Um Strong Owl deve saber que nem todas as suas deduções estão corretas.

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Ouvi os ruídos em minha janela aumentarem impacientemente e quanto mais ignorava, mais barulhos eram produzidos. Abri a janela, esgueirando meu corpo ao parapeito e encarando a grama por ora escura da Strong. Algo atingiu minha cabeça, fazendo-me massagear inconscientemente o lugar lesionado embora não tenha machucado intensivamente.

A silhueta de Park Jimin em uma de suas camisas mais largas remexeu-se ao andar pelo chão. Ambos os dedos indicadores gesticulavam para que eu descesse e por mais que quisesse negar seu pedido, desejava sair um pouco do quarto sufocante que o meu se tornou. Todas as situações ocorreram aqui, desde a morte dos descendentes à descoberta de que possivelmente Jimin não retornaria.

Jimin compreendeu meu gesto para que ele esperasse e olhei para o lado em que se localizava a cama de James — que enrolava a coberta por entre suas pernas, deslizando-a e a prolongando abaixo de sua cabeça, em uma posição inteiramente confortável — antes de saltar da Janela loucamente. O som havia sido enorme ao enfatizar as gramas esmagando-se sob meus pés nus. Era umas quatro da madrugada desde que me lembrava de ter visto o relógio outra vez. Tornou-se impossível dormir depois de receber a caixa de Crowler. Reconhecer que este havia escapado era um perigo, contudo John compreender sobre o retorno de Jimin e em breve ele quem estaria presente, talvez executando todos do internato ou me humilhando na frente deles é mil vezes pior. Acontece que essa merda toda me preocupa por medo de perder Jimin novamente e até pode ser que seja exatamente o que ele deseja obter de mim: desespero, insônia e agonia. Devo admitir que estou dando de bandeja para ele todos seus almejos sem sequer disfarçar. É sobre a vida de Jimin e se perdê-lo uma vez fora terrível, quem dirá pela segunda, onde tive a chance de protegê-lo e falhei miseravelmente irá acabar com o que me restou — o que também não é muita coisa.

— Acordou o James?

— É difícil acordar ele. — Senti a gélida grama fazer-me ter arrepios constantes. — O que você quer? — Abracei a mim mesmo pela madrugada fria, apreciando Jimin involuntariamente fazer o mesmo, puxando as mangas e as prendendo contra as palmas das mãos com os dedos.

— Vamos dar uma volta.

Permaneci em silêncio e a manga da mão esquerda subira para o pulso assim que ele a deixara de lado para envolver meu antebraço com seus dedos quentes e pequeninos.

— Achei que não fosse estar acordado. — Ele murmurou, arrastando-me pelo campus gradativamente. O olhar era atento caso alguém nos visse, o que era menos provável — porém ainda possível —, de acontecer. — O que estava fazendo essas horas?

— Eu que te pergunto. — Semicerrei a sobrancelha e Park sorriu. — Você andando por aí é estranho.

Jimin não sentia tanto frio. Na verdade, como um fada, ele estava acostumado a se adaptar a qualquer tipo de clima e tempo. Ele até que gostava, para ser sincero. Quer dizer, ao menos é o que imagino. Não me surpreenderia em vê-lo de regata em climatizações tão baixas.

Park caminhava em direção ao seu porto seguro, onde tinha descoberto suas asas, o ambiente de sua tranquilidade e paz. Nunca achei que fosse dizê-lo, mas tranquilidade e paz são tudo que espero nestes últimos dias.

— Eu perguntei primeiro. — Me vislumbrou por sobre o ombro da camisa larga cor-turquesa, sorrindo. Fora ai que notei o gloss de Francine em seus lábios, de novo. Sou totalmente apaixonado em sua boca, ainda mais quando brilham e aparentam ter um gosto convidativo.

Em um ínterim cogitei na possibilidade de falar sobre a caixa ou tentar extrair algo dele sobre John Crowler, mas não era o momento certo e talvez nem ocorresse...

— Tenho que resolver umas coisas.

— Huuum — O beicinho formou-se em seus lábios. — O senhor-super-ocupado. O que era?

Strong Of Character - HolocaustoOnde histórias criam vida. Descubra agora