  Eu estava parada em frente ao setor de margarinas, parecendo uma tonta. Saí empurrando o carrinho em busca de congelados.

  Depois de comprar tudo que achava precisar, parei no caixa para pagar, uma senhora de cabelos, ridículamente, tingidos de vermelho, me olhou da cabeça aos pés, pus metade de minhas compras na bancada, ela continuava a me encarar, sem mover um dedo pra registrar minhas coisas.

  — Algum problema? -quis saber.

  — Tem certeza que vai levar isso tudo? - perguntou. Insinuava que eu não tinha dinheiro para pagar.

  — Sim. Vocês fazem entrega a domicílio?  Porque se não entregam, diga logo, que eu deixo essas porcarias aqui e faço minha compra em outro mercado. -falei seca.

  — Fazemos entrega sim. -sorriu sem graça e começou a passar minhas compras na máquina de registro.

  Passou tudo, paguei e ela pediu meu endereço para fazer a entrega, falei fanzendo-a anotar tudo e virei as costas para aquela velha mal humorada.

  — Nesse mercado, eu não volto mais.-falei antes de atravessar a rua.

  Cheguei em casa e o telefone tocava desesperadamente.

  — Alô? -atendi rápido sem verificar quem era.

  — Sou eu,criatura. -Caio anunciou, estranhando a forma como o atendi.

Sonhos Roubados [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora