Capítulo 16

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Eu e a Cams acabámos por adormecer a ver a série, mas o toque do meu telemóvel acorda-me.
Levanto-me rapidamente da cama para tentar atender, mas quando ia a pegar no telemóvel desligam. Pego no telemóvel, e vejo que tenho cinco chamadas não atendidas do Max. Ligo de imediato. Para não acordar a Cams, vou até à varanda e sento-me na minha cadeira de baloiço. O Max atende ao segundo toque.
-Camila? Está tudo bem? Estou farto de te ligar - está preocupado, e com razão.
-Desculpa. Estava a ver uma série com a Cams e acabámos por adormecer. Eu estou bem - tento acalmá-lo. -Max... Aconteceu uma coisa. 
-O que se passa? Os teus pais descobriram? - pergunta aflito.
-Não, não é isso. Achas que consegues vir aqui ter? 
-Ainda estou na academia, não sei a que horas me despacho hoje - segue-se um momento de silêncio, mas depois ouço um suspiro do outro lado da linha. -Vou ver se consigo sair daqui um pouco mais cedo e passo logo por aí. 
-Ok, liga-me quando estiveres à porta. 
-Ok linda. Estás-me a deixar preocupado...
-Não estejas, vai ficar tudo bem. Beijinhos, volta para o trabalho - digo, soando mais feliz.
-Até logo, fofinha - e desliga.
 Depois de terminar a chamada, levanto-me para ir para o quarto de novo, mas um aperto volta a tomar conta de mim. Debruço-me sobre o parapeito da varanda e fico a olhar para o horizonte, enquanto reflito sobre o que está a acontecer. 
Num espaço de dias, conheci a minha paixão. Fui almoçar com ele e acabámos aos beijos na praia. Depois, ele salvou-me no bar e trouxe-me a casa. Passou a noite comigo. Hoje, recebo fotos nossas, sabe-se lá de quem e o porquê de as ter tirado. Sou afastada destes pensamentos, quando a Cams aparece ao meu lado. 
-Então? Que fazes aqui? - pergunta.
-O Max ligou-me. Estava a falar com ele - viro-me para ela. -Vim para aqui para não te acordar.
Ela sai do meu lado para se ir sentar na minha cadeira de baloiço. Eu ponho-me de lado, ainda encostada ao parapeito. 
-E o que é que ele disse? 
-Ainda não lhe contei. Ele vai passar por aqui depois de vir da academia. 
A Cams está pensativa, mas depois volta a olhar para mim. 
-Foi o melhor. Acho que é um assunto que vocês têm de falar pessoalmente - por um momento ela fica calada, mas depois volta a falar. -Vai-se tudo resolver. Ele vai saber ajudar-te a lidar com esta situação. 
-Espero que sim... -digo desanimada. 
O telemóvel da Cams toca, sinalizando uma nova mensagem. 
-Olha, vou ter de ir. Credo não sabia que já era tão tarde.
-Queres que o meu pai ou a minha mãe te levem? 
Ela levanta-se e seguimos juntas para dentro do quarto de novo. Ela começa a pegar na mala e no casaco, antes de se virar para mim. 
-Não, não é preciso. Não é assim tão longe que não possa ir a pé - avança até junto de mim e dá-me um abraço. -Boa sorte amiga. Assim que souberes de novidades, manda-me mensagem ou liga-me.
Eu aceno e levo-a à porta. 
-Adeus dona Vera, adeus senhor Manuel - despede-se dos meus pais.
-Então, não ficas para jantar? - pergunta a minha mãe.
-Não, hoje não posso. Fica para outro dia. 
-Claro. Adeus, querida. 
-Espera aí, eu levo-te - diz o meu pai levantando-se do sofá.
-Não, não é preciso. Eu vou a pé a sério - apressa a Cams. -Não se preocupem. 
-A sério? Não me importo nada de te levar. 
-Obrigada na mesma, mas não é necessário. 
-Pronto - o meu pai volta a sentar-se.
Vou com a Cams até lá fora e despeço-me dela outra vez.
Assim que a deixo de ver, volto para dentro de casa, seguindo para o meu quarto. Para não voltar a pensar naquilo, decido pôr música e estudar um pouco, só parando para ir jantar. 
Depois de jantar, volto para o estudo, mas sou interrompida por uma mensagem nova.
"Estou aqui em baixo."
Guardo o telemóvel no bolso detrás das calças e desço.
Porra...
Os meus pais ainda estão acordados. Pensa Camila, pensa.
O pátio das traseiras! 
Vou até à cozinha, e tiro um copo de água só para disfarçar. Depois, passo pelas portas grandes de vidro e saio para o pátio dando voltas à casa para ir até ao portão da frente.
Quando lá chego, o Max estava encostado à porta do lado do passageiro de braços e pernas cruzadas. Estava com umas calças de fato de treino e um polo do Sporting. Estava lindo de morrer...
Respiro fundo e engulo em seco, indo para junto dele. 
Assim que me acerco dele, ele puxa-me para dentro de um abraço. Ele cheira divinalmente. Encosto a cabeça ao seu peito e inspiro o seu cheiro, para nunca mais o esquecer. Ele aperta-me ainda mais entre os seus braços e dá-me um beijo no alto da cabeça. Sem perceber porquê, ali sinto-me segura e dou por mim a desejar que aquele momento nunca mais acabe. Pensei cedo demais... O Max já me está a afastar um pouco para me olhar. 
-Então, agora já me vais contar o que se passa? 
Ele está com uma expressão preocupada.
Querendo acabar com aquele suspense todo, tiro uma das minhas mãos do seu tronco e pego no meu telemóvel. Desbloqueio-o, abro a conversa pela terceira vez hoje e entrego-lhe o telemóvel. O Max pega nele com uma mão, mantendo a outra a segurar o meu corpo contra o seu. Tento perceber aquilo que ele está a pensar, mas não consigo. Ele está com um rosto inexpressivo. Só me resta esperar.
-Não há nem uma mensagem? - pergunta, não tirando os olhos do meu telemóvel.
-Não... 
Ele bloqueia o telemóvel e entrega-mo de novo, voltando a colocar a sua mão junta à outra. Esperava que ele dissesse alguma coisa, mas continua calado. 
-E agora, Max? - pergunto acabando com aquele silêncio.
-Não sei, tenho de pensar. 
A sério que ele só vai dizer aquilo? 
-Mas desconfias de alguém? - um certo alarmismo faz-se notar no meu tom de voz.
-Sei lá, Camila... Provavelmente foi algum jornalista para fazer notícia. Não sei - encolhe os ombros. 
-Achas mesmo que um jornalista se dava a tanto trabalho a seguir-nos? 
-Talvez? Não sei. 
Ele já me estava a irritar com tanta incerteza. Empurro o peito dele para me afastar dele, precisava de espaço. Ele tenta apanhar o meu braço, mas eu desvio-me. Viro-me de costas para ele e levanto o olhar para o céu escuro. 
-Camila, - chama - vá lá. Eu vou resolver isto. - viro-me para olhar para ele, mas volto-me para a frente logo de seguida. -Eu prometo. 
Sem dar por ele se mexer, sinto as suas mãos rodearem a minha cintura e um corpo forte a encostar-se ao meu. O meu corpo reage logo ao seu toque, com um arrepio. Ele apercebeu-se, consegui ouvir o seu risinho vitorioso. A sua boca estava junto ao meu ouvido.
-Confia em mim. Eu vou resolver isto e saber quem é que nos seguiu. 
O Max, não perde tempo e desce a sua boca até ao meu pescoço largando um caminho de beijos até ao meu ombro. Era inevitável, eu não lhe conseguia resistir. Involuntariamente, a minha cabeça desvia-se um pouco mais para o lado, dando-lhe acesso total ao meu pescoço. Com a sua mão, o Max desvia uns cabelos que ainda ali estavam, despindo o meu pescoço. Os seus lábios no meu pescoço pareciam fogo, e a sua barba fazia cócegas. Lentamente, viro-me nos seus braços ficando de frente para ele. O Max continuou a sua demonstração de carinho, sem parar. Agora ia subindo do meu ombro ao pescoço, passando para a minha bochecha e acabando com um beijo nos meus lábios. Desta vez, o beijo era diferente. Era como que um pedido de desculpas. Mas porquê? Ele não tinha culpa. Depois passou de um beijo meigo, para algo mais feroz. Como se suplicasse algo.
-Estive o dia todo a desejar isto - diz, voltando a beijar-me.
As minhas mãos voam para o cabelo do Max, brincando com ele. Ainda tem o cabelo molhado do banho. Vou puxando-o suavemente e o Max geme de satisfação. As suas mãos nas minhas ancas vão fazendo pressão, enquanto me puxa mais para si. Separo as nossas bocas e desta vez sou eu que faço uma curta viagem pelo seu pescoço. Devido ao polo não podia avançar para muito mais, mas ainda assim abro o botão e afasto um pouco a gola para poder ter um pouco mais de acesso. As minhas mãos começam a descer pelas suas costas até ao seu rabo, parando exatamente ali. 
Assim que o Max se apercebe, interrompe todo aquele momento afastando-me um pouco de si. Fico desiludida e ele apercebe-se disso, por isso justificasse logo.
-Se continuarmos a fazer isto aqui, vamos chamar a atenção dos teus vizinhos, e como já te disse vamos com calma - sorri. 
Ele percebe que não fiquei muito satisfeita. Volta a puxar-me para um abraço e volta a falar:
-É melhor ires andando, está a ficar tarde. Ambos temos de descansar. 
Eu aceno afirmativamente e olho-o nos olhos. Ele desce a sua boca, colando-a à minha, e dá-me um beijo lento e demorado. Pondo fim ao beijo, dá um beijinho na ponta do nariz e cola a sua testa à minha e fita-me.
-Até amanhã, anjo.
-Até amanhã. 
A muito custo, separo-me dele e começo a seguir para a parte de trás da casa. Antes de desaparecer, olho uma última vez para trás. Ele não se mexeu. Sorri-me e pisca-me o olho. Eu sorrio-lhe em resposta e sigo caminho para casa. 

O Sorriso Que Me ParouOnde histórias criam vida. Descubra agora