Capítulo 1

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Estava sentada na minha cadeira de baloiço, no quarto, a ler, quando bateram à porta.
-Sim?
A porta abre-se  e o meu pai entra. Não tinha dado por ele chegar do almoço com os amigos.
-Ainda estás assim? 
Olho para mim e depois olho para ele.
-Assim como?
-De pijama.
-Sim, ainda não saí daqui hoje e não faço intenção de sair -recosto-me no baloiço.
Ele levanta qualquer coisa na mão direita chamando a minha atenção.
-Nem mesmo ir ver o jogo do Sporting?
-O quê? - fecho o livro e levanto-me do baloiço.
O meu pai começa a encaminhar-se para a porta e antes de sair vira-se.
-Arranja-te, o Francisco vem aqui ter mais a filha para irmos. Eles vêm connosco.
Ele sai e eu corro até ao meu guarda-roupa. Pego na camisola de jogo e numas calças pretas justas. Depois de me vestir, pego nos meus Adidas Stan Smith verdes e calço-os. Por fim, pego no meu lápis de olho preto e faço um risco sobre a pálpebra.  Antes de descer para a sala, pego no meu telemóvel e no meu cachecol.
Assim que chego à sala, encontro-me com os meus pais e a minha irmã. Sento-me no sofá, enquanto vou percorrendo a minha página de Instagram. Pouco depois, a nossa campainha toca. 
-Meninas, vamos. Eles chegaram. 
Despedimo-nos da minha mãe e depois saímos ao encontro do Francisco e da filha.
Cumprimentamo-nos e entramos todos no carro do meu pai, seguindo caminho até ao estádio. 

Quando chegámos, a animação fazia-se sentir. Fomos diretos para a fila para podermos entrar cedo e assistir aos treinos. 
Depois de estarmos lá dentro, todo aquele ambiente gerava em mim uma felicidade, uma paz e uma esperança louca.
Estávamos finalmente sentados. Eu, a Inês e a minha irmã estávamos entretidas a falar quando os guarda-redes do Sporting entraram em campo para treinar. Nós, e todo o estádio, batemos palmas aos três. 
Os três guarda-redes começaram o treino mesmo à nossa frente. Um deles captou a minha atenção mesmo sem saber. Comecei a perder a conversa de tão focada que estava no 81.
Lá um bom fofo tinha...
Estava tão absorta que nem me apercebi que ele se tinha virado para trás. Os nossos olhos cruzaram-se.
Oh meu Deus, ele apercebeu-se de que eu estava a tirar-lhe a pinta.
Nenhum de nós quebrara aquela ligação visual. Ele sorriu-me. E que sorriso... Retribui-lhe o sorriso.
Ele foi o primeiro a desviar o olhar. Virou-se para a frente e continuou o treino.
Depois de estarem aquecidos, os três viraram-se para a bancada e despediram-se com aplausos. O 81 olhou-me uma última vez e depois acabou por sair a correr com os outros dois colegas. 
Depois desta cena, voltei à realidade e dei atenção à Inês e à minha irmã. 

O Sorriso Que Me ParouOnde histórias criam vida. Descubra agora