Capítulo 3

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Nem acredito que ele está aqui! Fecho os olhos e volto a abrir um par de vezes para ver se era real. Sim, é mesmo! Ele está mesmo aqui. O Luís Maximiano, o meu 81, está aqui.
-Não vais gritar mais? - diz com ar trocista. 
Abano a cabeça. Ele tira a mão que me tapava a boca e sorri.
-Olá! - diz abrindo mais o sorriso. 
Continuo encostada à parede, a olhar sem conseguir assimilar o que está a acontecer. Tento formar uma resposta, mas não consigo. Ele apercebe-se disso e ri-se.
-O gato comeu-te a língua? 
Volto a abanar a cabeça. 
Naquele momento, tive a oportunidade de olhar melhor para ele. Ele era realmente lindo, e emanava um ar sensual de fazer cair para o lado. Normalmente, não sou muito de gostar de homens com barba, mas posso afirmar que gosto especialmente desta. Os seus olhos eram de um castanho-escuro profundo. Por momentos perco-me neles, mas volto à realidade quando ouço o meu telemóvel tocar. Levanto o telemóvel entre nós e vejo o nome do meu pai a piscar no ecrã. Oh meu Deus! Esqueci-me de que eles estavam à minha espera. Atendo de imediato o meu pai. 
-Sim, pai? - tento soar normal. 
-Onde te meteste? 
Boa, agora o que é que lhe vou dizer? 
-Ah... Eu... - ótimo, está a correr bem. -Perdi-me. Ando aqui às voltas no parque à procura do carro - sinto o Luís a observar-me, enquanto sorri e lanço-lhe um olhar fulminante. -Estava no -1 não era? 
-Não, Camila. No -2. Do lado oposto à saída. Vá, despacha-te. 
O meu pai desliga a chamada e eu guardo o telemóvel no bolso detrás das calças. 
Volto a olhar para o Luís e não me tinha apercebido de que estávamos tão próximos. Ele volta a sorrir. Juro que se aquele sorriso não me derretesse tanto, já estaria a irritar-me.
-Perdida no parque de estacionamento. Boa desculpa. - como ele vê que não digo nada, volta a falar. -Sou o Maximiano, mas todos me tratam por Max. 
-Eu sei muito bem quem tu és. 
-Olha, ela fala - diz com gozo. 
Reviro os olhos. 
-Mas que raio é que te deu? Pregaste-me um susto de morte. 
-Não, não preguei... pelo menos de morte - ri-se. -Tens nome?
-Sou a Camila. 
-Hmm, nome pouco comum. Gosto - pisca-me o olho. 
Oh Deus me ajude... Este homem é mesmo sexy. 
-Porque é que estás aqui? 
-Posso te fazer a mesma pergunta - riposta ele.
Respiro fundo e volto a revirar os olhos. 
-Vim ao carro buscar uma coisa ao meu pai. Agora tu. O que fazes aqui? 
-É uma pergunto um bocado fácil não? Isto é um parque de estacionamento, onde há carros. Eu tive jogo hoje. Logo tive de deixar o carro em algum lugar não?
Fico a olhar para ele sem saber o que dizer, porque não sei mesmo o que dizer.
-Coincidência ou destino? 
-O quê? - fico a olhar para ele sem perceber. 
-Cruzarmo-nos aqui. 
-Coincidência. Não acredito nessa coisa do destino - digo. - Porque é que me puxaste para aqui? 
-Não sei - encolhe os ombros. 
Olho perplexa para ele. 
-Como assim não sabes? Costumas puxar muitas miúdas no parque de estacionamento?
-Não, só as que me chamam à atenção. 
Ia responder, mas fico embaraçada. Baixo o olhar para o chão e fito-o. 
O Max recua um pouco para conseguir pegar no telemóvel sem me tocar, e nesse momento esquivo-me para fugir e fazer o que tinha de fazer no momento.
Ainda o ouço a gritar o meu nome, mas as minhas pernas continuam a correr em direção ao carro. 
Assim que chego perto do carro, destranco-o e debruço-me para apanhar a carteira do meu pai. Quando volto a fechar a porta e a trancar o carro, penso numa maneira de não me cruzar com o Max, por isso decido apanhar outro elevador mais ali à frente. 
Dou meia volto para seguir caminho, mas quando me viro para trás bato contra um peito forte.
Porra... 
Olho para cima e vejo um sorriso malicioso na cara do Max.
-Estavas a fugir de mim? 
-Eu? - rio-me nervosamente. -Claro que não. 
-Mentes um bocadinho mal, já te disseram?
Agora sinto-me mal. 
-Desculpa...
-Porque é que fugiste? Achaste que te ia fazer mal?
-Não, eu simplesmente tenho o meu pai à minha espera. Não posso demorar.
-Ok, eu compreendo isso, mas eu só te ia pedir uma coisa. 
-A mim? Não sei o que é que me podes pedir. E não te estás a arriscar um bocado? Não tarda muito e todo aquele pessoal vai te ver e correr na tua direção. 
-Se estás assim tão preocupada, deixa-me falar e eu posso sair daqui sem ninguém me ver - faz uma pausa, e depois continua. -Se bem que até estou a gostar de estar aqui contigo. 
Oh não... Lá vem aquele maldito sorriso outra vez. Ele volta a pegar no telemóvel dele, desta vez sem despregar olho de mim, o que me deixa nervosa, e depois entrega-mo. Fico meio parva a olhar para ele sem entender o que é que ele quer. 
-Dá-me o teu número. 
-O QUÊ?! - digo espantada.
-Sim, dá-me o teu número. Tu tens de ir embora e eu gostava imenso de falar contigo. Por isso, se me deres o teu número posso falar contigo depois. 
-Mas o que é.... - tento contestar, mas ele para-me.
-Camila... - o meu nome sai da sua boca com um tom de aviso. 
O que é que eu faço? Não lhe posso dar assim o meu número. Mas, realmente, o que é que poderia acontecer de mal? Digito o meu número rápido e entrego-lhe o telemóvel.
-Pronto, agora tenho de me ir embora. 
Ele desvia-se para o lado dando-me passagem, mas não sem antes de me presentear com um daqueles sorrisos vitoriosos.
Idiota...
Corro em direção aos elevadores, e, por sorte, estava um mesmo à espera. Entro nele e carrego para subir. 
Assim que as portas se fecham, encosto-me a uma parede e rebobino aquele momento sem acreditar que aconteceu mesmo.
Que raio de cena me foi acontecer...

O Sorriso Que Me ParouOnde histórias criam vida. Descubra agora