Hands To Myself

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- Eu não tenho a menor ideia do que vestir! - Exclamo, contrariada com a escassez do meu guarda-roupa. Renatinho dá uma gargalhada debochada ao me ver.

- Eu sempre disse que você precisava de roupas novas no momento em que começou a trabalhar na indústria cinematográfica. Mas você, querendo ser a pika das galáxias, disse que não. Se fodeu. - Meu amigo faz aquela maldita é detestável cara de "Eu avisei" que eu detesto. Tenho um ódio enorme por pessoas que fazem isso, e quero socar Renatinho agora.

- Ótimo. Tudo bem. Você estava certo, Renatinho. Mas eu só preciso de uma boa roupa para a premiere. Esse é o dia da minha vida. - Bufo, querendo me dar uns socos por ter sido tão desleixada com meu vestuário por todo esse tempo. Eu sempre fui, e acho que sempre serei, a garota que só usa jeans e camisetas de bandas. No manual de vida da Ludmilla, usar roupas assim era lei. Não me julguem, mas quando se tem alguns hormônios masculinos em seu corpo, a última coisa que se importa são suas roupas, maquiagem e tudo o mais.

Hoje é a premiere do filme em que eu vinha trabalhando por todo esse tempo, e onde conheci Brunna. Hoje também seria o dia que ela assumiria, indiretamente, que tem um relacionamento comigo. Nós nunca demos um nome ou rotulamos o que rola entre nós, mas podemos nos considerar um casal. Depois de tanta coisa passada juntas não há definição melhor. Brunna não comenta sobre o contrato que assinei. Tudo parece ter caído no esquecimento, é claro, exceto por talvez minha descoberta das razões por ela ser assim. Confesso que saber do seu passado, e primo de Cayo Lima, me deixou pasma. Ela era assim por uma decepção amorosa. Não permitia aproximação de qualquer pessoa. Isso só me fez querer cuidar dela ainda mais.

- Você é extremamente dramática, querida. - Meu amigo fala, andando pelo meu quarto e examinando minhas roupas. - Vamos ter que ir às compras. Na verdade, eu. Não posso deixar você ir em uma badalada e tão importante festa usando seus jeans azuis velhos e jaqueta. - Renatinho abre a porta do meu apartamento, pisca, e sai. - Volto logo, querida!

Bufo e fecho a porta. A minha cabeça estava explodindo, eu queria bater em algo de tanta ansiedade. Hoje é o dia da minha vida. O dia em que minha vida no mundo das artes começa de verdade. Foi uma longa jornada até aqui, e me lembro de todo o trabalho, sofrimento e estresse que tive, desde sair da minha cidade e vir morar em um lugar em que eu não tinha ninguém a não ser minhas amigas e amigos. Além de todo o trabalho na faculdade, Drake, minha prisão. Incrível o quanto o tempo passa e nossa vida muda. Brunna e eu pouco nos falamos hoje. Eu entendo que ela esteja ocupada, já que é a estrela do filme. A gente não se viu na verdade desde o dia em que chegamos em L.A. Desde que Patrícia me disse sobre o segredo de Brunna. Falando na morena, Daiane e Fernanda se mostraram bem frustadas ao me ouvirem falar do nosso "término". Fiz uma cara de chateada e dei a desculpa que estava sem sintonia com ela. Parabéns Ludmilla Oliveira, pelo prêmio de melhor mentirosa do ano.

Renatinho volta em meia hora, com uma grande capa que envolvia alguma roupa. Ele não me deixou ver, fui diretamente para o banho e comecei minha arrumação. Lavei bem meus cabelos, depilei por completo, e já estava em meu quarto, com um Renatinho mexendo em uma maleta, com um secador próximo a ele, e o espelho do quarto de Fernanda e Daiane. - Posso vestir? - Pergunto, parada na frente do meu amigo, somente de toalha.

- Você está de boxer? - Faço uma cara confusa ao ouvi-lo.

- Estou. - Falo desconfiada. - Por que?

- Por que você vai ter que tirar. Vai usar aquele short seu. E antes que você reclame, - Ele fala rapidamente, ao me ver abrir a boca em reclamação. - é por conta da sua roupa. Você vai usar um vestido. - Ele pega o embrulho que trouxe da rua, e o abre, exibindo um vestido que me fez querer chorar. Porque é lindo. Preto, fino, com delicadas alças, não muito curto.

Hands To Myself - BRUMILLAOnde histórias criam vida. Descubra agora