Capítulo 17

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Depois daquele mini-encontro com o Max, voltei logo para o quarto. Felizmente, os meus pais não me apanharam. Voltei a sentar-me à secretária, mas desta vez não foi para estudar. Estava um pouco mais relaxada, agora que tinha falado com o Max. Começo a arrumar os meus livros e os meus cadernos para depois ligar à Cams e contar-lhe tudo. 
Assim que marco o número dela, ela atende ao primeiro toque.
-Conta-me tudo! Arranjaram alguma solução? Estás mais calma? - começa a atirar várias perguntas.
-Respira Cams!! - rio-me. -Sim, estou mais calma. Não foi bem uma solução, mas o Max disse que ia tentar resolver isso. 
-Ai que bom - suspira, como se tivesse a suster a respiração. -E ele também não desconfia de ninguém?
-Não... Quer dizer, ele ainda falou nos jornalistas, mas eu não sei se um jornalista se dava a tanto trabalho. 
-Pois... Pode ser possível. Pensa comigo, o Max é bastante reconhecido e está a começar a vingar no futebol. Ontem foi apanhado num bar, atrelado a uma rapariga linda e bêbeda, que levou para casa. Os jornalistas não sabem se era tua ou dele. 
Depois de ouvir aquela teoria, a ideia de ser  um jornalista até fazia sentido. Mas ainda não me convencia por completo.
-Então e... - aclara a garganta - Vocês só falaram disso? 
Ela estava mortinha por perguntar aquilo. Parece que consigo ver o seu sorriso curioso à minha frente. 
-Sim, falámos só disso - fico em silêncio por um momento. -Mas depois tivemos um sessão de make out de arrepiar. 
As duas começamos a rir ao telemóvel bastante divertidas.
-Eu sabia que não podia ter sido apenas uma simples conversa... 
Ela tem razão. Existe uma grande química entre nós e uma tensão enorme, mas será que ele também sente isso? Ou serei só eu e a minha imaginação? Não quero viver uma mentira, não quero viver uma imaginação. 
-Cammy? Estás aí?
Perdida nos meus pensamentos, esqueci-me que ainda estava em chamada com a Cams. 
-Sim, desculpa... Estavas a dizer alguma coisa?
-Estava a dizer que ia deitar-me. Já é tarde, e estou cansada. 
-Ah, sim sim. Vai lá então. Amanhã falamos. Beijinhos, mana!
-Beijinhos, mana! - e desliga. 
Deixo o telemóvel de lado e vou preparar-me para me ir deitar. Visto o pijama e lavo os dentes, enfiando-me na cama de seguida. 
Estava pronta para a adormecer, mas o meu telemóvel dá sinal de uma nova mensagem, claramente do Max. 
"A minha flor já dorme?"
"Estava a preparar-me para isso. E tu?"
"Acabei de me deitar agora. Estás mais calma?"
"Sim, estou um pouco mais calma. Obrigada."
"Não me agradeças... Fui eu que te meti nesta situação."
A sério? A sério que ele se vai culpar por isto? Fico a olhar para a mensagem a pensar naquilo que vou escrever, mas depois tenho uma ideia melhor. Abro a lista de contatos e procuro pelo dele, ligando logo de seguida. O Max atende no mesmo instante, como se estivesse à espera. Ele ia começar a falar, mas não lhe dou hipótese. 
-Tu não tens culpa disto, percebeste? - atiro. -Se formos a ver bem a culpa disto é minha. Tu só me fostes ajudar, e não podias adivinhar. Não te culpes, ok? Isso não ajuda, Max. E eu vou repetir as vezes que forem necessárias até perceberes que não tens culpa, estás-me a ouvir?
-Eu adoro ouvir-te - ri-se. 
-Max - solto um risinho tímido. - a questão não era essa. 
-Eu sei. Obrigada, linda - suspira. -Quem me dera estar aí contigo. 
Ao ouvir aquilo, algo se acendeu no meu corpo. O Max consegue fazer-me sentir uma coisa num minuto, e no minuto a seguir outra.
Deus, ele dá cabo de mim!
-E eu queria que tu estivesses aqui...
Não obtenho resposta. Estranho. Desencosto o telemóvel da cara para ver se a chamada tinha caído, mas não. 
-Max? Estás aí? 
-Ah sim... Camila, eu já te ligo. Não durmas, ok? 
-Ok - digo, estranhando. -Está tudo bem?
-Sim, até já - despacha-me. 
Sem me dar tempo, desliga a chamada. 
Que será que se passou?
Oh meu Deus...
Será que ele estava com outra?
Todas as minhas inseguranças vieram ao de cima. Céus, e se ele estiver mesmo com outra? Que dizer, isso não fazia sentido, porque já estávamos a falar. Se calhar chegou naquele momento. Ai, que idiota que sou! Deixo-me cair para trás contra as almofadas, rogando pragas para o ar. Ainda assim, decido esperar que ele me ligue para ver que desculpa é que ele arranja.
Passaram-se dez, quinze minutos e nada. Estava a morrer de sono já. Levanto-me da cama e começo a andar de um lado para o outro no quarto. Já estava a ficar tonta, então, vou até à varanda para apanhar ar fresco. Com o telemóvel preso na mão, sento-me na minha cadeira de baloiço a olhar para o céu escuro. Esta noite, o céu estava repleto de estrelas. Puxo os joelhos para cima, encostando-os ao peito, enquanto espero pela chamada. 
Estava prestes a fechar os olhos, quando o meu telemóvel começa a vibrar, pregando-me um susto. Ao endireitar-me na cadeira o mais rápido possível, que não parava de abanar,  quase que caio ao chão. Felizmente, equilibro-me. Virando o ecrã do telemóvel para mim, com as mãos a tremer, atendo a chamada do Max.
-Estou? 
-Abre a porta. 
Fico a olhar para o nada à minha frente, com cara de quem não percebeu nada.
-O quê?
-Camila, abre a porta da tua casa. Estou aqui em baixo. 
Espantada e sem saber o que dizer, corro de volta para dentro do quarto, calço-me e vou até lá a baixo. Tento fazer o mínimo barulho para não acordar ninguém. Assim que abro a porta, dou de caras com o Max. Eu atiro-me num abraço para ele, e ele apanha-me prendendo-me contra sim. Eu escondo a minha cara no seu pescoço inalando o seu odor, enquanto ele vai entrando dentro de casa. Começo a deslizar pelo seu corpo, para chegar ao chão. Antes de me voltar de novo para ele, fecho a porta de casa. Sorrio e ele puxa-me pela cintura contra si, dando-me um beijo.
Tenho de pensar seriamente em arranjar um escadote para quando quiser beijar este moço.
Quando interrompemos o beijo, afasto-me um pouco para olhar para a sua cara.
-O que é que fazes aqui? - sussurro. 
-Então, tu querias estar comigo, eu queria estar contigo. Por isso, decidi vir até aqui. 
Sorrio.
-Tu és doido - aproximo-me dele para lhe dar um beijo. 
Porém, não tenho tempo. 
-Camila? - chamam-me. 
Olho para as escadas, assim como o Max, e ali estava a minha mãe no meio das escadas a olhar para nós dois.
Estou feita. 

O Sorriso Que Me ParouOnde histórias criam vida. Descubra agora