C.25

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Acordei na segunda sem ânimo para poder ir à escola

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Acordei na segunda sem ânimo para poder ir à escola. Depois de sábado o máximo que sai foi para ir à padaria no domingo. Eu estava acabada. Não, eu estava muito além disso, estava só o pó da rabiola.

Eu tinha estourado a cabeça no sábado com Nicholas e sabia que era grande parte minha culpa. Eu só estava cansada disso. Eu gosto dele, até mais do que gostaria de admitir, mas nunca daríamos certo. Eu ainda tinha meus problemas e antes de qualquer coisa precisava resolvê-los. Não importa o quão perto você está de uma pessoa, há um lado que você nunca deseja mostrar a ninguém. E minha ansiedade era esse meu lado.

- Bom dia família – digo beijando minha tia e cutucando Josh.

- Bom dia Wendy, dormiu bem? – Minha tia pergunta e confirmo com a cabeça colocando café na xícara.

- O que aconteceu com vocês dois? – Josh questiona e aperto os lábios em sinal de reprovação.

- Vocês dois quem? – Tia Naty indagou, olhei para Josh e tentei passar uma mensagem para ele. Se minha tia soubesse de algo que nem tem mais e falasse para minha mãe, as coisas ficariam tensas.

- Wendy e...

- Josh não, por favor – implorei e ele deu ombros.

- Eve – diz e minha tia arqueou as sobrancelhas – ela e Eve tinham brigado.

- É tínhamos... – digo bebendo o café.

- Por que não a chama para passar a tarde aqui? – Tia Naty sugeriu.

- É Josh, por que não a chama para passar a tarde aqui? – dei um sorriso malicioso de lado – Afinal, eu briguei e não estou falando com ela, mas saiba que quero me reconciliar, então fala com ela para mim? – olhei com cara de ''cachorrinho sem dono''.

- Josh irá fazer isso por você Wendy, pode ter certeza – ele semicerrou os olhos em minha direção e olhei para tia Naty.

- Obrigada Tia, isso é muito importante para mim – caminhei até ela e coloquei a xícara na pia.

- Eu sei amor, eu sei – ela me abraçou e arqueei as sobrancelhas para Josh.

Peguei minhas coisas e Josh me acompanhou até do lado de fora, finalmente o carro dele tinha sido concertado e podíamos voltar a nossa rotina normal.

- Você não presta sabia? – falou assim que entramos no automóvel.

- É de família, puxei de você priminho – pisquei para ele e coloquei meus fones de ouvidos, do jeito que Josh é, vai querer perguntar sobre Nicholas.

Paramos no estacionamento do colégio poucos minutos depois, guardo meu fone e abro a porta do carro, mas Josh segura meu braço

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Paramos no estacionamento do colégio poucos minutos depois, guardo meu fone e abro a porta do carro, mas Josh segura meu braço.

- Está tudo bem com você?

- Não, não está – falo sem me virar – Mas não faz diferença agora. Não se esqueça de falar com Eve sobre hoje lá em casa.

Solto seu braço e saio do carro, aliso meu macacão preto e arrumo a peruca rosa debaixo do boné. Coloco a mochila nas costas respirando fundo e caminho para sala. Sento no mesmo lugar de sempre e me permito olhar para o lugar de Nicholas enquanto ele ainda não chega.

Suspiro sentindo toda a tensão chegar a minhas veias e pego o caderno para me distrair, posso ouvir as vozes de Josh e os meninos. Não olho mais para a porta até a hora do intervalo.

O sinal da última aula que era de literatura toca e espero todos saírem da turma para ir falar com o professor.

- Sr. David? – o chamo perto de sua mesa. – Eu gostaria de fazer uma prova no lugar do trabalho de quarta.

- Por quais motivos Senhorita Hayes? – questiona me olhando por cima de seus olhos.

- Estarei viajando e não poderei comparecer, mas já aviso que meu grupo não será prejudicado, todos estão cientes e preparados como o planejado.

- Hum – resmunga e concorda – faça a prova de final de semestre daqui duas semanas, era o trabalho de nota final para poder acabar esse ano, mas tudo bem.

- Obrigada Sr. David, tenha uma boa semana – digo e saio em direção ao jardim perto da árvore, não queria ir ao refeitório, não para encontrar Nicholas.

Eu ainda tinha muito no que pensar, a escola toda já estava animada pelo final do ano, tudo tinha passado tão rápido, era o final do terceiro ano. Só estava um passo da faculdade. Peguei o celular e digitei mais sobre psicologia, sentei sobre a grama e tomei meu remédio quando senti meus olhos marejarem. Comi meu sanduíche e fiquei olhando para o celular entretida até sentir alguém se sentar ao meu lado.

- Por que está aqui? – A voz de Eve me fez sorrir mentalmente. A olhei de lado e vi seu sorriso bobo.

- Josh falou com você?

- Sobre passar à tarde na sua casa? Falou sim, está tudo bem?

- Sim, está. Mas queria passar mais tempo com você – ela deu um leve gritinho feliz.

- Tá com esse sorriso só por que Josh falou com você, ou por que vai passar o dia com ele também?

- O que? Não, credo – a olhei em dúvida e ela colocou as mãos sobre o colo se virando para mim. – Sabe o Matt?

- Hum? Da minha sala? Sei, o que tem? – mordi meu sanduíche.

- Ele me chamou para o baile. – engasguei com o conteúdo da minha boca e comecei a rir.

- Está falando sério? – indaguei rindo e ela me fitou sério – Ai meu Deus, você está falando sério! Quando isso aconteceu?

- Nos falamos por alguns dias na biblioteca sobre livros, e no outro sobre a adaptação de filmes, e no outro sobre a vida. Temos muitas coisas em comum, ele é engraçado, gentil, inteligente...

- E você gosta dele! – falei animada, ela sorriu – Mas e Josh?

- Josh era uma caso platônico, nós sabemos que a vida dele é ser solteirão Wendy – ri alto, isso era verdade - Não está chateada por eu ter escondido isso de você? – Eve perguntou e neguei.

Eu não tinha falado um momento sequer do Nicholas, Eve era minha amiga, e eu não queria começar uma amizade baseada em mentiras e segredos.

- Eve, quer matar a última aula? Preciso te contar uma história um pouco sádica.

Ela me encarou desconfiada e confirmou. Fomos para debaixo das arquibancadas e sentei na grama cruzando as pernas. E eu contei sobre tudo. O porquê de eu vir morar com minha tia. Ariella. Eric. Nicholas. Melanie. Insegurança. Briga. Tudo.

Sinto que desabei o mundo em cima dela. Eve me olhava triste e acariciava minha mão. Concordava comigo e xingava algumas vezes. Aos poucos toda tensão que tinha em cima de mim estava aliviada. Eu me sentia leve.

Eve me abraçou apertado e bateu de leve em minhas costas.

- Você é forte, e eu estou aqui por você, assim como você está aqui por mim – a abracei e chorei – Nada do que passou é sua culpa, e você é mais que um momento ruim!

Senti meu mundo cinza ter um pouco de cor e arco-íris. Abracei mais apertado minha amiga. Não sei por quanto tempo que ficamos assim. Só sei que tudo que precisamos fazer quando estivermos passando por uns momentos ruins é achar algum em quem apoiar. E eu achava que nunca ia ter uma pessoa assim, mas encontrei duas. A quem amo demais. A quem esteve disposto a me ouvir. No final, nós só precisamos ser ouvidos. E ouvir as outras pessoas. 


Espero que tenham gostado! Aquelas coisas de sempre estrelinha e comentários são bem-vindos!

beijos de neon da autora :*

Simplesmente um segredo | Pausa | RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora