5 ▪︎ Futuro

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Dias atuais...

O mundo parecia estar passando em câmera lenta enquanto Daisy andava a passos largos em direção ao seu apartamento, ela odiava que aquilo estivesse doendo tanto, que ao menos quase conversar sobre aquilo ainda fosse capaz de a machucar.

Ela limpou as lágrimas em seu rosto e não se permitiu chorar outra vez até que estivesse na segurança de sua casa, mas no momento em que a porta fechou atrás de si ela deslizou dramaticamente até o chão e chorou copiosamente.

Seus soluços a fazendo se sentir sufocada, ela não havia chorado tanto assim nem quando se divorciara dois anos atrás.

E pensar isso só a fez chorar ainda mais desesperada, porque tinha sido exatamente por coisas assim que seu casamento acabara, porque ela nunca se importou o suficiente, e Tom sabia disso.

Ela o amava, tanto, mas os dois sabiam que ela nunca choraria por ele como estava fazendo agora, ele nunca teria o poder de a machucar tanto, porque mesmo que ela tivesse o deixado entrar em seu coração, uma enorme parte dele nem pertencia mais à ela de qualquer jeito.

Metade dela estava presa no passado, onde ela havia se trancado para permanecer em segurança.

Um quase grito escapou de sua garganta quando ela pensou que a dor que estava sentindo era física demais para suportar, seus dedos fincaram nas pernas como garras numa tentativa falha de sentir alguma outra coisa.

Qualquer coisa.

Ela jogou a cabeça para frente e a descansou entre os joelhos, seus olhos fecharam com força e por um instante ela jurava que podia ouvir os próprios batimentos cardíacos.

Seu sangue parecia estar gelado em suas veias, correndo pelo seu corpo a fazendo tremelicar. Porém era raiva aquilo que ela estava sentindo, acima de tristeza ou dor.

Raiva de si mesma, por nunca ter sido capaz de superar de verdade.

De repente ela ofegou como se estivesse tomando um longo fôlego antes de um mergulho, ou estivesse finalmente alcançando a superfície depois de quase se afogar.

Respirou profundamente várias vezes, diminuindo a velocidade a cada vez que o ar deixava seus pulmões. Ela só precisava se acalmar.

Não deveria ser certo, ficar tão nervosa por algo que havia acontecido mais de uma década atrás.

Quando ela sentiu que seus pensamentos estavam mais claros abriu os olhos outra vez e levantou o rosto para encarar o vazio de seu apartamento.

De repente ela sabia que no fundo Adam estava certo, eles precisavam conversar. Reagir daquele jeito só provava isso.

Mas sabendo que jamais conseguiria dizer o que precisava na frente dele, ela decidiu continuar o que havia tentado alguns anos atrás, quando ligara para ele no meio da noite numa tentativa falha de enterrar aquela dor.

Suspirou profundamente uma última vez e levantou rápido, decidida a não deixar que aquilo se estendesse de maneira desnecessária.

Enquanto ia até a cozinha e se servia de um enorme copo de água, pegou o telefone e ligou para Steff que atendeu depois do segundo toque.

- Hey, querida - Steff cumprimentou simpática.

- Oi, Steff - Daisy respondeu cautelosa - Será que você poderia me passar o número do Adam? - perguntou de uma vez antes que se arrependesse - Eu esqueci de pedir quando estávamos na sua casa e...

Uma risada divertida a interrompeu, e Daisy engoliu em seco nervosa.

- Qual o problema? - ela questionou, soando mais irritada do que pretendia.

Lips Of An AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora