Confie em mim

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- Hahaha. Muito engraçado. Qual o real motivo? - Brunna morde os lábios de uma forma provocadora, passando seus olhos por meu corpo. Eu quase coro com seu olhar. Quase.

- Eu ia jantar aqui hoje mon cher, sozinha. Vi que você não estava aqui com o Drake.

- Mas eu acabei de chegar. - Bufo, passando a mão nos cabelos e bebendo da minha Coca. Brunna parece se divertir com minhas reações, o que a faz ser mais louca do que já é. Ela chama a garota loira que havia me atendido, e ela arregala os olhos ao ver que eu estava com Brunna.

- Oi, Amy. Você pode me trazer o prato da casa pra mim e a Senhorita Oliveira? - Brunna mantém um expressão calma, mas olhando pra tal Amy, que assente com a cabeça, saindo rapidamente.

- O que você tá fazendo aqui? - Rosno, incomodada com o jeito qual ela está me olhando. Como se eu fosse a coisa mais interessante daquele lugar.

- Vim jantar com você. Senti saudades... - O que? Ela tem aquela reação do caralho ontem e agora diz que sentiu saudades?

- Você, não... mas... ontem... - Fico sem saber direito o que dizer, me sentindo pressionada pelo o olhar dela. Um olhar que fazia meu coração dar um salto. A garota, Amy, volta com duas taças vazias e uma garrafa de vinho. Brunna mal nota a garota, mantendo o olhar em mim. Ela espera a garota sair, para depois falar.

- Eu sei o que aconteceu ontem. Mas eu gostaria que você esquecesse isso.

Lhe dou um olhar selvagem ao ouvir isso. - Esquecer? Esquecer que você me mandou embora da sua casa só porque eu disse que estava apaixonada por você? - Meu tom de voz está alto e os lábios de Brunna se encrespam com minha reação.

- Eu sinto muito por isso, Ludmilla. Eu realmente tinha um compromisso com meus pais e...

- Que seja. Não estou interessada. - Faço um bico manhoso, deixando toda a minha frustação sair. Eu me sentia rejeitada por ela, sentia que não era o bastante. E talvez não fosse. Mas eu gostava de pensar que era. Brunna dá um sorriso de lado, como se soubesse que era birra minha.

- Eu sinto muito, mon cher. Sério. Mas o que você faria se por acaso a pessoa a qual você vem sonhando, a pessoa que te tira do sério, que te enlouquece, falasse que é apaixonada por você? - Engulo em seco com suas palavras. Como assim? Eu... Eu mal conseguia acreditar. - Tenta entender Ludmilla, que eu sou uma pessoa que gosta de controlar a própria vida. E no caso do amor, eu não posso fazer isso. Então me perdoe se eu não consigo superar a cada vez que te vejo, meu coração dá um salto de emoção.

Essa foi a coisa mais longa que ela me disse. Seus olhos castanhos transmitem uma intensidade enorme, e os pelos do meu corpo se arrepiam. Esse era o olhar. O olhar que me fazia esquecer tudo, esquecer cada palavra, gesto, que ela fazia e me decepcionava. Eu não me lembrava de mais nada. Só queria saber de beijá-la. Sei que estou com uma cara de otária, porque Brunna da um sorriso vitorioso.

- Se você estava confusa... - Murmuro, a olhando. - Por que não me disse? Eu poderia te ajudar. Por que você sempre esconde as coisas e é tão cheia de segredos? - Eu estava querendo falar isso a tempos. Cuspir isso pra fora, algo que me incomodava mais que uma farpa no dedo. Ela está com a boca aberta, surpresa, e tomo um gole de vinho. Eu me sentia bem leve agora.

- Eu não sabia que você pensava assim de mim. - Sua voz está baixa, calma, e ela não parece arrogante. - Isso incomoda você?

Olho para os seus olhos, que parecem tristes. Suspiro e tento sorrir. - Olha, isso é só uma coisa que eu notei em você, tá? Você guarda demais as coisas pra si mesma e isso não é bom. Todo mundo precisa de alguém para ouvir, cuidar, e eu quero fazer isso por você. Sei que nós temos um contrato, e que você deve estar pensando porque essa otária está falando isso, mas é a verdade.

Pego um pouco de ar. Era bom falar isso. Falar o que eu queria fazer com ela. Brunna parece maravilhada com minhas palavras, porque suspira e sorri, um sorriso bem largo, o que eu acho lindo. O sorriso o qual eu era apaixonada. Porque era essa a realidade. Eu era completamente, irrevogavelmente, apaixonada por Brunna Gonçalves. Amy traz os nossos pratos e sinto um bom cheiro.

- O que Drake queria, mon cher? - A latina me questiona, enquanto dá generosas garfadas em seu jantar. Eu só observo tudo com um sorriso no rosto. Havia uma pequena mancha de molho no lado esquerdo da sua boca, mas eu não me incomodava com isso. Só fazia ela ser mais linda.

- Não finja que não tem um dedo seu nessa história. Você é a recomendação. - Ela sorri amarelo, terminando de comer, e bebe seu vinho antes de me responder.

- Você merece isso. Trabalhou duro naquele filme. Eu só queria te agradar e fazer algo por você.

Ergo as sobrancelhas ao ouvir isso. - Você já faz, Brunna. A cada vez que me permite ter sua presença. Se você entendesse o quanto eu era fanática por você, que só queria um momento com a mulher a qual eu admirava. - Nossos olhares se conectam. Castanho com castanho. Não havia coisa mais perfeita e certa como eu e ela, isso era algo que eu tinha certeza, sentada ali naquela cadeira olhando pra mulher mais linda desse mundo.

- Eu também te admiro. Admiro a forma a qual você vive e tenta passar pelos obstáculos.

Aquela era uma conversa longa e interessante que estávamos tendo. Era bom falar pra ela como eu me sentia. Termino de comer e beber meu vinho, e olho para o lado esquerdo Brunna pede a conta. Há várias pessoas nos observando. Com certeza querendo saber o que uma estrela do cinema estava fazendo com alguém como eu. Logo Brunna está em pé na minha frente, me estendendo a mão. - Vamos?

Me levanto, ajeitando minha jaqueta, e os dedos macios de Brunna se entrelaçam nos meus. Andamos por todo o lugar, e vejo algumas pessoas tirando foto de nós.  Se Brunna não está se incomodando, eu também não vou fazer isso. Quando chegamos na porta do restaurante, vejo o manobrista, assombrado, trazer a chave do Jerry e a chave de Brunna, que percebo que é a chave do Volvo.

- Você vai pra casa? - Ela me pergunta.

- Vou. - Ajeito minha jaqueta. - Daiane e Fernanda estão me esperando. Se eu não for pra casa, elas vão ficar preocupadas. - Brunna tem um olhar decepcionado, e se inclina até mim, me dando um beijo na bochecha. Minha pele queima.

- Tudo bem. Que dia iremos viajar? - Questiona, e abro a boca, surpresa.

- Humm... Você ainda quer ir?

Minhas bochechas estão vermelhas. - Claro. Preciso de férias. E ainda mais férias com você. - Sei que meu sorriso está gigante após ouvir isso. Ir pro Kentucky e ainda ter Brunna comigo ia ser perfeito.

- Até mais. - Falo.

- Até mais, mon cher. - E se inclina, me dando um selinho carinhoso e acariciando meu rosto. Entro no Jerry, vendo-a parada me observando e então acena com a mão. Eu não me importava com mais nada nesse instante. Eu ia pra Louisville e iria com Brunna Gonçalves. Não podia ser melhor.

Hands To Myself - BRUMILLAOnde histórias criam vida. Descubra agora