Capítulo 18

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Assim que nos apercebemos que a minha mãe estava ali, afastamo-nos um do outro. Naquele momento, não sabia bem o que esperar. Não conseguia perceber se a minha mãe estava zangada, se outra coisa qualquer. Ela começa a descer as restantes escadas e para mais junto de nós, começando por observar o Max de alto a baixo. Depois, vira-se para mim.
-O que raio se está a passar aqui? O que é que ele está aqui a fazer? 
Eu fico a olhar para ela tentando falar, mas a voz trai-me e não consigo dizer nada. O Max aclara a garganta para começar a falar, chamando a atenção de nós duas. 
-Boa noite, senhora Oliveira. Peço imensas desculpas por estar a estas horas em sua casa, mas... - a minha mãe levanta a mão interrompendo-o e faz nos sinal para a seguirmos até à cozinha.
-Estamos feitos? - pergunta.
-É possível... - respondo. 
Ao se aperceber que não a estávamos a seguir, vira-se para trás olhando para nós.
-Vão ficar aí durante quanto tempo?
Começamos a andar em direção à cozinha, naquele exato momento. Eu e o Max seguimos para a mesa, e sentamo-nos, enquanto a minha mãe pega num copo para beber água. Encosta-se à bancada de frente para nós, observando-nos. Nem eu, nem o Max nos atrevemos a olhar para ela, como se fossemos duas crianças que tivessem acabado de fazer a maior asneira de sempre.
-Então, qual dos dois é que me vai contar o que se estava a passar?
Estava pronta para olhar para a minha mãe e contar-lhe o que ela tinha visto, mas o Max antecipou-se. 
-Não íamos fazer nada de mal. Eu tenho um enorme respeito pela sua filha. Sou o Luís Maximiano, como já deve saber. Eu e a sua filha temo-nos encontrado nestes últimos dias, para nos conhecermos, e acredite que eu tenho estado a adorar conhecer a pessoa fantástica que ela é. Hoje era-me impossível encontrar-me com ela mais cedo, porque tive treino o dia todo - ele para de falar, enquanto olha para mim e me pega na mão. -Estávamos a falar, e ela disse-me que estava com saudades minhas. E para falar a verdade, eu também estava cheio de saudades dela. Então decidi vir até aqui, só para a ver. 
A minha mãe estava em silêncio a olhar para ele, com o seu ar de mãe galinha, enquanto o ouvia atentamente. Não estava à espera que o Max reagisse assim. Pensei que ia ficar calado, enquanto eu tomava conta da situação, mas não... Ele teve a coragem de contar tudo à minha mãe. 
-Então - começa a minha mãe -vocês estão juntos? 
-É mais ou menos isso - digo eu. -Estamos a conhecer-nos e ver no que isto vai dar.
A minha mãe deixa o copo no lava-louça e vem sentar-se à nossa frente. 
-Tiveste muito sorte em ter sido eu a descer... Se fosse o teu pai, ele não estava aqui de certeza - ri-se. - Mas foi realmente muito arriscado teres vindo aqui a estas horas - diz, olhando para o Max. 
-Estava pronto para enfrentar qualquer risco para vir ver a sua filha. 
Ok, não aguento isto. O Max é um amor. O que é que eu fiz para o merecer? 
-Estou a ver... - a minha mãe vira-se para mim. -Porque é que não nos contaste? 
-Não sei... Acho que foi porque ainda não acreditava de que isto fosse verdade - olho para o Max. -Mas acho que finalmente percebi que isto não é um sonho. Desculpa mãe. 
-Sim, nós pedimos desculpa. Não vai voltar a acontecer - apressa-se o Max a dizer. 
A minha mãe levanta-se, arrumando a cadeira, e olha para nós de novo.
-Eu espero que tudo o que disseste seja verdade - diz, olhando para o Max. -Porque se te atreves a magoar a minha filha, vais ter de te a ver comigo. 
O Max engole em seco, ao ouvir a minha mãe. Teve uma certa piada, ver o grandalhão sentir-se intimidado.
-Não está nos meus planos magoar a sua filha. 
-Assim espero.
A minha mãe coloca o seu sorriso vitorioso e começa a andar para a porta da cozinha, mas antes de desaparecer, vira-se para nós.
-Luís Maximiano? É melhor ir para os seus aposentos. Está a ficar tarde.
O Max levanta-se de imediato e concorda com a minha mãe. A minha mãe segue caminho para o andar de cima, deixando-nos sozinhos. O Max vira-se para mim e abraça-me.
-Acho que correu bem - diz.
-Tiveste sorte, foi o que foi. Ela já sabia que nós falávamos. Mas admite lá, ela meteu-te medo? - pergunto a sorrir. 
-O quê? Achas? - ele olha-me e percebe que não estou a acreditar. -Ok, talvez um bocadinho. 
Solto uma gargalhada e abraço-o. Ele dá-me um beijo no alto da cabeça e depois afasta-me. 
-Bem, tenho de ir andando.
-Wow, desculpa? Vais-te mesmo embora? - digo estupefacta. 
Ele acena afirmativamente como se o que lhe tivesse perguntado não fosse normal. 
-Estás a brincar? Ela assustou-te mesmo. 
-É uma questão de respeito pelos teus pais. 
-Não te lembraste disso quando estavas a vir para cá. 
O Max volta a aproximar-me de mim e dá-me um beijo carinhoso nos lábios. 
-Levas-me à porta ou não? 
Avanço com ele até à porta da rua. 
-Dorme bem linda - dá-me um beijo na testa.
-Dormia melhor contigo ao meu lado... 
Sei que estou a parecer uma menina de quatro anos a fazer uma birra, mas sinceramente não me importo. Queria que ele ficasse, mas ele vai-se mesmo embora.
-Amanhã falamos sim? 
Eu aceno com a cabeça. 
-Vais-me dar um beijo de despedida? 
Não querendo desperdiçar um dos seus beijos, ponho-me em bicos de pés e passo os meus braços pelos seus ombros. Encosto os meus lábios aos seus e despeço-me como deve ser dele. 
-Até amanhã - digo. 
-Até amanhã, linda. 
Ele começa a afastar-se e eu espero à porta até ele entrar no carro. O Max liga o carro e antes de se pôr em marcha, baixa o vidro do lado do passageiro e despede-se mais uma vez de mim, saindo depois.
Fecho a porta e subo as escadas para ir para o meu quarto. Dispo o robe e entro finalmente na cama, desta vez para dormir profundamente, o que não me leva muito tempo. 

O Sorriso Que Me ParouOnde histórias criam vida. Descubra agora