Macarena Achaga
Já haviam se passado dois dias depois da invasão na casa da Bárbara, o quadro dela não era de se preocupar mas, ela ainda não havia acordado. Estava indo com Kate até o hospital para vê-la na esperança que quando chegássemos ela acorde.
Decidi passar na floricultura antes de ir, para comprar algumas flores e deixar lá. Se não acordar quando chegarmos, quando acordar verá as flores e saberá que estivemos lá.
- Você quer ir junto ? Poderia decidir quais flores comprar. - Kate sorri e tira o cinto esperando eu pegar na sua mão para poder atravessar a rua. - Por que eu ainda tenho que segurar a sua mão ?
- Porque você é a minha criança e não quero que se machuque. - Atravessamos a rua e entramos na loja, quase nos perdemos na imensidão de cores sortidas que tinham ali, flores de todas as espécies. - Escolha o seu buquê, que eu vou pegar o meu, okay ?
- Okay.
- Só não se perca, por favor. - Dou um beijo na sua testa antes de vê-la entrar nos vastos corredores de flores. - Onde será que fica o girassol ? - Falo sozinha andando em linha reta e não o encontrando. Fiquei tão perdida que quando fui notar, Kate já estava com as flores desejadas e eu nem havia encontrado o bendito girassol.
- Não pegou nada ?
- Não os achei, você viu o girassol ? - Minha filha pega na minha mão e me guia para o local de onde saiu, virou para a direita e lá estavam eles.
- Todos seus. - Vou até as flores e pego algumas. - Por que girassol ?
- São as flores favoritas dela. - Kate corre até as flores e pega uma colocando junto com todas as outras que ela pegou. - Vamos pagar que o horário de visita... - Olho o relógio no meu pulso. - Já começou. - Nos dirigimos até o balcão, que com um pouco de procura conseguimos achar. -
Acho que deveriam colocar placas, indicando onde ficam cada coisa. - Falo assim que chegamos na atendente.
- Não sei por que, mas és a terceira pessoa que me fala isso. - Ela diz sorrindo. - Devemos, as vezes até nós nos perdemos aqui dentro.
- Eu gostei, é como um labirinto. - Kate diz enquanto eu estava entregando o dinheiro para ela. Era jovem, parecia ter no máximo dezessete anos.
- Eu também gosto. - Ela diz piscando para Kate e abrindo o caixa.
- Ah não, pode ficar com o troco. - A moça sorri pegando as flores e levando até a parte de trás para enfeitá-las.
- Obrigada, tenha um bom dia. - Ela diz antes de pegar um pequeno regador e começar a molhar algumas flores mais afastadas.
- Estou ansiosa, quero vê-la logo. - Kate diz assim que entramos no carro.
- Sabe que ela ainda não acordou, não sabe ? - Dou partida no carro e começo a dirigir para o hospital, o caminho era um pouco longo e isso levaria algum tempo do período de visita, mas valeria a pena apenas para levá-la flores.
Me lembro do seu cheiro no sofá da casa do meu pai no dia em que conversamos, um cheiro doce mas não enjoativo, é forte e pregnante, mas de longe agressivo. Suas mãos em meus ombros me acalmando do pesadelo que tive, os olhos preocupados e o sorriso estampado a cada palavra dita.
Olho para o buquê que estava sendo segurado por minha filha, cada flor com uma cor única e viva, temos que cuidar e dar amor às flores... Assim elas continuam belas e únicas, se não cuidarmos elas perdem a essência e assim, a vida.
Bárbara era como uma flor. Mas diferente das outras, ela sobreviveu ao intenso inverno e continuou a embelezar o vasto jardim com a sua presença vibrante. Ela continuava viva após cada obstáculo da sua vida, dava exemplo para as outras flores para que essas continuassem lutando para viver, mesmo depois de todas as caídas de sua vida, lá estava ela, sorrindo após um chorar e lutando após uma derrota.
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Azul Oceano - Barbarena
RomanceAos 14 anos Bárbara López e sua família sofreram um grave acidente de avião, com a queda da aeronave Bárbara e sua irmã mais nova, Mariana, perderam o pai e a mãe. Seu pai era dono da maior empresa do México, a L-Corp. Nessa trágica noite, uma menin...