Sonhos Roubados [Completo]

Capítulo 13

. Acoredei com a décima ligação de Will, eram seis horas da noite.

- Oi. -atendi como se nada estivesse acontecido.

- Salete, o que aconteceu? -perguntou preocupado e irritado.

- Olha Will, eu tive um dia cheio hoje, e acabei dormindo aqui, perdi a hora de voltar. -falei sem jeito.

- Não, você não teve um dia cheio, porque só trabalho até uma hora, EU tive um dia cheio, que tive que me virar aqui, esse maldito telefone que não parou de tocar. Onde foi parar a tua respondabilidade? -ele falou despejando toda sua raiva.

- Foi mal, Will, eu só não estava bem. -disse assustada, não sabia que ele ia pirar assim.

- "Foi mal "? É isso que você me diz? Foi péssimo! Eu Já fiquei sabendo que veio um rapaz te procurar, você não pode misturar sua vida pessoal com trabalho! -falou.

- Já entendi, mas ele não tem nada a ver com isso. Foi o que eu te falei, vim pra cá, estava mal e caí no sono! -me irritei igualmente.

- Ok Ok. Amanhã vá trabalhar e lá conversamos melhor. -disse parecendo mais calmo.

- Ok. -desliguei.

. O sono tinha me feito bem, mas estava com fome, me levantei e fui pra cozinha, preparei apenas um macarrão instantâneo, me sentei a mesa para comer, o interfone tocou tirando meu sossego.

Bob estava lá em baixo querendo falar comigo, errei o permitendo subir. Ele bateu na porta em segundos.

- Se for me investigar novamente, não entre. -falei assim que abri a porta.

- Você só podia ser um pouco mais educada comigo. -ele disse.

- Ok, está certo, mas ainda considere o que eu disse a principio. -falei.

- Posso entrar? -perguntou.

Me afastei um pouco da porta, lhe dando passagem.

- Estou comendo, quer? -perguntei voltando a sentar para comer, sem me importar com sua presença.

- Não, obrigado. Não te encontrei saindo da empresa. -disse.

- Não voltei pra lá. -falei.

- Por que? -perguntou.

- Não interessa. O que quer me dizer? -perguntei.

- Posso? -perguntou.

- Diga.

- Então, Salete. -limpou a garganta. - Eu sei que agir como um perfeito idiota, querendo saber da sua vida, quero muito que me desculpe, eu passei o tempo todo pensando em você, mal consegui trabalhar, portanto até errei de novo indo até o seu trabalho. Eu gosto da sua companhia, se soubesse que odiaria tanto, nem te perguntava sobre o que eu queria saber, em tão pouco tempo eu Já consigo sentir a sua falta. Então, vamos começar tudo de novo?

- Você gravou esse discurso, não foi? -perguntei rindo.

- Quase isso. -ele riu estranhando minha reação.

- Percebi.

- Ainda não me respondeu. -ele falou.

. Pensei por um minuto, Bob era muito legal, eu me sentia à vontade perto dele, e...

- Não sei se posso confiar em você, Bob. Mas sei lá, eu quero começar tudo de novo, desde que não volte a mexer nas minhas coisas. -falei.

- Tudo bem, me desculpe. -ele disse.

. E um silêncio se seguiu, ele apenas me encarava, parecia tímido.

- Vai ficar esse climão mesmo? Vem cá me dê um abraço. -falei largando a comida de lado.

. Ele me abraçou forte, nos conhecemos a pouco tempo, o odiei por um dia, e agora estávamos alí, nos abraçando como dois antigos amigos que foram separados por uma viagem, a vida tem disso, nos surpreender com fatos, as vezes sem explicação.

- Você é bem diferente, sabia? -ele disse.

- Diferente, como? -perguntei.

- Sei lá, só diferente. -sorriu.

- Hum, ok. -falei.

- Canta pra mim? -pediu.

- Sério? -nunca ninguém.me pediu isso.

- Sim. -ele falou

- " Estátuas e cofres e paredes pintadas
Ninguém sabe o que aconteceu
Ela se jogou da janela do quinto andar
Nada é fácil de entender

Dorme agora
É só o vento lá fora

Quero colo! Vou fugir de casa
Posso dormir aqui com vocês?
Estou com medo, tive um pesadelo
Só vou voltar depois das três

Meu filho vai ter nome de santo
Quero o nome mais bonito

É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há..." -cantei de olhos fechados, como sempre fazia.

- Uau, que lindo! Como sabia? -ele perguntou.

- Sabia o que?

- Que a Legião Urbana é minha banda favorita..-sorriu lindo.

- Eu não sabia. -falei o olhando.

- Mas acertou em cheio. -disse.

- Renato Russo foi incrível, sabe que fico imaginando como seria ele aqui, nos dias de hoje. -falei começando meu assunto preferido.

- Nossa, ia ser de mais, fora a revolta dele né, iria gritar mil vezes mais alto "Que país é esse? "! -falou se empolgando.

- A com certeza, com esse mundo de hoje em dia, sabe que tem uma canção dele que eu adoro ? Ele fala tão bonito de amor em Ainda é cedo. -falei da música.

- A você não tem noção, como eu amo essa música! Ele soube tocar o coração das pessoas com suas composições. -falou olhando além de mim.

. Ficamos alí conversando, parecíamos dois adolescente animados, pelo jeito a música também muito o atraía, em especial o rock. Por trás daquela carinha tímida dele, tinha um tagarela, que adorava falar da vida, que tentava o tempo todo ver o lado bom da mesma, um cara que me pareceu triste, mas estava me surpreendendo com seu alto astral.

Bob era um tipo de pessoa que era bom está perto, apesar de tudo ele me distraía, me tirava do mundinho de ficar sofrendo por causa do passado. É, eu curtia sua companhia.