♥ Um recado ♥

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Meu coração batia de forma descompassada enquanto eu andava em direção a minha casa. Meus pés me guiavam e instintivamente eu me levava para longe daquilo tudo enquanto minha mente fervilhava em sentimentos.

Ainda sentia o cheiro forte e único de Tommy, sentia o calor de seus dedos roçando minha pele, o sabor de sua boca...

Passo pela cerca em direção a fazenda quando vejo alguém sair da casa do tio Bash, por um segundo ignoro, achando ser Mary indo brincar com as gêmeas, mas então ouço sua voz me chamar.

-Rilla!

Viro e suspiro aliviada, num mister de surpresa e alegria, correndo a seu encontro sem conter o grito.

-Delphine! Oh, que saudades! – abraço-a com força e ela me aperta. – Achei que a veria apenas nas próximas semanas!

-As provas já terminaram então eu me adiantei para fazer surpresa. É tão bom vê-la! - ela sorria.


(Delphine Lacroix)

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(Delphine Lacroix)


O sentimento confuso que passei, misturando as saudades de minha prima resultaram e lágrimas que escapavam os olhos e eu não conseguia conter.

-Rilla, o que houve?

-Eu... eu acabei de fugir do Tom. – digo suspirando e me recompondo.

-Ah, qual foi a implicância da vez? – Delly esboçou um sorriso.

-Ele me beijou e... e eu correspondi. - Delly arregalou os olhos e ficou atônita alguns segundos.

-Ok, acho que as novidades da faculdade podem esperar. - ela me puxa pela mão, ansiosa para saber mais.


Depois de ser esmagada pelos meus pais e meus irmãos, eu e Delly conseguimos fugir deles e nos trancamos em meu quarto.

Delphine era inteligente, sagaz e espirituosa. Eu a admirava muito, desde que partira no início do ano para a faculdade, sinto profundas saudades suas. Nós duas e Cordélia passávamos muito tempo juntas.

Conto brevemente de meu jantar nos Gardners, do clube, do beijo, do meu pânico...

-Acho que é compreensível... – ela comentou pensativa deitava em minha cama. – O medo na hora sabe... porque você percebe a intensidade que sente algo... é assustador, principalmente alguém que jurava detestar. – Delly sorriu, mas depois se virou e me encarou. – Mas e agora? O que sente? O que dirá quando vê-lo amanhã?

Estou na penteadeira, desfazendo a trança e encaro-a pelo reflexo do espelho.

-Eu não sei... – suspiro.

-Tá, vou melhorar minha pergunta, você gostaria que aquilo se repetisse?

-O beijo?

-É, tipo, o combo do beijo.

Lembro de seu abraço, de sua companhia e da conversa, do meu coração acelerado com cada movimento seu, de sua voz, da noite maravilhosa em sua casa, com seus pais, do seus olhos sob os meus, seus lábios...

-Você está sorrindo! – comentou Delly me tacando uma almofada.

-Tá, talvez eu tenha gostado... - digo rindo agarrando a almofada.

-Então pronto. Tá aí sua resposta.

-Acho que está certa. Amanhã eu vou falar com ele. – digo tomada por uma energia ansiosa surreal. A ideia de encontra-lo agora era animadora.

-Agora posso ouvir suas histórias em Queens! Quero saber tudo! – digo fazendo-a rir.

Delphine sempre teve uma beleza exótica, que chamava atenção. Por muito tempo foi tratada de forma diferente, mas a medida que ia crescendo e mostrava sua graça ao povo pacato de Avonlea foi ganhando o coração de todos, inclusive dos meninos que começaram a olhá-la com devoção. Uma prova disso era o Franck, ele era apaixonado por Delly, mesmo ela sendo um pouco mais velha que ele. Mas Delphine nunca olhou para os rapazes da Ilha do Príncipe Eduardo, ela queria mais e eu era apaixonada pelos ideais dela. Ela não se contentava com pouco.

-Eu conheci um homem incrível em Queens. Eu estava na biblioteca e me deparei com uma figura negra me encarando, como se eu fosse um oásis no deserto. Óbvio que negros não são a maioria lá, principalmente mulheres, mas então nossos olhos se encontraram e química foi inevitável. Nos tornamos o refúgio um do outro no mar de gente branca.

-E ele é bonito?

-É maravilhoso! Charmoso... sedutor... ai. – Delly suspirou me fazendo rir.

De repente a campainha toca, mas continuamos conversando sobre o suposto pretendente de Delly, quando escuto John me chamar no andar debaixo. Desço e Delly me acompanha, fico surpresa ao ver Gus Andrews a porta.

-Augustus? Algum problema?

Olho para Delly e para John que havia se afastado, mas estava ainda perto para ver do que se tratava. Ele também parecia surpreso com a visista do rapaz.

-Oi, desculpa a hora, mas eu estava caçando, de passagem na floresta, então eu trombei com o Tom e ele me pediu a gentileza de vir te dar um recado. – ele coçou a cabeça um pouco confuso e sorriu. – Ele pediu para dizer que havia sido um erro, que seria melhor esquecer tudo aquilo em prol da amizade de vocês. – ele comenta. – Faz sentido para você? Ele não quis explicar o que era...

Pisco algumas vezes desnorteada e olho para Delly que também parecia chocada e desapontada. Volto minha atenção a Gus e forço um sorriso.

-Obrigada pelo recado, fez sentido sim. – sussurro. Ele abre um sorriso.

-Que bom. Não entendi muito o porquê ele não podia dar o recado pessoalmente amanhã, mas eu estava de passagem e... bem. Ele realmente devia estar evitando o assunto. – ele sorriu como se pedisse desculpas.

-Tudo bem. Obrigada pela gentileza.

-Boa noite. Ah, oi Delly, bom vê-la também! – o rapaz sorri e acena para a moça ainda na escada atrás de nós. Ela apenas sorri e então Gus dá as costas e vai embora.

-Porque o Tommy ia pedir recado para o Gus? – questionou John se aproximando confuso.

-Não é nada. – suspiro devastada e sorriu. – Ele apenas não quis ser homem o suficiente. – digo e subo as escadas sentindo profunda tristeza. 


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Continua...

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