Capítulo 28

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No dia seguinte acordo com uma dor de cabeça enorme, para não falar nos olhos inchados. Levanto-me e vou para a casa de banho e tomo um duche rápido. De seguida, volto ao quarto e visto-me. Desço para tomar o pequeno almoço. Ainda não estava ninguém a pé, por isso decido pegar só numa maçã e sair para a escola. Hoje apetecia-me ir a pé. Sempre dava para espairecer uma pouco mais. 
Pego na mala, coloco os fones e saiu de casa. Durante o caminho, tento focar-me apenas na música, mas torna-se um pouco difícil. A minha mente volta sempre a ele.
Que nervos! 
De repente ouço o meu telemóvel tocar, assinalando uma nova mensagem. É a Cams.
"Olá, mana. Então como é que estás? Não soube mais nada de ti ontem, está tudo bem?".
Ao ler a mensagem da Cams, só me apetece voltar a chorar... Tenho de seguir em frente e esquecer isto. Por isso, para não a preocupar minto.
"Olá, maninha. Estou bem".
Segundos depois, recebo uma resposta dela:
"Bem? Sabes bem que te conheço e sei que não estás 'bem', desembucha Camila".
Nem sei como é que pensei que ela fosse acreditar em tal coisa. Ela conhece-me de ginjeira, sabe perfeitamente que não estou bem. Ainda assim, tento fugir do assunto.
"Cams, não me apetece falar do assunto...".
"Somos melhores amigas, lembraste? Mas tudo bem, tu lá sabes! Apesar de eu saber que tem a ver com o Max. Portanto, ou me contas tu ou eu vou falar com ele".
Porra! Capaz disso é ela. 
"Ok, ok! Não precisas de ir falar com ninguém. Falamos na universidade. Já lá estás?".
"A chegar, vou passar no Starbucks primeiro. Queres que te leve um café?".
É por isto que somos as melhores amigas.
"Sim, por favor! Esqueci-me de tomar um antes e sair de casa".
"Falaste com os rapazes? O Duarte andou louco à tua procura ontem, até me ligou... Disse que tinha não sei o quê para falar connosco, mas queria a tua opinião primeiro".
"Não, não falei com nenhum deles. Vi a chamadas dele, mas não me apetecia falar com ninguém".
Estranho.
Será que ele sabe de alguma coisa?
Não, é impossível. 
"Ah ok. Mas quando chegares à universidade vai falar com ele. O homem quase parecia que ia morrer se não te encontrasse. Duarte sendo Duarte... Aliás, ele anda estranho ultimamente".
Pois tem... e eu sei bem qual é a razão.
"Ok, mana. Se o vir falo com ele. Espero por ti no nosso espaço no campus."
"Ok ok, até já, sis".
Volto a guardar o telemóvel.
Cinco minutos depois chego ao campus. Como combinado com a Cams, avanço pelo relvado e sento-me no muro da fonte. O nosso espaço. 
Continuo a ouvir música. Quando passa para a seguinte, sou surpreendida ao começar a tocar Learn to Love Again dos Lawson. Passo o mais rápido possível para a próxima música, e volto a ouvir os Lawson... Desta vez Stolen
A sério?? 
Decido passar uma vez mais à frente, mas como são os Lawson de novo, acabo por desligar a música e atirar com o telemóvel para dentro da mala, irritada.
-Nem vou perguntar a que se deve essa irritação toda. 
Estava tão distraída que nem me apercebi que a Cams já tinha chegado. Tento sorrir.
-Hey, mana! Toma trouxe o mesmo de sempre - passa-me o café. -Já falaste com ele?
-Obrigada, mana. Não, também cheguei agora mesmo.
A Cammy senta-se a meu lado e olha-me por cima do copo de café.
-Não estava a falar do Duarte, Camila... Estou a falar do Max.
Ouvir o nome dele é como levar uma facada no coração.
-Não, não falei com ele. Não temos nada para falar - digo com desprezo.
-Fala com o Max e cala-te. Os rapazes vêm aí - diz apontando para eles. -Vamos lá ver o que o chato do Duarte quer - volta a beber mais um gole do seu café e eu faço o mesmo. -Ah, só para avisar, esta tarde, a seguir às aulas, vamos lanchar as duas. Tens muito que me explicar.
Claro que ela não me ia deixar livrar do assunto... É a Cams.
Os rapazes aproximam-se e a minha melhor amiga faz a sua festa do normal. Admiro como é que ela tem tanta energia de manhã.
-Bom dia bebés lindos da vida, com essa cara de quem parece que viu uma assombração - sorri.
Eu rio-me juntamente com os rapazes.
-Bom dia, meninas - dizem os dois em conjunto.
-Bom dia, meninos - faço um sorriso forçado para que não se apercebam do meu estado, se bem que acho que é um pouco difícil. 
Os dois rapazes sentam-se no relvado de frente para nós. O Duarte está à minha frente e vira-se para mim.
-Cammy, queria falar contigo. Aliás, isto é para todos, mas és a única que neste momento tem uma agenda mais preenchida... - diz com um ar meio abatido meio com desprezo.
Sei perfeitamente ao que se refere.
-Claro, diz. 
-Não sei se te lembras de falar de um amigo meu que joga na equipa B do Sporting. O Eduardo?
-Sim, lembro-me. O que tem?
-Então, hoje vai ser o último jogo dele na equipa B. Foi chamada para a equipa principal e então ofereceu-me bilhetes para ir ver o último jogo dele. Aliás, ofereceu-nos aos quatro - diz olhando para o Lucas e para a Cams.
Não estou com vontade nenhuma, para ser sincera. 
-Agradeço muito Duarte, - começo por dizer, -mas a Cams e eu já tínhamos combinado de ir lanchar...
-Não tem problema nenhum. O jogo é só às seis e meia, em Alcochete. Podem perfeitamente ir lanchar e depois irem para lá.
A Cams intervém logo.
-Claro! As aulas acabam às três da tarde. Como eu trouxe o carro para aqui, vamos todos lanchar a minha casa. Depois, então seguimos no meu carro até Alcochete, também não é longe - diz toda sorridente. -Que acham?
Aproximo-me mais da minha melhor amiga e sussurro-lhe:
-Cams, não estou com a melhor disposição para ir... E se o Max aparece? Nem pensar em me cruzar com ele.
-Ok, pela Camila está tudo bem! Por vocês também? - os dois rapazes acenam com a cabeça. -Então, encontramo-nos nas aulas. Agora eu e a Camila temos de ir à casa de banho. Até já, lindinhos - atira dois beijinhos para o ar e puxa-me pelo braço atrás de si.
Quando, finalmente, chegamos à casa de banho, larga-me e olha-me.
-O que se passa? Porque é que disseste que ia? 
-Porque estou farta que te estejas a esconder do Max! Fala com ele, Camila, de uma vez por todas. Já pensaste que os teus pensamentos podem estar errados e podes estar a perder uma pessoa que realmente gosta de ti? - diz chateada. -Sabes bem que não sou uma rapariga que gosta de qualquer pessoa, mas percebi logo o quanto ele gostava de ti. Portanto, não o podes deixar ir embora, porque ele pode ir e não voltar mais.
Ainda não lhe contei o que se passou com o Max naquele balneário. Talvez este seja o momento.
-Não há nada de errado entre aquilo que penso e aquilo que vi, Cams... - arranjo forças para reviver aquele momento e contar tudo a Cams. -Cams, quando cheguei ao balneário o Max e a ex dele estavam os dois sozinhos aos beijos. Ela estava toda escarrapachada em cima dele! - digo sentindo uma dor enorme no coração.
-Ok, e já ouviste o que ele tem para dizer? Tu sabes bem que ela era louca por ele. Tu vias o que saía às vezes nas revistas. Portanto sabes lá se ela não armou isto tudo de propósito.
De repente, faz um ar em como se lembrou de algo e continua:
-Não tinhas dito que andavas a receber umas cenas estranhas? 
-Sim, aquelas fotos minhas e dele à porta de minha casa. Porquê?
Não estou a perceber onde ela quer chegar. 
-Ok amiga, eu sabia que eras burra, mas não assim tanto... - fico a olhar para ela ainda sem entende. -Duh, foi ela! Só pode ter sido ela. Aposto que foi ela.
Fico a olhar para ela tentando raciocinar e juntar as peças.
Ela era mesmo capaz de se dar a tanto trabalho?
Ia para responder, mas entretanto ouvimos a campainha dando sinal para o início das aulas. 
Nunca estive tão feliz por ouvir esta campainha.
-Parece que temos de ir para a aula - começo a pegar nas minhas coisas e a dirigir-me para fora da casa de banho.
-Muito gostas tu de fugir às conversas... Mas sim, bora lá que eu não posso levar mais faltas de atraso. 
Rimo-nos as duas e dirigimo-nos para a sala. 


O Sorriso Que Me ParouOnde histórias criam vida. Descubra agora