Anne mal podia conter a alegria com as boas novas que havia recebido de Green Gables. Ela estava com tantas saudades de casa que ficou feliz ao receber a carta de papel amarelado com a letra fina e pequena de Marilla no envelope.
Anne sentou-se sob a cama e leu com cuidado a resposta de sua amadrinhada:
Querida Anne,
Não sabe a falta que faz em Green Gables. Tudo anda tão silencioso e fúnebre que as vezes fico imaginando como pudemos viver tantos anos sem sua presença em nossa pequena fazenda. Matthew anda mais calado que o habitual e as vezes ele acaba perguntando onde você está, que sua comida irá esfriar se não descer a tempo do café, mas não se preocupe, é somente a força do hábito, eu mesma me peguei lhe gritando pela escada para descer (não ria de mim). Sinto saudades, mas sou muito feliz por ver você voar.
Eu e Matthew estamos tão orgulhosos da mulher inteligente e de coração enorme que está se tornando.
Acabamos abrindo sua carta direcionada a Jerry por engano, mas acabou sendo um dos feitos mais importantes. O coitado tem trabalhado dia e noite ao lado de Matthew e as vezes dorme no celeiro (oferecemos o seu quarto, mas ele se negou dizendo que você mataria ele, sabemos que não faria isso, no fundo ele não queria ficar em seu lugar). Enfim, como ele têm passado mais tempo que o habitual em Green Gables, eu e Mathew discutimos depois de sua carta e conversamos com ele sobre a possibilidade dele estudar. Ele ficou tão feliz que queríamos muito que tivesse o visto. Ele é esforçado, está indo todos os dias a escola e a senhorita Stacy vem duas vezes na semana. Estou cogitando até que em pouco tempo ele consiga estar pronto para
tentar o exame da faculdade.
Sei que ainda falta algumas semanas, mas estamos contando as horas para revê-la no feriado de Páscoa.
Nós te amamos muito, Anne!
-Mathew e Marilla Cutberth.
Anne levou a carta ao peito e fechou os olhos, feliz não só por saber de seu casal de irmãos favoritos, mas por ver o amor que foi escrita na carta. Ela era amada, e isso sempre emocionaria Anne.
Diana entra no quarto e percebe a amiga com a cabeça nas nuvens.
-Tudo bem, Anne?
-Sim, só uma carta de Marilla. – comenta a menina. Sem saber ao certo de devia ou não mencionar Anne acrescenta. – Jerry está estudando agora. – ela comenta e tenta soar como despreocupada.
Diana olha um pouco surpresa a amiga, mas também finge não ser nada demais.
-Estudando? De verdade?
-Ah, sim. Ele está praticamente vivendo em Green Gables, então os Cuthbert o ajudaram a começar a estudar na escola, a senhorita Stacy está ajudando ele também, para correr nos estudos. Parece que ele vem progredindo bastante.
-Puxa... que bom! – Diana sorri, mas parece inquieta e até preocupada.
-Vocês chegaram a se resolver... em Avonlea?
-Mais ou menos. Estava com raiva e terminei com ele, mas não foi de um jeito que ele merecia, admito. – A moça suspirou.
-Bom, logo ele entrará na faculdade. Ele é lindo! Muitas moças vão morrer de amores por Jerry e logo ele irá superá-la! – Anne sorri e se levanta para guardar a carta.
-É... – Diana fica distante e impaciente.A moça tentava ignorar seu último encontro decadente com Jerry. Ela estava brigada com Anne, não iria para Queens, sua irmã a chamava de mentirosa, seus pais a cobravam absurdamente e ela já não se reconhecia de tantas mágoas que estava sentindo. Foi infeliz e descontou tudo no pobre rapaz francês. Ela se perguntava o que realmente sentia por ele, pois Jerry era bonito, de fato, tinha um sorriso encantador, e seu sotaque francês era seu charme, mas Diana via Anne com suas emoções fortes e avassaladoras, ou Ruby suspirando pelos cantos e se perguntou se seu coração era frio ou ela não conseguia sentir amor; o que ela sentia não parecia ser o amor dramático dos livros românticos que sua amiga lhe cativava.
Mas se ela não o amava, porque ficou tão incomodada com o fato de imaginar ele cortejando outras moças e até se casando?-Ah, Diana, você sabe que independente de tudo Jerry é um rapaz maravilhoso. É só isso, você reconhece isso. – A menina sussurrou para si mesma, tentando se convencer de que estava tudo bem.
-Falou comigo? – gritou Anne do banheiro.
-Não, só pensei alto mesmo.
Naquele mesmo dia, na hora do jantar, as meninas estavam sentadas a mesa e estranhavam a ausência da senhora Elisa, que sempre era pontual. Depois de uns dez minutos elas decidiram ir comendo antes que a comida esfriasse.
-Será que ela está passando mal? – sussurrou Josie Pye vendo a criada subir e descer toda hora a escada até o quarto da mulher.
-Será que ela morreu? – gemeu Ruby nervosa.
-Calma, Ruby, não deve ser nada. – Diana tentou acalmá-las.
Um pouco antes do jantar terminar, as meninas ouviram o som da escada ranger, denunciando os passos lentos da senhora.
-Meninas, perdoem não ter jantado com vocês, mas recebi um telefone urgente. – ela parou de frente a todas e sorriu.
-Sou avó! – ela comentou animada.
Anne foi a primeira a levantar e abraçar a senhora, as demais meninas também foram parabeniza-la logo em seguida.
-Eu estarei embarcando no primeiro navio amanhã cedo em direção a Londres ver meu filho e meu netinho. A viagem é longa e Sabrina irá comigo me dar suporte. Ficarão tranquilas sozinhas esses próximos dias?
Diana olha para Anne que olha para Tillie que olha para Josie, que olha para Ruby. Então Josie levanta com sua maior cara lavada e despreocupada.
-Faremos o possível, senhora Elisa. Nós somos moças bem educadas e iremos garantir
que tudo fique em ordem. – Anne viu Josie Pye cruzar os dedos escondido atrás das costas.
-Ah, que bom! Se comportem!
A senhora subiu pulando de alegria arrumar suas malas.-Vocês acham melhor uma festa temática ou neutra? – perguntou Josie enquanto anotava num caderninho as opiniões das meninas depois do jantar no quarto dela e da Jane.
-Vamos ficar encrencadas se ela souber. – comentou Ruby.
-Também não acho legal testar a confiança da senhora Elisa, ela nunca mais confiaria na gente. – concordou Anne.
-Parem de serem pessimista, ela nem irá saber. Será tudo bem discreto. – Josie sorri.
– Vamos poder trazer garotos! Será um ótimo momento para Ruby beijar o Moody, da Tillie ficar sete minutos no paraíso com um de seus pretendentes e até para você e o Blythe ficarem a sós.
Anne abriu a boca para protestar, mas reconsiderou a situação. Ela sabia que seria muito difícil ela e Gilbert ficarem sozinhos em Charlotte Town e Josie soube exatamente pisar em seu calo.
-Vamos fazer isso acontecer. Podem deixar que eu tomo a frente de tudo. – garantiu
Josie determinada.
Continua...
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A LOVE STORY || AWAE
Romance{ᴠᴇʀsãᴏ ᴀʟᴛᴇʀɴᴀᴛɪᴠᴀ - 𝟺ª ᴛᴇᴍᴘᴏʀᴀᴅᴀ} Anne estava vivendo seu sonho, estava finalmente em Queen's University com sua melhor amiga, havia aceitado seus cabelos ruivos e, acima de tudo, Gilbert havia declarado seu amor antes de ir para Toronto. O que...