ANAHÍ
Todo mundo um dia já teve vontade de "comprar até cair".
Mas o que Alfonso e eu estávamos prestes a fazer corria o risco de se transformar em algo como "comprar até cairmos... mortos".
Então o que precisávamos fazer era cuidar para que os mortos fossem os outros, e não a gente.
Tínhamos acabado de chegar ao nosso destino final: o estacionamento da Home-Made, minha loja preferida, uma megastore de móveis e artigos para casa. O lugar perfeito para começar uma vida nova.Parados ali, Alfonso e eu mais parecíamos um jovem casal à procura de móveis bons e baratos para o apartamento novo. No entanto, até onde podíamos saber, éramos os únicos que usavam coletes de kevlar, à prova de balas. Nada muito confortável para uma manhã de compras, mas, se tudo desse certo, passaríamos os dias seguintes com o mínimo possível de roupas sobre o corpo.
Inebriados de amor e animados diante das possibilidades, havíamos planejado tudo com o maior entusiasmo. Esperávamos ganhar nossa liberdade muito em breve. A liberdade para viver nossas vidas do jeito que queríamos.
Juntos.
Mas agora a realidade exigia o máximo de sobriedade. Numa espécie de sintonia fina, nos preparávamos para nossa missão em silêncio, reunindo o equipamento necessário e cuidando para não estorvarmos um ao outro. Ali estavam dois assassinos calejados e profissionais preparando-se para entrar em ação.
Como atletas olímpicos, precisávamos da mais perfeita concentração.
Todavia, para mim não era tão fácil assim.
Nenhuma outra missão havia sido tão importante quanto aquela. Antes, grande parte da minha coragem advinha do fato de que não pensava muito no preço que talvez tivesse de pagar cada vez que colocava minha vida em risco. Ninguém quer morrer, é claro. Mas no passado minha motivação se confundia com um vago instinto de sobrevivência; agora, no entanto, eu tinha um excelente motivo para continuar viva.
Minha vida. Com Alfonso.
Toda a experiência que eu havia acumulado até então seria colocada à prova. As lições que eu havia aprendido ao ludibriar cada um dos meus inimigos, ao sobreviver a cada ferimento, bem como os músculos, os reflexos e a malícia que eu havia desenvolvido ao longo de mais de trezentas missões — tudo isso seria testado naquela luta derradeira.
Sentados no carro, repassávamos mentalmente todos os passos do nosso plano. E então chegou a hora: já havíamos adiado demais.
Estávamos prestes a sair quando Alfonso me deteve. Mas apenas para fazer um ajuste final no meu colete à prova de balas.
— Você esqueceu essa fivela aqui... — ele sussurrou.
Para mim, aquele gesto valeu mais do que uma vida inteira de jantares à luz de velas.
Quando me virei para agradecer-lhe, vi o medo estampado em seus olhos. Estávamos, por iniciativa própria, nos metendo numa situação complicadíssima. Sabíamos que nossas chances de sucesso eram ínfimas. Uma missão suicida, por assim dizer.
Tanto eu quanto ele havíamos nos isolado em ilhas separadas naquele casamento suburbano e insípido. Mas depois de nos termos redescoberto como casal, era bem possível que eu perdesse Alfonso mais uma vez. E agora para sempre.
Mas não tínhamos outra escolha.
Se não fizéssemos nada, seríamos encontrados e acabaríamos mortos de qualquer maneira. Não nos restava outra coisa a fazer senão lutar. E, graças à "roupa suja" de Alfonso, tínhamos um arsenal inteiro para nos auxiliar naquela luta.
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Mr & Mrs Herrera
FanfictionUma aventura de ação sexy, na qual Anahí e Alfonso Herrera são um casal suburbano com um casamento normal e sem vida. Alfonso é um engenheiro de sucesso, e Anahí uma empresária do ramo de sistemas de informática. Mas cada um deles tem um segredo qu...