ANAHÍ
— E então, Marco, tem feito muitas travessuras, tem?
O colchão balançou quando meu cliente fez que sim com a cabeça, parecendo uma criancinha medrosa. "Idiota!" não pude deixar de pensar.
Amarrado como um peru de Natal e com uma bola de borracha entre os dentes, o magnífico, poderoso e milionário Marco Racin estava completamente ridículo.E totalmente sob meu controle.
Filho-da-puta. Eu não sabia se ria ou se vomitava. Esfreguei o chicote no nariz dele e disse:
— Você sabe o que acontece com os garotinhos levados, não sabe? São castigados. É isso que você quer?
Racin gemeu como um bebê.
— Gosta de sentir o couro na pele, gosta?
Ele assentiu com a cabeça, quase explodindo de prazer. Lentamente deitei-me ao lado dele, prolongando a tortura. Ele tremia de excitação e medo.
— Tem tido pensamentos sujos, não tem? — sussurrei. "Sim! Sim!", ele acenou com a cabeça — Tem brincado com o próprio corpo, não tem? "Sim, sim, sim!"
Já era hora de pôr mais lenha naquela fogueira. Conferi minhas possíveis saídas e depois sorri. O que eu estava para dizer seria uma total surpresa para o meu parceiro. Mas, afinal, os especialistas não vivem dizendo que um pouquinho de surpresa é ótimo para esquentar um relacionamento?
— Tem violado as leis internacionais, não tem, lindinho? — perguntei, dessa vez com a frieza de uma lâmina de aço. — Fala que não violou, fala. Racin arregalou os olhos, e uma gota de suor escorreu por seu nariz descomunal.
Estalei o chicote e em seguida soltei a bomba:
— Tem vendido armas poderosas para os bandidos, não tem?
Isso dito, várias partes do corpo de Marco Racin amoleceram como espaguete em água quente. Tentou gritar aos guarda-costas. Mas evidentemente não conseguiu, com aquela bola ridícula entre os dentes.
Empurrei seu rosto vermelho contra o travesseiro, as bochechas espremidas; depois, sem nenhum aviso e com muita eficiência, virei a cabeça do canalha o mais violentamente que pude.
Racin arregalou os olhos outra vez. A bola de borracha escapuliu de sua boca e rolou pela cama até o chão. O infeliz já não estava mais em condições de brincar com a vida alheia, seus dias haviam chegado ao fim. Ainda ao lado do corpo inerte de Racin, peguei meu celular para ver as horas: oito e meia.
— Droga! Os Coleman!
Alfonso ficaria furioso se faltássemos ao compromisso. Então ouvi alguém bater timidamente na porta. Um dos guarda- costas de Racin, receoso de interromper a farra.
— Sr. Racin? — ele chamou do outro lado, hesitante. — O avião sai daqui a uma hora... Senhor?
O gorila começou a bater mais forte, e achei melhor sair dali o mais rápido possível. Não queria explicar o que tinha acontecido ao meu "anfitrião". Corri para a varanda, procurei por guardas no telhado — não havia nenhum — e olhei por sobre o parapeito.
Uns cinquenta andares abaixo, os táxis da cidade cortavam as ruas como peixes brilhantes nadando nas águas turvas de um rio. Precisava pegar um deles antes que os homens de Racin me transformassem no "pescado do dia".
Mas eu estava preparada. Minha bolsa preta tinha sido concebida para situações dessa natureza. Sem perder a calma, voltei às portas da varanda, prendi uma alça da bolsa numa arandela de metal sobre a parede e me virei para a noite escura.
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Mr & Mrs Herrera
FanfictionUma aventura de ação sexy, na qual Anahí e Alfonso Herrera são um casal suburbano com um casamento normal e sem vida. Alfonso é um engenheiro de sucesso, e Anahí uma empresária do ramo de sistemas de informática. Mas cada um deles tem um segredo qu...