Detenção de Março

Surpresas

ROMANCES MENSAIS

LIVRO III - DETENÇÃO DE MARÇO

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CAPÍTULO III - SURPRESAS

A música instrumental toca ao fundo. Deslizo para a frente através do gelo na borda interna do patins direito. Mantenho a perna esquerda levantada. Desloco-me em um movimento no sentido anti-horário. Trago o pé livre junto ao pé de patinação e me viro para fora até que fazer um ângulo de 90 graus, perpendicular ao seu pé direito. Concentro-me na posição do meu calcanhar, atenta se ele está apontando para o meio do meu pé patinação.

Coloco o pé esquerdo para baixo sobre o gelo e transfiro o peso para a perna. Levanto meu pé direito e dobrando o joelho da perna esquerda. Transformo meu corpo em linha reta, de acordo com meu pé esquerdo. Deslizo para trás alternando os pés, viajando na borda interna.

Minha treinadora observava a tudo com atenção, gravando cada detalhe do treino. Observo Ron ao lado de sua mãe, assistindo a tudo com uma expressão desolada. E eu me sentia péssima por não ter o meu parceiro ao meu lado, mas eu não poderia parar de treinar. Ron ficará afastado por pelo menos oito meses, segundo o médico, e a competição ocorrerá em seis meses. Isso significava que eu precisava arrumar um parceiro o mais rápido possível e ainda

- Mal, agora faça o Salchow! - Orienta a treinadora Lisa, batendo palmas.

Assinto e levanto a perna direita, flexionando a perna esquerda. Após ter a certeza de que possuo equilíbrio, faço o salto de costas na lâmina interna do patins esquerdo, giro duas vezes no ar e pouso de costas na lâmina externa do patins direito. Repito o processo mais uma vez, insatisfeita com o resultado da primeira tentativa.

Ao fim da música, resolvo descansar um pouco. Eu estava treinando há um bom tempo e já estava sentindo meus joelhos implorarem por uma pausa. Deslizo até a borda de segurança da pista de gelo e sou recebida com aplausos por Ron. Sorrio e reverencio, encenando o fim de uma grande apresentação. Meu parceiro de pista ri e me lança uma piscadela.

A treinadora Lisa faz algumas anotações em seu caderno e depois suspira, dando um sorriso triste ao nos encarar. A mulher então se recompõe e me encara com seriedade. Aquele era o momento de ouvir a avaliação sobre o meu desempenho.

- Muito bem, Mal. Você está se saindo muito bem. Nós vamos ter que treinar os saltos Salchow e o Axel para a próxima competição. O nacional será bastante concorrido e agora não temos um par para você. Até que eu consiga alguém, você deve se tornar a melhor patinadora artística do país. Assim, mesmo que o seu parceiro não seja tão acostumado a dançar com você, pelo menos teremos a técnica e o seu charme para ganhar mais pontos. - Explica a treinadora e eu assinto, entendendo o que ela queria dizer.

- Não se preocupe, treinadora. Eu treinarei ainda mais para me tornar a melhor patinadora. Não importa o quanto eu tenha que me sacrificar, eu não vou perder a competição nacional. - Afirmo e ela sorri, satisfeita.

- Eu tenho certeza de que você vai conseguir. Ninguém vence a sua determinação e teimosia. - Brinca a treinadora, acariciando meu rosto de forma maternal.

- Obrigada, treinadora. - Sorrio, realmente tocada pelo reconhecimento da mulher. Ela corresponde ao sorriso e nega qualquer agradecimento.

- Eu já volto. - Fala a mulher de longos cabelos negros, colocando o caderno e o celular no banco ao lado de Ron, antes de ir em direção ao banheiro.

- Você foi incrível como sempre, Mal. Eu não me canso de ver você patinando. Você realmente nasceu para deslizar e saltar em uma pista de gelo. - Afirma Ron, sorrindo docemente.