Sequestro Relâmpago - Harlivy

2.3 - SECADAS

HARLEY 

Definitivamente eu estava perdida. Não consigo mais sequer controlar o que sinto pela ruiva, não dá mais negar que ela me afeta. Por toda minha vida ninguém sequer se importou comigo, ninguém nunca justificou minhas ações da maneira que ela o fez, ninguém nunca se aproximou tanto de mim. Parte disso, claro, era minha culpa por envolvê-la nessa situação sem pé nem cabeça, mas há males que vem para o bem certo? 

Quando beijei-a minutos atrás, desarmando-a completamente, sentindo ela perder-se tanto quanto eu naquilo, era enlouquecedor. Eu posso ter feito altas missões na minha vida, porém afirmo com credibilidade que nenhuma delas teve tanta adrenalina quanto estar ao lado da ruiva, quanto a tê-la só pra mim. E isso com certeza era novo e assustador.

Primeiro porque eu e ela não deveríamos ficar juntas. No fundo, ela sabe que é loucura, sabemos que só estamos trabalhando em conjunto porque ela está na merda tanto quanto eu. E segundo que eu nunca senti estas coisas, nem mesmo quando estava com o Joker. Não que fosse recíproco... 

Por isso era assustador, eu literalmente não sabia o que fazer.

Logo eu, que adoro meus planos perfeitos. Eu sempre os executo com uma maestria invejável, sou fria e calculista, mas de uma maneira boa. Agora, perdida nos pensamentos pela ruiva o que eu faria? Iríamos falar sobre isso? Eu lutaria contra isso? Seria estúpido lutar contra algo que somente ao vê-la perto de mim, aflora sem nenhuma barreira. Eu estava até me acostumando a cuidar dela.

Não podemos ter um relacionamento. Estaria fadado ao fracasso, nunca daríamos certo. Perdida em meus devaneios finalmente avistei Nyssa. Ela estava conversando com Oliver, no bar, de costas para mim.

- Nyssa o que você viu lá... - tentei me explicar porém ela me interrompeu assim que ouviu minha voz, ela virou-se de frente para mim.

- Vocês estão mentindo pra mim e meu pai, vocês não são irmãs, não é? - indagou com uma ponta de decepção na voz.

- Somos sim, por favor, aquilo que viu não foi nada demais. Estamos acostumadas a ter algumas fraquezas... - expliquei cética do que estava falando, ela cerrou os olhos.

- Incesto? Jura? Primeiro vocês chegam do nada, eu não conheço vocês. Daí querem falar com meu pai com uma história e depois vejo vocês se agarrando? Eu não acredito em vocês. - reclamou exasperada. Oliver fez uma careta e levantou-se.

- Depois eu volto, até já - disse passando por mim em direção a pista, dando dois tapinhas de leve em meu ombro, desejando-me boa sorte.

- Por favor, não desfaça nosso negócio com seu pai, pode ver nos próximos dias! Se você achar que isso atrapalhe ou que estamos mentindo sobre  quem somos pode mandar nos matar, eu prometo - disse cruzando os dedos atrás da costas.

Ela semicerrou os olhos intrigada.

- De onde viemos, nós não matamos, nós decapitamos - ela falou séria e engoli em seco lentamente - espero mesmo que provem sua lealdade amanhã. Ou contarei tudo a meu pai -- alertou. 

- Tudo bem, agradeço veemente, obrigada.

- Está bem. Amanhã estejam aqui na piscina pela manhã, explicarei tudo quando estiverem aqui - disse e assenti, quando finalmente Pam nos encontrou.

- Nyssa... - chamou. Trocamos um longo olhar e em seguida, desviou fitando a morena ao meu lado - o que você viu...

- Relaxa, não irei contar nada. Vou dar a vocês o benefício da dúvida. Se vacilarem, não hesitarei em dar suas cabeças para meu pai - disse simples e saiu a passos curtos.