Capítulo 15

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Acordo com uma dor de cabeça do tamanho do mundo. Pouco a pouco, vou-me lembrando de tudo o que aconteceu na noite passada. A última memória que tenho é a do Max a deitar-se ao meu lado. Porém, as memórias que teimam em permanecer são as de antes desse momento.
Oh meu Deus... Que vergonha! Como é que o vou encarar agora?
Decido não ficar a matutar nisso e tomar um bom banho a ver se me livro desta dor de cabeça horrível.
Estava no banho a ouvir a minha música preferida dos Lawson, quando de repente recebo uma mensagem que, sinceramente, já previa de quem fosse. Parei um bocadinho o banho para ver o que era:
"Bom dia flor do dia! Aposto que estás com uma dor de cabeça enorme depois da noite de ontem. Fui-me embora cedo para não me cruzar com os teus pais, e estavas a dormir que nem um anjo, por isso não te quis acordar. Beijos grandes tem um bom dia.
P.S.: Adorei dormir contigo, espero que se repita."
Depois de ler aquela mensagem, um sorriso enorme cresce-me nos lábios. Volto a pousar o telemóvel e acabo o meu banho. 
Depois de um banho tomado, vou até à cozinha para tomar o pequeno almoço. Preparo uns cereais e sento-me à mesa. Enquanto como digito uma resposta ao Max.
"Bom dia! Dor de cabeça atenuada. Obrigada por me teres trazido a casa. Preferia que tivesses ficado, e acordar contigo ao meu lado, mas enfim... Desculpa por toda aquela cena de ontem. Eu juro que não costumo abusar na bebida. Beijinhos." 
Em poucos segundos recebo a sua resposta. 
"Foi um prazer. Vou agora para o treino, quando estiver despachado mando-te mensagem. Estou cheio de saudades tuas. Beijinhos."
Será possível que cada mensagem dele me ponha com um sorriso na cara? 
Deixo o telemóvel de lado e começo a arrumar a louça do pequeno-almoço.  Depois começo a aperceber-me que estou sozinha. Mas ainda está tudo a dormir?  Olho para o relógio na parede da cozinha e verifico que ainda são apenas oito e meia da manhã.
Meu Deus, ainda é tão cedo!!
Decido voltar para o quarto e deitar-me um pouco mais.
Tento dormir um pouco mais, mas só consigo andar às voltas na cama. Acabo por desistir de tentar dormir e ligo a televisão. Estava a correr os canais, parando por fim na FoxLife onde estava a dar um daqueles filmes de romance cliché. De repente, o meu telemóvel volta a tocar. Pego nele e vejo uma mensagem da Cams.
"Bom dia mana! Então, como foi a noite?"
Já estava a estranhar não ter recebido uma mensagem dela. 
"Bom dia! Foi uma noite, hm... amorosa. E se viesses passar a tarde comigo aqui a casa e eu conto-te tudo?"
"Mais que combinado! Quando estiver despachada do almoço de família vou logo ter contigo. Até logo!"
Depois de ver a resposta dela, volto a pousar o telemóvel na mesinha de cabeceira, voltando a prestar atenção ao filme. Porém, a minha mente parece querer ir para outros lados. Aquele momento com o Max desde que chegámos a casa até adormecer no seu peito, não me sai da cabeça. Sempre que fecho os olhos é como se revivesse aquele momento, como se o sentisse junto de mim. 
Os meus pensamentos são interrompidos, quando alguém bate à porta. A minha mãe entra no quarto e sorri-me. 
-Bom dia, filha. Vim só ver se já estavas acordada. 
-Bom dia, mãe. Sim, acordei à pouco. 
-Deixámo-nos dormir hoje. Já nem vamos tomar o pequeno almoço. Vou começar a tratar do almoço, quando estiver pronto eu chamo-te. 
-Ok, obrigada, mãe.
Ela sai e eu volto a ficar sozinha. 
Estava finalmente focada no filme, quando começo a receber várias mensagens no meu telemóvel. Por estranhar, pego no telemóvel para ver o que se passava. Era de um número desconhecido. Normalmente, não costumo dar importância a coisas que venham de números não identificados, mas desta vez abro a mensagem. Mas nesse exato momento, apercebo-me da asneira que fiz. 
Eram várias fotos. Fotos minhas e do Max, na noite passada. Começo a passar uma por uma e um certo pânico começa a crescer dentro de mim. Mas que raio será isto? Havia fotos onde eu estava agarrada ao Max a dar-lhe beijos na cara, outras em que estava ao seu colo a sair do bar e uma à porta de minha casa. Depois de ver as fotos, vejo se há alguma mensagem escrita, mas nada. São apenas as fotos. Quem é que iria fazer isto? 
Hello? Ele é famoso, estás à espera de não passar despercebido? 
Desligo a vozinha dentro de mim, e decido ligar para o Max o mais rápido possível. Infelizmente, vai parar ao voicemail. Só depois me lembro que ele está nos treinos.
-Quer nervos! 
Pouso o telemóvel, frustrada, e começo a andar às voltas no quarto a pensar no que raio vou fazer. Tão embrenhada que estava nos pensamentos, nem me apercebo de que a minha irmã estava à porta. Ao vê-la dou um grito de susto. 
-Assustaste-me! 
-Desculpa, a mãe disse-me para te vir chamar para almoçar. Que é que tens? Parece que viste um fantasma. 
-Não é nada. Vamos lá almoçar. 
Respiro fundo e tento acalmar-me para os meus pais não perceberem nada. Desço com a minha irmã para a sala de jantar e sento-me no meu lugar para almoçar.

Depois do almoço, voltei de imediato para o meu quarto. Mando uma mensagem à Cams a dizer que podia vir quando quisesse, que eu já estava despachada, à qual ela me respondeu logo de seguida que estava quase despachada. 
O Max ainda não me ligou de volta. Suponho que ainda esteja no treino. Precisava de ouvir a sua voz para me acalmar, precisava de o ouvir dizer que isto não era nada, para não me importar. Mas continua preocupada com estas fotografias. Céus, é esta a paga por gostar de alguém famoso? É que não sei se vou aguentar isto. As fotografias do bar nem são as que me preocupam mais, até porque qualquer pessoa poderia ter tirado estas fotos por ele ser quem é, mas a última, aquela em que estamos à porta de minha casa é a que me deixa mais preocupada. Alguém se deu a muito trabalho para isto. 
Estava prestes a ter um ataque de nervosismo, quando a minha melhor amiga entra pela porta do meu quarto a dentro. 
-Olá mana! - diz toda sorridente, porém o seu sorriso morre quando vê o meu estado. -O que é que se passa? Porque é que estás com essa cara?
Abro a conversa do número desconhecido e mostro-lhe as fotografias que me enviaram. Ela começa a observá-las e fica tão espantada quanto eu. 
-Já falaste com ele? - pergunta-me. 
-Não, eu tentei ligar-lhe mas ele está no treino. 
-Não sei muito bem que te diga - diz, entregando-me o telemóvel. -Quer dizer, se fossem só as fotos do bar dizia para não te preocupares, mas a foto tirada à tua porta... É um bocado estranho. 
-Exato! Não percebo quem se daria a tanto trabalho ao ponto de nos ter seguido até aqui. 
-Nem houve nenhuma mensagem escrita? Nada que te fizesse desconfiar de alguém? - pergunta. 
Abano a cabeça. 
-Eu estava completamente fora de mim ontem. Não reparei em ninguém e não desconfio de ninguém. 
Ela suspira. 
-Nós vamos arranjar solução para isto. Não te mates a pensar nisso agora. Espera até falares com ele. 
-Não sei se consigo... 
-Claro que consegues. Eu estou aqui, e acho que tens algumas coisas para me contar - sorri.
Levanto-me da minha cadeira e sento-me de frente para ela no meio da cama e começo a contar-lhe o que aconteceu ontem à noite.
-Não aconteceu nada do que estás para aí a pensar. Houve só uma curta sessão de beijos escaldantes, mas não passou daí. Aliás, ele nem era para passar aqui a noite. Eu é que insisti - sorrio ao lembrar-me.
-Oh meu Deus! E os teus pais?
-Eles não sabem. O Max saiu bem cedo para não se cruzar com eles e arranjar problemas. Mas hoje de manhã, quando acordei, tinha uma mensagem dele. Uma mensagem super fofinha. 
-Estás a ficar apanhadinha por ele. Também não é para menos - dá uma gargalhada. -Depois de o ter visto contigo ontem percebo porquê.
-Ele é mesmo um amor, a sério. Mas eu tenho de ter calma... - digo olhando para as mãos.
A Cams olha-me sem perceber o que eu queria dizer, por isso continuo. 
-Não posso atirar-me de cabeça. Não sei muito bem se ele quer mesmo algo comigo, não sei quais são as suas intenções... E isto está a assustar-me. 
-Cammy, vá lá... Eu acho que pelo menos ele já demonstrou que as intenções dele contigo não são más. Poucos eram aqueles que não se aproveitassem de ti da maneira que estavas na noite passada. Quanto ao que ele sente por ti, eu tenho a certeza que há lá qualquer coisa. Senão, não fazia tudo o que fez para se encontrar contigo. 
Eu sei que ela até tem razão, mas ainda assim acho que vou abrandar o ritmo. 
Vais mesmo conseguir?
Lá está outra vez a vozinha interior irritante.
-Ok, e se fizéssemos uma maratona da nossa série preferida? Vamos tentar afastar esses pensamentos que não te ajudam em nada. 
-És a melhor amiga do mundo sabes? 
-Sei, sei sim. 
Rio-me e ela puxa-me para um abraço. 
-Obrigada por me ouvires - respiro fundo.
-Não tens de agradecer. Estou aqui para tudo o que precisares. Juntas sempre!
Quebramos o abraço e começo a pôr Anatomia de Grey a dar. Deitamo-nos prontas para começarmos a maratona. 
Às vezes ponho-me a pensar e percebo que a minha vida sem a Cams seria um desequilíbrio. Ela é a minha pessoa, o meu pilar, e eu tenho imenso a agradecer-lhe. Sou sem dúvida a amiga mais sortudo do mundo. 

O Sorriso Que Me ParouOnde histórias criam vida. Descubra agora