Um Strong Owl sempre sabe que é seu dever saber quem realmente é a vítima.

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Normalmente não frequentava o tempo o qual passávamos no refeitório pelo fato de não sentir fome. Bem, não o tipo considerado normal de fome. Mas, às vezes parecia-me interessante frequentar o jantar, porque sempre tinha os rostos animados de todos os Strong Owls, transparecendo fofocas e muita das situações briguinhas com a comida. Grande desperdício, eu sei, porém a quantidade de massa entre os sobrenaturais e humanos tornava-os infantis. Os membros do D.C disponibilizavam apenas a janta para que todos se acostumassem — e talvez não suspeitassem — que seres sobrenaturais residem com eles, porque parecia ser estranho ter que separar todos os adolescentes de turma, horários de atividade extras e muita das circunstâncias no período da refeição.

Ao adentrar meu respectivo quarto, demasiados post-its eram espalhados de variedades cores às paredes. Em um deles estava escrito tudo o que Carter cogitava em fazer para reformar toda essa bagunça. Meia-bagunça. Jimin tinha me feito dobrar e organizar todas as roupas dentro do guarda-roupa, frustrado que o beijo não havia dado certo.

Havia ponderado bastante na questão de ajudar Jimin a encontrar Crowler outra vez. Era justa sua vingança, porém não era correto fazê-lo sofrer futuramente. Com certeza, em algum momento, eu erraria com ele e desta vez não teria emocional para superar tanta merda feita, ainda mais quando tive a segunda chance. Não que eu fosse tirar suas armas antes de fazê-lo enfrentar John Crowler ou seduzi-lo emocionalmente para confiar em mim em qualquer situação, mas eu sempre acabo decepcionando de algum jeito. Então, como planejado outrora, eu irei ir atrás dele, deixando Park apenas com a parte em que salva sua família e vive feliz para sempre, como os filmes e histórias clichês. Ele é a princesa que teve sua segunda oportunidade na vida e eu não vou ser o vilão do enredo. Não dessa vez.

Porém, havia algo de distinto em todo o cenário que tinha acostumado a vivenciar. Não era pela ausência de Carter, Áurea e agora Jimin. Em minha cama possuía uma caixa média, vindo da correspondência. Quem havia a deixado ali, temporariamente, era um mistério, mas o fato é: não havia ninguém que pudesse mandar algo para mim.

Ninguém além de...

— Droga! — Me aproximei, rasgando as fitas que a enrolavam, assegurando que não rasgaria tão facilmente. Meu coração disparou constantemente ao apreciar o que a caixa me reservava e senti a necessidade de gritar novamente. Meus sentimentos estavam confusos, aflitos, destruídos e totalmente desestruturados. A força que os mantinha em pé havia fraquejado há muito.

Minhas pernas tornaram-se tremulas a ponto de desequilibrarem-se e jogar-me de joelhos ao chão. Meu corpo não correspondia às minhas ordens, causando-me abominação, tristeza e agonia. A tortura tinha retornado a dominar meu coração e se havia algo que John Crowler sabia era que Jimin estava vivo.

Dentro do papelão amassado havia algumas pétalas das asas Orquídea Cattleya Lueddemanniana. A sensação poderosa retornou aos meus dedos, dando-me à imagem de como era deslizar pela pele de Jimin novamente, em um contato árduo e íntimo, correspondido e apaixonante. Embora momentaneamente mortas, elas reascenderam, reluzindo em piscadas aceleradas e rápidas. Meus braços penderam-se ao lado do meu corpo, derrubando a caixa brutalmente. Minhas pernas enchiam-se de pétalas macias e algo por entre elas era áspero e maleável: Um papel.

Dedilhei o folheto, que viera junto com algumas pétalas enroscadas em meus dedos. Era uma carta escrita à mão em letras desordenadas e ruins para a compreensão. Ela dizia:

'' Não se perde: Renasce.

Irei voltar assim com os passarinhos retornam a seus ninhos, causando um holocausto em sua mente até que atinja seu coração.

Strong Of Character - HolocaustoOnde histórias criam vida. Descubra agora