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ANAHÍ

Na sala de reuniões da Triple-Click, as máquinas zumbiam como um Jaguar bem-regulado à espera do sinal verde. Assim como eu.

— Muito bem, o perfil do alvo é a nossa maior prioridade, meninas. Dedicação integral. Utilizem todos os meios necessários: grampos telefónicos, cartões de crédito. Varredura magnética de todas as frequências civis.

— Com o quê, Anahí? — perguntou Dulce.

Tirei da gaveta um minúsculo microcassete. Todas olharam com curiosidade. Mas quando apertei o play, viram que não se tratava da engenhoca high-tech que aparentava ser.

"Olá, você discou para Alfonso e Anahí Herrera. Não estamos em casa neste momento, por favor deixe seu recado logo após o sinal... Biiip!'

As meninas arregalaram os olhos, mas preferi ignorá-las.

— E vasculhem todos os bancos de dados à procura de...

— À procura do quê? — interrompeu Maite, com sarcasmo. — De Alfonso Herrera ?

Abri a boca para dizer alguma coisa, mas as palavras sumiram. Embora me custe admitir, senti o rubor se espalhar lentamente nas minhas bochechas. Maite estava coberta de razão. Alfonso Herrera... Onde é que eu estava com a cabeça? De repente me dei conta de que ignorava totalmente o nome verdadeiro do meu próprio marido.

Que humilhação! Sem falar em todo o resto.
As garotas olharam para mim com uma expressão de pena.

E isso me deixou fula da vida!

— Encontrem o homem — rugi.

Tudo bem. Reconheço que não agi com minha fleuma tradicional. Mas, dadas as circunstâncias, achei que tinha o direito.

— Hmm, Anahí — disse Dulce timidamente. — Acho que já o encontrei.

Meu coração saltou como o de um leopardo que acaba de localizar sua presa. A equipe inteira se virou para Dulce. Ela ficou pálida.

— E então? — perguntei. — Onde está ele?
Dulce engoliu a seco.

— Está aqui. — Ela pressionou algumas teclas de seu computador, ampliando sobre a tela uma das muitas imagens do nosso sistema de segurança.

Câmeras de vigilância apontavam para o elevador quando as portas se abriram. Vazio!
Achei que ele pudesse estar escondido. Fechei o zoom, à procura de uma sombra, uma unha, qualquer coisa invadindo o campo de visão da câmera. Nada. Epa... Algo cintilou no chão do elevador.

Fechei o zoom ainda mais.

Um minúsculo disco dourado rebatia as luzes do elevador. Uma aliança. E dentro daquela promessa de amor eterno, outra promessa: Uma bala solitária.

O recado de Alfonso estava dado.

— Invasão do sensor térmico no perímetro — informou Dulce de repente.

A tela do computador exibia uma reprodução tridimensional dos dutos do sistema de calefação — bem como a termoimagem de um homem se arrastando através deles. Meus olhos fizeram a pergunta.

Juntas, todas nós olhamos para o teto, à espera de algum ruído.

Riiiiiing!

Pulei de susto quando meu celular tocou.

Atendi sem desgrudar os olhos do teto. Não precisava olhar para o identificador de chamadas para saber quem era.

— Já disse um milhão de vezes que não gosto de ser importuna da no escritório — fui logo dizendo.

Mr & Mrs Herrera Onde histórias criam vida. Descubra agora