Café

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Renatinho não parava de sorrir a cada vez que Patrícia dizia algo. Nós estávamos confortavelmente sentados no sofá do meu amigo, conversando animadamente. Quando eu entrei no apartamento de Rômulo e Renatinho, e eles viram que Patrícia estava comigo, achei que eles iriam ter um ataque de risadinhas. Renatinho não conseguia parar de perguntar coisas a morena, que respondeu todas elas elegantemente, sempre dizendo o quão feliz estava por conhecer meus amigos. Ela estava interpretando direitinho.

Se por um lado eu estava feliz por ter a companhia de Patrícia, e poder ver meus amigos felizes, meu pensamento sempre acabava indo até Brunna. Suas duras palavras de hoje de manhã se repetiam em minha cabeça sem parar, e eu me sentia extremamente triste. Eu não imaginava, ou não queria perceber, que Brunna pudesse ser tão fria em relação a mim. Tento o máximo possível parecer concentrada na conversa dos meus amigos, mas era impossível. Isso até Fernanda me cutucar.

- E então? - Ela pergunta, e os olhares da sala se viram pra mim.

- O que? - Pergunto meio aérea. Eles riem alto.

- Eu perguntei pra você como e quando você conheceu a Patrícia.

- Bem. - Paro pra pensar. Não tinha passado na minha cabeça que eles iriam querer saber informações sobre como conheci Patrícia e não acho que iriam ficar satisfeitos ou que eu poderia falar sobre Brunna. Mas antes que eu abra minha boca, Patrícia fala por mim.

- Nós conhecemos em uma loja da Barney's. Derrubei café nela. Já fazia um tempo que eu estava a observando, mas só foi nesse momento que conversamos. - A mulher sorri pra mim, e correspondo, pegando em sua mão, num falso gesto de afeição. E deu certo porque Fernanda suspirou.

- Isso é muito legal. Ludmilla não é lá muito de conversar ou sair pra namorar, então ficamos muito felizes quando ela nos falou de você. - Rômulo fala. Patrícia dá um de seus sorrisos brilhantes, o qual passou toda a tarde usando. Ela era extremamente simpática e muito boa de papo.

- Achei que Ludmilla ia morrer solteira. - Renatinho me cutuca, e dou um sorriso irônico pra ele. Ele sempre pegou no meu pé por conta de eu sempre optar por passar as sextas em casa vendo maratonas de Orange Is The New Black, ao ir pra uma boate pegar geral.

- Achei que você ia ficar mais bonitinho com o tempo, mas olha, continua feio. - Debocho, e todos riem.

- Eu gosto desse jeito reservado da Ludmilla. Sinto que posso contar qualquer coisa pra ela. - Patrícia diz, apertando minha mão, e interpreto isso como algo relacionado a Brunna e toda a história do contrato. Sorrio sem graça para ela, recebendo um olhar confiante.

- Isso é verdade. Ludmilla é uma pessoa muito confiável. Foi a primeira pessoa que confiei sobre minha sexualidade. - Diz Renatinho, agora com a cabeça no colo de Rômulo, que acaricia seu cabelo. Já era 4 da tarde, então Amber estava tirando seu cochilo, dando tempo pra gente poder sentar e ter papo de adulto. Renatinho e eu sempre tivemos uma relação de cumplicidade, contando os segredos mais íntimos um do outro. Eu sinto que posso contar qualquer coisa pra ele.

- Sim, isso é uma das qualidades dela que eu admiro. Além de ser bem atraente. - Minhas bochechas coram e meus amigos riem, deixando Patrícia confusa, e balanço a cabeça em um sinal de que não era pra se perguntar o porque, só deixar eles rirem.

- Tá, tá, tá. Dá pra vocês deixarem de ser chatos? Patrícia você pode vir comigo na cozinha? Pegar o sorvete? - A morena se levanta, me acompanhando até a cozinha. Me encosto em um dos armários, e ela para no meio da cozinha, me olhando com as sobrancelhas erguidas. A encaro de volta e ficamos uns segundos assim, até cairmos na risada.

- Por que me trouxe até aqui? - Ela pergunta, se aproximando de mim e se escorando do meu lado.

- Me acha atraente? - Pergunto divertida e ela ri.

Hands To Myself - BRUMILLAOnde histórias criam vida. Descubra agora