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França, 1791.
Ele cavalgava o velho animal pela trilha discreta em meio às árvores de folhas verdes pelo início do verão. Resquícios de flores murchas no chão indicavam que a primavera tinha ido embora recentemente, levando consigo as chuvas e baixas temperaturas, que haviam sido substituídas pelo calor e tempo seco.
Harry passou o paninho que sempre levava no bolso por sua testa, incentivando o burrinho a ir mais rápido, já estava atrasado para o seu encontro com Louis e qualquer minuto a mais na estrada diminuía o tempo que teria com seu amado. Um ano e meio depois de seu primeiro encontro às margens do Sena, os dois continuavam se vendo uma vez por semana.
O país estava mergulhado no caos, o rei tinha perdido o poder de uma forma drástica após a Marcha sobre Versalhes, que o obrigou a voltar para Paris com sua família e lá permaneciam, sem sair das Tulherias. A França era governada pela Assembléia Nacional Constituinte, seus líderes tramavam a criação de uma Constituição, que ainda não havia sido ratificada.
Os governantes haviam recentemente aprovado uma lei, a Lei de Le Chapelier, que proibia a reunião de sindicatos e greves, que tinham se tornado comuns devido à alta inflação e à insatisfação dos pequenos e médios empresários. Os ricos, contudo, aprovaram tal lei para impedir manifestações que ameaçassem a sua existência ou rebeliões dos menos favorecidos. Tal coisa provocou a revolta dos sans-culottes, que eram camponeses e operários de Paris e tinham seus direitos financeiros ainda mais reprimidos. Harry, obviamente, compartilhava daquele sentimento de indignação.
O espírito de revolução e revolta que pairava sobre a França incentivava o povo a lutar e correr atrás de seus direitos, que foram reprimidos por séculos sob o regime de servidão e as coisas estavam prestes a mudar com a união de todos. No entanto, alguns criminosos se aproveitavam da atmosfera de mudança e ficavam à espreita nas ruas. Nunca fora seguro para um ômega, seja homem ou mulher, sair sozinho nas ruas de Paris porque as taxas de violência, incluindo sexual, eram altas. O índice havia aumentado consideravelmente, mesmo com praticamente toda a população armada.
Roubos, incêndios criminosos a prédios públicos e assassinatos também aconteciam com uma frequência absurdamente alta, inclusive à luz do dia, mesmo que os guardas tentassem impedir. Paris era praticamente terra de ninguém e querendo ou não, Harry se arriscava muito ao manter os encontros com Louis em uma região isolada da floresta, sujeito a ataques de saqueadores e bandidos.
Ele respirou fundo ao ouvir o barulho das águas do Sena e continuou seu caminho, desmontando do burrinho velho ao ver o garanhão castanho de Louis preso em uma árvore. Sorriu ao dar mais alguns passos e ver o duque de Giverny sentado no lençol, seu corpo nu e molhado pelo banho que tinha tomado no rio e os olhos fechados ao sentir a luz do sol esquentar seu corpo.
- Nem me esperou. - Harry riu baixinho ao se sentar ao seu lado. Tomlinson abriu os olhos e sorriu grande, puxando-o para um beijo casto. - O dia está lindo hoje.
- Assim como você. - elogiou, sentando-se no lençol e cobrindo sua genitália com a camisa de linho, não gostava de ficar nu sendo que Harry estava completamente vestido. - Você está bem?
- Sim, e você? - passou a mão por seus cabelos molhados e selou seus lábios outra vez.
- Estou... Estou ótimo. - disse, desviando o olhar. O ômega franziu o cenho, conhecia Louis o suficiente para saber que ele não estava dizendo a verdade. Ele desviava o olhar quando estava mentindo e ainda mexia inquietamente no botão do casaco de Harry, deixando explícito o seu incômodo.
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Vive la Vie | Larry Stylinson
Fanfiction1789. A França está prestes a explodir em uma Revolução sangrenta. De um lado, burgueses e sans-culottes revoltados com a monarquia absolutista. Do outro, o rei e a nobreza tentando manter suas cabeças. Em meio ao caos, Harry, um ômega san-culotte...