6 ▪︎ Futuro

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Dias atuais...

Quando Adam acordou na manhã seguinte ele soube que as coisas não seriam tão fáceis quanto pareciam.

Mesmo após uma ótima noite de sono, algo em seu coração parecia querer o avisar que toda aquela esperança dentro de si poderia ser perigosa.

Ele havia sonhado com Daisy, talvez porque a voz dela tenha sido a última coisa que ele ouviu antes de dormir, ou talvez porque ele não conseguia parar de pensar nela.

Mas o problema era que ele estava sentindo um formigamento no ventre, como se ela tivesse religado algo nele e energia pura estivesse correndo por suas veias.

E ele não se sentia assim há um longo tempo, mas ele queria desesperadamente não se apegar àquela sensação, porque tinha plena consciência que Daisy jamais sentiria o mesmo de novo. Ele havia a machucado demais para isso.

Mas ela queria ser sua amiga, e isso o reconfortava, o fato de que mesmo com todos os seus erros ele ainda fosse sortudo o bastante para a ter em sua vida.

Ele queria mandar uma mensagem para ela, apenas para dizer bom dia, mas começar aquilo a sufocando com sua prensença seria uma péssima ideia, por isso ele se contentou em apenas começar o dia cedo para que eles pudessem se rever logo.

No dia anterior ele tinha estado tão ansioso o tempo todo, não sabendo como ela reagiria ao vê-lo ou ao saber que eles trabalhariam juntos de novo.

Cinco anos antes ele tinha escutado sua voz e pensado que nunca mais teria aquele privilégio, quando o que eles reconheceram durante uma ligação pareceu os distanciar ainda mais do que deveria ser humanamente possível.

Mas ali estava ele, olhando para o próprio café da manhã, sem conseguir parar de pensar no sorriso que ela havia dado quando o tinha visto, ou como sua voz soara animada.

Ele não tinha esquecido como a voz dela soava apenas porque era masoquista o bastante para assistir seus trabalhos, mas ouví-la tão de perto, e ouvi-la falando com ele, era diferente.

E ele tinha notado que ela estava sem aliança, nem anel de noivado, nada.

Ele deveria reconhecer algum dia quando não fosse mais estranho, que ele também notava aquilo nela. Que tinha passado a notar no momento em que ela o disse que estava noiva, que ele tinha criado esperança todas as vezes que chegava perto dela o suficiente para conseguir ver.

Ou talvez reconhecer o quanto ver aquilo pela primeira vez o tinha machucado, e que por isso ele havia sido tão estúpido.

Não pela dor que a certeza de que tinha a perdido havia causado, mas pelo remorso de se importar tanto, mesmo que seu próprio dedo estivesse adornado com uma grossa aliança de casamento.

Mas Daisy não queria mais falar sobre aquilo, então talvez ele devesse começar a tentar aceitar a possibilidade de nunca ser capaz de dizer certas coisas para ela.

Como o fato do quanto ele havia sido apaixonado por ela, tanto, e por tanto tempo.

Mesmo que um dia ele fosse capaz de dizer que a amava olhando em seus olhos, ele já sabia disso antes de ter se apaixonado por ela.

Porque amor tinha a ver com admiração, carinho. E quando ele começou a desejá-la, todos aqueles sentimentos só haviam se intensificado, como se sempre tivessem existido

Ele suspirou enquanto bebia um longo golo de café, apenas para evitar que acabasse sussurrando para o vazio o quanto a amava.

Seria patético.

Quando ele a viu outra vez algumas horas depois, tentou não se apegar no fato de que seu coração parecia estar errando algumas batidas.

Não importava, ele dizia a si mesmo, aquilo era apenas a reação natural que Daisy causava em todas as pessoas.

Lips Of An AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora