Sonhos Roubados [Completo]

Capítulo 27 - Parte I

" Salete...

   Fiquei observando Bob ir em outra direção, a cena embaçada de seu carro partindo em alta velocidade, me fez secar as lágrimas e tentar subir pela escada, com certa dificuldade, mas consegui.

   Cheguei lá com a respiração ofegante, bati na porta de Igor e ele mesmo me atendeu.

- Pois não?  -foi educado.

- Aqui está, muito obrigada. -falei tentando sorrir.

- Sempre que precisar, pode pegar, se eu não tiver usando, claro. -sorriu de volta.

- A provavelmente vou precisar, só até ter como comprar. -falei.

- Tudo bem. -disse.

- Então eu vou indo, boa noite. -sorri.

- Boa noite. -desejou e entrou.

   ‘’ Acho que sua mãe conversou com ele ‘’ -pensei rindo.

   Foi estranho ter um Igor tão educado, e nada safado como da primeira vez, mas era bom.

  Entrei em meu apê ,  fui direto para o banheiro, pra tomar um banho demorado e relaxante, não queria ficar sem fazer nada, pra não me dar a chance de pensar em Bob,  mas era inevitável.

   Assim que a água fria começou regar meu corpo, lágrimas foram derramadas junto a ela, doía tê-lo tão longe de mim, doía saber que a amiga que eu amei por tanto tempo, me traira de tal forma. Eu estava sozinha novamente.

   Toda a conversa que tive com Bob, me passou a mente, o  ‘’ Eu te amo‘’ que ele disse, mesmo nesta situação, me pareceu tão sincero.

   Sai do banho, enrolada em uma toalha, me vesti para dormi, apenas uma blusa grande, que mais parecia um vestido, e fiquei de calçinha mesmo.

   Perambulei pela casa, com minhas tradicionais havaianas brancas, cheguei à cozinha, ao abri o amário, notei que não tinha quase nada lá, estava me faltando comida, decidi não comer e planejei no dia seguinte fazer compras.

   Fui até a sala, liguei a televisão e passava o jornal local,  uma moça de cabelos loiros platinado, falando algo sobre o Banco central, desliguei a TV e me deitei. Meu plano de não pensar em Bob falhou gloriosamente, uma lágrima brotou no canto dos meus olhos.

   - A Bob por que fez isso comigo?  Eu te amo tanto. -me lamentei.

   Eu sabia que esse sofrimento era passageiro, mas não tinha como evitar, quando se é traído, você se sente insuficiente, é um destruidor de ego.

   Resolvi sair daquele sofá, e segui para o meu quarto, me deitei na cama e pensei em Amanda, ela sabia muito bem a dor de uma traição, uma vez que eu Já a consolei em um momento como esse, e agora, quem eu tenho pra me ajudar e aconselhar-me?

   Meu celular  tocou, me livrando da minha tortura de pensamentos.

- Will? -atendo.

- Oi, está melhor? -ele perguntou.

-Ele me procurou hoje... -afirmei.

- O idiota?  O queria? -perguntou.

- Reconciliar-se. -afirmei.

- Fizeram as pazes?

- Não.

   Will permaneceu em silêncio ,não entendi bem o motivo, mas resolvi perguntar:

- Está com problemas?

- Meu pai. -respondeu triste.

- O que ele fez?