Anos se passaram no pequeno povoado situado na Ilha do Príncipe, no Canadá. A pequena escola local de Avonlea parecia viver um tipo de Dejavu quando pequenos detalhes parecem se repetir atemporalmente. Bertha Marilla, ou Rilla para os amigos, sentava onde outrora foi lugar de sua mãe, Anne Shirley. Ao seu lado como fiel escudeira, encontrava-se Cordélia, ou Lia, onde Diana Berry, sua mãe, um dia já ocupou. As duas moças de quinze anos não podiam imaginar as tantas histórias que ocorreram anos atrás onde elas mesmas se encontravam agora.
Cordélia era uma eterna apaixonada, com uma beleza elegante remanescente dos Barry e o sorriso e olhos gentis dos Baynards. Tinha muitos meninos aos seus pés, mas eram todos insignificantes comparados ao único que parecia não estar disposto em cortejá-la: o irmão de sua melhor amiga, John Blythe.
Tímido, quieto e introspectivo. Ele fazia suas lições em silencio e retornava da escola ansioso para ajudar seu avô nos afazeres da fazenda sem demonstrar nenhum tipo de interesse amoroso seja por Lia ou por qualquer outra menina interessada no rapaz.
-Sabe o quanto é deprimente receber quatro elogios no mural de interesses e nenhum pertencer a seu irmão? – Cordélia sussurrou enquanto a senhorita Stacey tirava uma dúvida de Elle, filha de Ruby e Moody.
-John não faz o tipo que escreve bilhetes amorosos. Na verdade ele mal escreve o nome dele. Chega a ser vergonhoso tendo uma escritora como mãe. – Bertha riu.
-Estamos ficando velhas e ele é minha melhor opção. – Cordélia comentou nervosa olhando a fileira de meninos, avaliando suas possibilidades de pretendentes.
-Há outros meninos bonitos na turma. – comenta Bertha, mesmo que estivesse mais interessada em terminar de copiar o dever. – Que tal o Gus? – ela sugere
-Augustus Andrews? Lindo de boca calada. – a menina choramingou. – Fora que ele parece bem mais interessado em você.
Bertha olhou de relance Gus, ele era bonito, loiro, alto... mas era um Andrews. Nunca se envolveria com um Andrews. Além dele, havia alguns bobões, não tinha muitas opções boas realmente, a não ser Franck Baynard, o irmão mais velho de Lia. Ele era lindo, tinha um jeitinho francês que Bertha já chegou a sentir uma queda quando pequena, mas eles são quase irmãos, seria absurdamente errado pensar nele de outra maneira hoje em dia. Além dele, tinha apenas o Tommy Gardner, segundo as amigas, era o mais bonito da sala, mas Rilla só sentia profunda antipatia pelo vizinho esnobe.
O sinal toca e as meninas respiram aliviadas fechando os livros. Elas caminham até o hall para pegarem seus casacos e chapéus. Cordélia tagarelava em como John tinha um sorriso perfeito enquanto Bertha fingia ouvi-la vestindo o casaco e nem se deu conta quando virou e trombou em alguém.
-Ficou cega ou é desculpa para se esbarrar em mim? – a voz convencida fez Bertha revirar os olhos.
-Sai da frente, Gardner! Está empesteando minha visão com essa sua cara horrorosa.
O rapaz ergue uma sobrancelha e sorri, a menina o tirava do sério facilmente. Não havia nem uma semana que havia sido chamado atenção por conta da discussão dos dois, então evitaria outra discórdia, principalmente tão perto do baile.
-Estou de carroça. Tive que trazer a prensa nova. Querem carona? – ele muda de assunto para não revidar o comentário maldoso da vizinha.
-Não. – comentou Bertha.
-Sim! – respondeu Cordélia. – É claro que queremos. Meus sapatos novos agradecem a gentileza, Tommy.
Com Bertha resmungando, Cordélia a puxava pelo antebraço até a carroça do rapaz que era vizinho e amigo da família das duas meninas.
-John! Vamos? – perguntou Tommy quando John saia da escola. A maior ironia era o menino mais calado da escola ser o melhor amigo do menino mais popular.
-Ah... não. Estou bem! – o menino respondeu sem jeito, vendo Cordélia acenar para ele.
-Acho que farei companhia a meu irmão. – Bertha comenta saindo de fininho da carroça, mas Cordélia a puxou com força e sorriu a Tommy para que ele pudesse ir.
-É descortês uma dama andar sozinha com um homem. Se você descesse eu teria que descer junto. – resmungou Cordélia fazendo Bertha revirar os olhos e Tommy rir da discussão das duas
-A diferença é que o Tommy não é um homem, Lia. – comentou Bertha para implicar o rapaz.
Lia arregala os olhos, sentindo que Bertha havia ido longe demais desta vez. Rilla viu o rapaz desfazer o sorriso, mas manteve a postura e encara a menina.
-Não me importa o que acha. Outras meninas, incluindo Tina Andrews, acham o contrário. – o menino mostra seu sorriso mais galã fazendo Bertha fechar a cara e revirar os olhos, arrependendo-se de tê-lo cutucado.
***
-Como ele pode estar saindo com a Tina!? – bravejou Bertha a amiga enquanto as duas deveriam estar fazendo a lição de casa na mesa de jantar dos Baynard.
-Desde quando se importa com quem o Tommy sai? Aliás, ele estava sendo gentil nos dando carona, porque foi tão ríspida?
-Eu não me importo. Só acho grande mal gosto! – a menina dá de ombros. – E não fui ríspida, ele sempre é um grosso comigo! Não o defenda!
Cordélia sorri ao ver a reação da amiga.
-Logo a Tina... – gemeu Bertha ao lembrar da menina mais insuportável da sala.
-Concordo. Tina tem uma beleza tão... normal. Quem quer sair com uma menina loira de olhos claros e de família importante?
-Você não está ajudando, Cordélia! – resmungou. – Mas quer saber? Eu não me importo, nem sei porque estamos falando dele.
-Curioso, não é? – Lia sorriu, fingindo que não sabia que no fundo a amiga estava interessada no rapaz, pois sabia que negaria até a morte só de birra.
***
Enquanto isso, Tommy e John estavam na floresta trabalhando num projeto pessoal deles.
-Devia parar de usar outras garotas para tentar fazer ciúmes na Bertha, sabe que não funciona. – comentou John carregando um punhado de toras.
-E desde quando quero fazer ciúmes na sua irmã? – Tommy riu.
-Há dois meses você disse que achava a Tina a menina mais sem graça e normal que já conheceu. – comentou John. – Me passa o martelo.
-Mas ela não deixa de ser bonita. Aliás, do que está falando? Porque não chama logo Cordélia para sair ao invés de ficar fugindo dela? – Tommy mudou de assunto.
-Não estou fugindo... – o rapaz comentou, mesmo que realmente estivesse fugindo.
-Uma garota corresponde aos seus sentimentos e você está fugindo sim! Nem todos tem essa sorte. – comenta Tommy e John o encara, sentindo que tocara numa ferida pessoal.
-Chega de falar de garotas. Me ajude e erguer as hastes. – comentou John encerrando o assunto.
-Acho que até o final da semana terminamos o clube.
Continua...
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A LOVE STORY || AWAE
Romansa{ᴠᴇʀsãᴏ ᴀʟᴛᴇʀɴᴀᴛɪᴠᴀ - 𝟺ª ᴛᴇᴍᴘᴏʀᴀᴅᴀ} Anne estava vivendo seu sonho, estava finalmente em Queen's University com sua melhor amiga, havia aceitado seus cabelos ruivos e, acima de tudo, Gilbert havia declarado seu amor antes de ir para Toronto. O que...