Em poucos segundos ela batia repetidamente na porta de um dormitório. Após uma espera que pareceu eterna, mas que aconteceu em segundos, a porta foi aberta. Olhando para Lizzie agora estava ele, com suas vestes pretas e rasgadas, apesar de aparentar cansaço conseguiu dar um sorriso torto e traquina, que tanto Lizzie gostava. Era Lyos Hunt, bem ali a sua frente.
Era tão difícil para ela, olha-lo, já sabendo o que teria que dizer. Era tão difícil escapar daqueles olhos, não percorrer todo seu corpo com seus olhos. Só ela sabia o esforço que foi negar a atração que sentia por ele, desde o início, desde o maldito dia que ela esbarrou com aqueles olhos, na escola, ainda em sua vida inocente e humana. Tão difícil dizer o que tinha para dizer, mesmo que já tenha dito outras centenas de vezes, essa era a amais difícil, mas precisava.
- Eu preciso esclarecer... – falou ela nervosa.
- Que você ama e sempre vai amar o Derek? – respondeu ele, num sorriso conformado. – Eu sempre soube Lizzie, sempre soube que sempre seria ele. Desde que eu vi você com ele a primeira vez. É daquelas ligações que são inquebráveis... Eu nunca tive a pretensão de ser o amor da sua vida. O problema é que sempre que você me olha assim, com esse olhar inocente, bondoso, sexy e cuidadoso. Olhar de quem deseja me consertar, que deseja que eu seja alguém melhor...eu me quebro. Meu coração se parte ao pensar que nunca serei consertado por Lizzie Saltzman.
- Eu sei que eu sempre neguei, mas preciso dizer que isso me significa lamento. Eu lamento não poder viver tudo que desejo com você. Lamento não poder agora dormir, acordar, viajar e ter uma vida com você. Lamento que esse desejo, por agora, não seja suficiente para...
Ela foi interrompida pela mão dele que segurou a sua, transmitindo um calor, certa eletricidade...Algo bom de sentir. Em seguida ele a abraçou e repetiu várias vezes que estava tudo bem e que o melhor para ela, também era o melhor para ele. Ela se guardou naquele abraço por tempo indeterminado, até que se desapegou daquilo que a parecia consumir de desejo, ela precisava sair dali, antes que mudasse de decisão. Então saiu, sendo acompanhada pelo olhar dele, que até o momento não havia aparentado nenhum resquício de tristeza, mas que agora desabava em lágrimas.
(...)
Em seguida, Lizzie caminhou pelos jardins quase vazios do internato. Depois da conversa com Lyos, ela se sente secretamente aliviada por finalmente ter colocado todos os seus sentimentos e emoções no lugar. Agora ela seguia rumo a sua escolha, o procurava nos jardins em direção à piscina, onde ela sabe que Derek Allen estaria.
A feiticeira entrou na área da piscina e seu coração se perdeu nas batidas ao ver Derek boiando na água cristalina com os olhos fechados. Ele não parecia estar com frio, por mais que o vento estivesse forte e gelado. O vampiro parecia apenas estar em paz consigo mesmo. Lizzie ficou um tempo o olhando de cima e suspirou. Derek Allen é um homem lindo de qualquer ângulo, ninguém poderia negar isso, é claro, ele é muito mais do que só bonito, ele é dono de uma personalidade incrível, Lizzie agora se sente mal em tê-lo afastado de si quando ele veio procura-la e pedir perdão pelos atos que ele nem cometeu.
Lizzie tirou os sapatos e levantou o vestido alguns centímetros para poder se sentar na borda da piscina com os pés na água, o barulho fez Derek abrir os olhos e encarar Lizzie, mas ele não deu o seu habitual sorriso caloroso ao vê-la, ele mergulhou e voltou a reaparecer do lado da garota e eles se encararam profundamente, numa intensidade absurda, os olhos verde-mar dele, nos negros olhos dela.
— Algum problema? — perguntou quando viu que Lizzie estava sorrindo.
— Nada, me ocorreu um pensamento, só isso. — a garota respondeu. — Eu vim falar com você.
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CrossField
FantasyNa grande Nova York, vive uma família a primeira vista comum, os Collins, formada por Mark e Lucy Collins e seus três filhos : Jonathan, Lizie e Logan, três jovens, que vivem normalmente e frequentam uma escola convencional do ensino médio, até o di...