Wendy é uma garota que perdeu a confiança em todos e em si mesma por circunstâncias do passado. E por isso vive se disfarçando para nunca mostrar seu verdadeiro ''eu''. Ela tenta ao máximo passar despercebida por onde vai. Mas será que ela poderá p...
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Tamborilo o dedo na mesa do bar lentamente enquanto encaro meu celular pensando em como escrever a última notícia na fanpage. Desisto salvando o rascunho e vejo as atualizações dos meus amigos nas redes sociais para matar o tempo, tinha chegado a incrivelmente uma hora adiantada para o encontro com os meninos. Fazia apenas 3 dias que Nicholas tinha chegado na cidade e todos já se apressaram para poder marcar um encontro com o pessoal da antiga turma - só os amigos mais chegados dele. Josh também viria depois de um mês inteiro sem pisar na capital, mas não foi por falta de eu implorar para ele vir me ver.
Bebo um gole do meu refrigerante de limão com excesso de gelo e bloqueio o celular sentindo meu olho arder, estava cansada. Podia sentir minhas pernas se mexerem sem meu comando e minha mão suar, pego o livro da matéria que estou estudando para a prova semana que vem e tento me distrair - ou melhor, tento enganar minha mente e coração do que poderá acontecer. Eu estava estranhamente nervosa para essa reunião, a ideia de ter Nicholas por perto me atordoava, ora numa forma boa, ora numa forma assustadora. Respiro fundo, prendo o ar por três segundos e solto, repetindo o ato algumas vezes.
Por mais que quisesse negar, todos sentiam que tinha entre nós uma tensão estranha. Nunca nos olhávamos por mais de 1 segundo nos olhos, sempre tentamos desviar a antenção para nossos amigos, nos separamos rápido demais com alguma desculpa esfarrapada quando nos encontrávamos e quando nas duas vezes que batemos de frente pelos corredores da faculdade viramos a esquina errada só para não ter que nos cumprimentar.
Leio a mesma linha 7 vezes sem prestar atenção na frase e decido por fim deixar de lado o livro, encosto a cabeça na parede e fecho os olhos sentindo dor de cabeça. Depois de uns segundos alguém pigarreia a minha frente e me sento ereta para olhar a pessoa. Ele encolhe seco colocando as mãos dentro da jaqueta preta, um flashback percorre à minha mente e lembro dele usando esse estilo na época da escola.
- Parece que nós dois estávamos com medo de nos atrasar - diz depois de um tempo. Ele se senta na parte oposta a mim com alguns metros de distância.
- Eu saí da faculdade e resolvi vir direto para não perder tempo indo em casa - digo bebendo um gole do refrigerante aguado.
- Estuda também aos sábados? - questiona olhando o cardápio.
- Trabalho também, mas aulas é só quando tenho laboratório - ele concorda chamando o garçom e pedindo uma cerveja preta - Você bebe hoje em dia?
- Hoje em dia? - arqueia as sobrancelhas, apoio as mãos no colo e o encaro.
- Você não bebia na época da escola - digo baixo e ele cruza as pernas friamente.
- Eu não fazia bastante coisas na época da escola - aberto os lábios sentindo tensa - podemos dizer que mudei bastante.
Concordo com a cabeça incapaz de responder, quem passasse poderia sentir o clima frio que pairava aquela mesa. Meu celular toca na hora e atendo.
