Detenção de Março

Detenção

ROMANCES MENSAIS

LIVRO III – DETENÇÃO DE MARÇO

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CAPÍTULO II - DETENÇÃO

Meu pai estava furioso. Eu conseguia sentir isso apenas pela respiração pesada e a maneira como batia uma de suas caras canetas contra a mesa de madeira de sua sala. Ele nos observava com seriedade, sem dizer nada há pelo menos quarenta minuto. Era quase como se eles estivesse pensando no que ele deveria fazer conosco depois do estrago que tínhamos feito. 

De certa forma, eu entendia perfeitamente a reação do homem. Nós destruímos o santuário de todos os troféus que Auradon havia conquistado ao longo de sua história na frente de uma entrevista ao vivo com uma emissora importante no país. Além disso, nós poderíamos ter nos machucado na confusão e o estrago ter sido ainda maior.

- Diretor... - Mal é a primeira a tentar quebrar o silêncio, mas tudo que recebe é um olhar severo que a faz se calar. 

O silêncio se torna ainda mais pesado. Eu me sentia culpado e preocupado. Essa era a primeira vez que minhas discussões com Mal haviam ido tão longe. É verdade que nunca nos demos bem. Ela sempre gostou de implicar comigo e depois que comecei a namorar com Audrey, a situação se tornou ainda mais insuportável. 

- Eu estou decepcionado. - Fala meu pai, suspirando enquanto se encosta na cadeira confortável em que está sentado. - De todos os alunos dessa escola que poderiam ter se envolvido em uma briga tão perigosa quanto essa, tinha que ser logo o meu filho e a melhor aluna da escola? 

- Eu sinto muito, pai...

- Eu não quero desculpas, Benjamin! Vocês por acaso têm a noção de como essa inimizades de vocês colocou a vida de diversas pessoas risco? Já imaginaram se aquele vidro tivesse caído em cima de algum aluno ou se o extintor de incêndio atinge alguém? - Questiona o homem, levantando-se. Ele anda de um lado para o outro e ajeita os óculos de armações quadradas de maneira nervosa. - Eu não quero nem pensar nas tragédias que poderiam ter ocorrido por causa da irresponsabilidade de vocês. Não é novidade alguma que vocês estão sempre brigando, mas isso? Isso passou de todos os limites!

- Eu prometo que isso não vai se repetir. - Afirma Mal com nervosismo. Essa provavelmente era a primeira vez dela vendo meu pai tão furioso. 

- Não vai mesmo. - Responde o homem, encarando-me com olhar tão duro que sinto um frio subir em minha espinha. - Eu deveria dar uma suspensão para os dois. Vocês quebraram diversas regras da escola e colocaram a vida de diversos estudantes em perigo.

- O quê? - Questiono, sem acreditar. - Por favor, pai, não faz isso. Se eu for suspenso, não vou poder jogar na Liga Estadual de Hóquei e meu histórico acadêmico ficará manchado. 

- São consequências de seus atos. Eu não posso diminuir sua punição apenas por ser meu filho. Você precisa se responsabilizar por suas atitudes. - Explica meu pai com firmeza. 

- Por favor, diretor Adam. Eu também não posso ser suspensa. Se isso acontecer, eu perco a minha bolsa de estudos. - Implora Mal, levantando-se desesperada da cadeira. - Eu sei que o que fizemos foi terrível e eu sinto muito por isso, mas a suspensão poderia me deixar ainda mais distante de realizar o meu sonho. 

Meu pai suspira e se senta novamente em sua cadeira. Ele massageia as têmporas, provavelmente tendo mais uma de suas crises de enxaqueca. Eu odiava o fato de deixá-lo assim e me odiava ainda mais por ser um idiota que se deixa levar por Audrey. E aqui estou eu decepcionando meus pais mais uma vez.