Os Strong Owls às vezes passam dos limites para terem coragem.

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O desespero invadia as batidas aceleradas em meu coração e respirei duas vezes antes de dar duas batidas na porta. Não queria perdoá-lo, mas não me restava opções. Quer dizer, não no momento. Estive pensando apenas em uma coisa desde que tinha saído da reuniãozinha ridícula que Maggie estava tratando, com uns beijos e brincadeiras idiotas com Ethan Ferro. No final todas sabiam que ele espalharia para todos a sua participação especial, como o convidado da primeira edição do café-das-garotas-do-Renton.

Taehyung acomodou seu braço direito no batente da porta, de forma que fizesse seus fios cinza caírem sutilmente em seus olhos e os músculos de seu pescoço, ombro e braços tensionarem. Ele estava sem camisa, ato que costumava fazer sempre que havia decidido ficar no quarto o dia inteiro. De acordo com ele se sentia livre e gostava da ideia de não ter uma vestimenta para usar. Se pudesse ficaria nu — era seu grande e patético sonho. Ridículo.

Os olhos dilataram, brilhando intensamente.

— Você está bêbado? — Puxou-me para dentro do quarto de forma tão bruta que fez com que meu corpo se arrepiasse. Os pelinhos de meus braços se eriçaram e o espiral de arrepios contornara minha espinha.

— Um pouquinho. — Ri, esquecendo-me de que ele havia sido o cara que quebrou meu coração; esquecendo-me de que havia acabado de sair de uma terapia forjada das meninas do café society e que prometi para Francine várias vezes não vê-lo nunca mais. — Só um pouquinho. — Umedeci os lábios secos, demonstrando a quantidade em meu dedo indicador de polegar, apertando-os para demonstrar que definitivamente havia sido muito pouco. — Você me deve outro marcador.

— Achei que não quisesse mais falar comigo. — Ele sorriu maliciosamente, afastando-se e inclinando o corpo para a escrivaninha. Dentro de um livro didático havia o marcador feito por Taehyung. — Mas tentaria de qualquer forma.

Ele não podia me fazer detestar amá-lo. Esta é minha noite, eu quem farei as regras e tudo irá ocorrer com meu consentimento. Nada de sentimentalismo ou muito pessoal, até porque minha atração física por Taehyung é muito maior do que com Conan.

Peguei o marcador verde, com as iniciais de meu nome e sobrenome em tintas brilhantes, reluzentes, que, sem dúvida alguma, iluminariam no escuro. Aparentemente ele havia demorado muito tempo para deixar perfeito algo que havia estragado. Pode ser patético, mas assimilar um marcador de páginas com nossas vidas faz total sentido. Não é só porque ele o alterou e se esforçou para deixa-lo bonito que signifique que ele não rasgara o outro.

O lancei para a outra extremidade do quarto e ele suspirou intensamente. Não podia deixar de achar fofo o seu ato em refazê-lo.

Não misture as coisas, Hoseok... Comentei a mim mesmo.

Taehyung se afastou e no mesmo momento o segui, desferindo um tapa em seu rosto — mais precisamente em sua bochecha. Os olhos se arregalaram e seu semblante tornou-se embasbacado, totalmente aturdido e surpreso. Semicerrou o maxilar, repensando em comentários que brevemente faria em sua expressão mais ríspida. Praticar do ato tinha me deixado relaxado, como se metade do que Kim fez comigo havia sido descontado apenas em um gesto. É satisfatório.

— Certo, eu merecia isso.

— É, merecia. — Suspirei pela situação exaustiva e deprimente. — Mas não significa que te perdoei.

— Então o que faz aqui?

A indagação me deixara com os lábios secos e o coração extremamente abrupto. Sei o que estava fazendo ali, mas é mesmo correto?

Subitamente uma onda de medo e covardia se apossou de mim. Não é certo, mesmo que eu queira muito, mesmo que seja algo incontrolável em meu corpo. Ele esteve sendo um cretino, o que estou fazendo aqui?

— Eu estive andando e... — Ele arqueou ambas as sobrancelhas demonstrando que me conhecia tempo suficiente para reconhecer que estou mentindo. Ou eu o faço mal demais. — Ah, sei lá, nada de importante.

— Hoseok. — Ele sorriu, com seus dentes perfeitos e sua pinta irresistivelmente centímetros abaixo de seus lábios.

— Cala a boca. — Me aproximei, contornando seu pescoço abruptamente e retornando a fazer o que sentia saudade desde que descobri sobre a traição: beijá-lo intensa e profundamente. — Você faz perguntas demais. — As mãos de Taehyung me envolveram e nada me importava a não ser o calor de seu corpo. Eu poderia esquecer, temporariamente, seu erro e foder. Como eu sentia falta de toda essa vibração enlouquecida que ele me passava. Droga.

Com o impulso necessário consegui adornar minhas pernas em suas cinturas sutilmente, sendo neste instante a inquietação de Taehyung.

— Eu não posso.

— Por quê? — Murmurei em lastimas. Qual é, ele não podia me deixar aqui, todo sedento por si.

— Não é justo.

— Mas eu quero.

— Você está bêbado. — Seus braços soltaram o peso de meu corpo levemente, fazendo-me agarrá-lo com mais força do que das outras vezes.

— E você é um babaca.

— E eu não quero me sentir mais do que já sou.

— Não vai, meu amor. Eu prometo. — Meus dedos deslizaram por seus ombros largos e fartos. Senti Taehyung se arrepiar.

— Hoseok... — Ele mordeu os lábios, hesitante. — Você sempre disse que queria que nossa primeira vez fosse importante.

— E está sendo.

— É um péssimo momento.

Arfei, insistente em minha proposta.

— Eu bebi pra ter coragem de vir.

As íris cabisbaixas me olharam de maneira como se trouxesse esperança.

— Mas é claro que somente para isso. — Sorri, frisando que realmente não havia sequer cogitado em perdoa-lo.

— Então eu sou a presa mais fácil?

— Você ou Conan. — Tombei a cabeça para o lado, embora não houvesse dúvidas em mim de que jamais faria com Conan. Quer dizer, não havíamos oficializado nada ainda e por mais que só fosse uma ficada, nada nele me agradava além de seus beijos ousados.

Ele retornou a me segurar potentemente, transparecendo a posse que outrora não existia.

— O quê? — Olhei para seu braço tensionado, rindo cinicamente. — Não gostou da ideia?

— Nem um pouco.

— Que pena. — Mordi os lábios inocentemente e Taehyung rosnou internamente. É mais do que evidente que seu corpo me desejasse tanto quanto o meu o almejava, era apenas questão de extrair um pouco — mas não totalmente — o orgulho e deixar logo essa merda acontecer.

— Eu vou te castigar por isso. — Ele poderia não ter feito noção, porém sua voz havia ficado rouca no mesmo interim que demonstrei a situação para ele.

Aproximei-me dele, sussurrando excitantemente:

— Gostei disso. — Minha língua pousou no céu de minha boca singelamente. — Foi tão sexy. — Ele sorriu arduamente. — Vou me comportar mal mais vezes. — Ele gargalhou, cheirando lentamente o meu pescoço.

Taehyung assentiu em concordância, revelando em seus olhos a perversão que antes não havia presenciado. Porra, que cara gostoso...

[...]

Strong Of Character - HolocaustoOnde histórias criam vida. Descubra agora