Strong Of Character - Holocausto

Strong Owls não devem trair.

Jimin chegara no 303 há pouco. Havia deixado os presentes que recebera em cima do seu criado-mudo e a grande pelúcia acima da cama. Ele sempre gostou de algo fofo e macio que pudesse abraçar ao dormir, então sabia que ele adoraria recebê-la ao voltar para que se sentisse confortável.

É verdade, eu fui visita-lo, mas não para ficar ou me lamentar de ter participado do evento mais insano causado na Strong Of Character. Apenas tinha deixado o presente acima da mesinha redonda e me retirei, sem sequer olhá-lo. Não tinha nenhuma coragem e, bem, presumi que Jeon Jungkook não a tivesse também pelo fato de que ele o matou, mas Jeon esteve lá todas as tardes. É compreensível, afinal, prometera se distanciar desde que Jimin renascesse e aqui está ele, diante de mim com seus traços mais angelicais do que qualquer outro dia, encarando-me indiscretamente.

Recostei na parede gelada ao lado da cabeceira da cama de solteiro e suspirei intensamente. A sensação da presença de Jimin em vida havia morrido junto consigo, portanto tinha dificuldade de fazê-la renascer como ele fez. Acompanhá-lo me parece impossível, uma vez que sempre estivemos juntos, na mesma sintonia. Não sei ao certo qual emoção lidar. A única certeza que tenho é que não deveria sentir o que estou sentindo, ainda mais estando com Jung Hoseok.

— Também me lembro de você. — Ele sorriu enquanto colocava os girassóis em uma garrafa de plástico. — Melhores amigos há cinco anos, não é? — Questionou retoricamente, fazendo com que arrepios estimulassem todo meu corpo. — Tem algumas memórias bagunçadas, mas acho que em breve passa.

— Tipo o quê? — Indaguei, não sendo como o cretino do Jungkook que conseguia disfarçar a emoção em sua voz.

— Acho que estávamos brigados...

Desde que Jimin fora pra missão havia me sentido um merda por deixa-lo abalado em um período onde ele com certeza precisaria de sua força psicológica e física. Por mais que fora Jeon Jungkook quem o confundiu e brincou com seus sentimentos, ele evidentemente estava frustrado comigo, também. O que ele deveria pensar quando estava nas mãos de John Crowler, sofrendo o que não merecia? Que seu melhor amigo era um bosta? Que se sentia sozinho e traído?

Engoli em seco, rasgando minha garganta por completo. Se Park notou, não deixara transparecer. O garoto havia sentado na outra extremidade da minha cama, os joelhos tocando os meus.

— Não era nada demais.

— Sério? Porque parece que ainda temos o que resolver. — Estendeu o lado direito dos lábios amenamente.

— Já resolvemos.

Senti o calor do corpo dele transpassar para o meu eletricamente.

— Bobinho. — Ele mordeu o lábio sem fazer a mínima ideia do quão sensual estava. — Você queria me falar alguma coisa antes de eu apagar...

Havia grandes possibilidades de Park Jimin apenas se recordar de eventos ocorridos antes da missão, por essa razão Jeon Jungkook e todo o resto fora deletado de sua memória, embora fosse estranho especificamente Jeon por conta de que estávamos brigados justamente por ele.

— Não queria? — Murmurou em um tom hilário, acompanhado com uma risada estridente.

Jimin se inclinou e a ponta do nariz tocara o meu. Meu estômago revirou.

— A-acho que não. — Gaguejei ridiculamente, o que o fez esfregar a ponta de sua narina na minha. — Quer dizer, eu não lembro. Faz um tempo.

— Fiquei fora por algumas semanas e parecia ser sobre um assunto importante. — As pequenas mãos apoiaram-se nas minhas coxas e sua sonoridade suavizou. — Não acho que tenha esquecido.

Arfei, porque normalmente o Jimin-antigo não iria querer que eu me declarasse. Talvez no fundo eu soubesse que ele reconhecia meus sentimentos por si, porém iria ficar tão sem jeito para retorquir que preferia não comentar sobre o assunto. Mas, algo no agora me faz pensar que pode ser que eu tenha uma nova chance com ele, por mais que provavelmente Jungkook fará de tudo para me foder.

— Você está nervoso? — Inclinou a cabeça, os fios loiros roçando e fundindo-se aos meus. Park evitava ter essa proximidade comigo, por que ousaria a tê-la repentinamente? — Tá suando...

O polegar da mão direita ergueu-se à minha bochecha e a acariciou lentamente e não evitei cogitar a forma como nossas respirações eram uma só e nossos lábios estavam tão próximos que com um simples e sutil movimento poderiam estar entrelaçadas.

— Não vai me di-... — O interrompi com o ósculo perfeito, o que havia imaginado durante horas, dias, semanas, meses... Durante anos de minha vida. O gosto dos lábios de Jimin era mesmo doce como havia pensado e é tão bom pratica-lo quanto havia pensado. Provavelmente é o momento em que ele me empurraria e me encararia assustado, porém Jimin apenas prosseguiu com a língua enroscando-se à minha lentamente, os lábios sugando não só os meus, mas o que meu coração tinha para oferecer desde... Sempre?

O beijar trouxe sensações que não fazia ideia que poderiam existir. É o tipo de ósculo que te reacende novas emoções e te faz se surpreender e questionar a razão por não tê-lo feito antes.