Cheguei em casa , notei que o lençol que forrava minha cama, havia sido trocado.
— C.A.I.O. –falei pausadamente tentando conter a raiva.
O telefonei imediatamente.
— Oi,meu bem. –atendeu sorrindo.
— Não me venha com ‘’meu bem’’. Por que trocou meu lençol? –perguntei grosseira.
— Ah... É que... achei que estava meio sujinho. –gaguejou. E assim eu sabia que estava mentindo.
— O que disse sobre deitar na minha cama? –perguntei séria.
— É que... Ai, me desculpe,não vai acontecer mais. –falou fazendo-me lembrar do tempo de colégio.
— A claro, não vai mesmo! –falei e desliguei o celular.
Ele ligou de volta imediatamente.
— Não fale comigo até minha raiva passar. –atendi. — Ah, e não ouse aparecer aqui.
Desliguei e sentei no sofá,pondo minhas pernas pro ar, com o apoio do encosto. Estava cansada, e o nome ‘’Bob’’ rondava meus pensamentos, era estranho aquilo, um homem que mal falou comigo,ocupava tanto a minha mente.
— AH BOB, QUEM ÉS TU? –gritei rindo. Me levantei para tomar outro banho.
Vesti minha roupa de dormir e deitei na cama, estava lendo a biografia de um cantor renomado, quando de repente, todas as luzes se apagaram.
— Droga! O que houve agora? –me perguntei acendendo a tela do celular.
Fui até a cozinha, espalhei velas acesas por toda a parte e saí.
— Antônio, o que aconteceu? –perguntei ao porteiro.
— Tivemos um problema com a energia, mas já está sendo reparado. –me informou.
— A luz volta ainda hoje? –perguntei encarando-o.
— Provavelmente,sim. –ele disse.
— Obrigada, boa noite. –falei.
— Boa noite, dona Salete. –ele riu.
— Sem ‘’dona’’ , Antônio. –falei fitando-o séria, mas logo sorri.
— Desculpe,Salete. –falou com ênfase o meu nome sem ‘’dona’’.
— Está certo, tchau. –sorri e me retirei.
Assim que entrei de volta ao meu apartamento, notei que duas velas postas na sala, haviam apagado.
— Ai meu Deus! –exclamei assustada e corri para a cozinha. A escuridão me trazia terríveis lembranças.
Treze anos atrás...
‘’ Estava deitada em minha cama, lendo um livro, chorava de emoção com o romance, Matheus entrou subitamente :
— Não chora irmãzinha, é falta de carinho é? –ele perguntou.
— Cale a boca, e saia do meu quarto! –gritei. Como eu odiava quando ele me chamava de irmãzinha!
— Nossa, és doce como dipirona. –debochou da minha grosseria.
— Olha, sai daqui por favor... –falei séria.
— Educadinha, agora gostei. –riu como um vilão de filmes.
— Onde está mamãe? –perguntei.
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Sonhos Roubados [Completo]
Roman d'amourSalete tem um passado traumático,teve sua infância marcada por abusos sexuais constantes. Hoje com vinte e quatro anos tem uma vida sem graça e vazia. Com isso decide procurar seu agressor, para que a justiça seja feita. No meio dessa sua dif...