Mudanças

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Estou ofegante. Minha respiração está entrecortada e Brunna está me encarando.

- Como se sente senhora? - Me pergunta. Bufo com o "senhora".

- Dá pra parar de me chamar de senhora?

- É uma ordem, senhora? - Ergue as sobrancelhas, e sinto vontade de estapear ela por fazer aquela cara de deboche que era fodidamente linda. Todas as feições dessa maldita eram perfeitas, e eu me sentia cada vez mais inebriada.

- Eu não sou a droga da sua senhora, pelo amor de Deus! - Falo revoltada, me levantando e procurando meu jeans e minha boxer, os vestindo. Estou com raiva dela por ter essa mania de me chamar de senhora.

- Você é sim, Ludmilla Oliveira. Você assinou um contrato! - Brunna está furiosa, e anda até mim, colocando o dedo em meu peito.

- Mas eu não sabia que teria que aguentar você me tratando com tanta submissão! Eu... era obcecada por você, eu sou, e ter que ouvir a mulher que eu idolatrava, que achava que não se submetia a ninguém, fazer isso agora comigo, destrói a imagem que eu tenho de você. Eu não quero te controlar. Quero que você seja quem você é, me trate como igual. - Grito, e ela me olha com seus olhos fervendo de raiva. Brunna se mantém calada e nos olhamos por vários segundos.

- Só tente. Faça algo do meu jeito, uma vez, e me diga se irá gostar. E se não gostar, podemos mudar algumas coisas. - Suplica, pegando em minhas mãos. Olho pra seu rosto e ela tem uma cara de filhote de cachorro implorando pra ser adotado. - Por favor... - Eu tinha que saber como era, saber e conhecer essa parte do mundo dela. Talvez isso nos conectasse mais, me permitisse entendê-la.

- Tudo bem. Mas preciso que você me diga o que fazer. - Ela sorri triunfante, pegando minha mão, levando-me até seu quarto de apetrechos. Ela anda pelo cômodo e a espero. Brunna volta com um chicote preto, de tamanho médio.

- Quero que você use isso em mim. - Me entrega o chicote. Pego nele, pensando em como vou conseguir bater com aquilo nela.

- Agora?

- Não. Mas em breve. Você não vai poder ficar adiando esse dia, Ludmilla. Você assinou um contrato comigo, tem que cumpri-lo.

Sinto um vazio no estômago ao ouvir isso. Não me passou pela cabeça quando assinei o contrato que teria que fazer coisas que não imaginava e que não era do meu feito. - Eu... eu preciso de um tempo. - Pego as minhas coisas, correndo pelas escadas de sua casa. Brunna corre atrás de mim.

- Aonde você está indo, Ludmilla?

- Pra casa! - Grito.

- Como assim pra casa? Por que?

- Eu preciso de um tempo Brunna, um tempo pra me acostumar com tudo isso. - Ela para na minha frente, ofegante, e com uma expressão indecifrável.

- Tudo bem. Vou te dar esse tempo. Mas saiba que você vai ter que fazer o que é preciso. Você assinou um contrato. - Confirmo com a cabeça, desesperada para ir embora e ficar na tranquilidade da minha casa, onde não havia mulheres latinas quentes me enlouquecendo.

- Como você vai embora?

- Vou no Jerry. Trouxe a chave comigo. - Abro a porta da casa dela, olhando no meu celular e vendo que já são 22 horas.

- Tudo bem. Te vejo no estúdio amanhã. - Me dá um beijo na bochecha e sorrio leve.

- Tá. Tchau. - Saio da casa, respirando forte e tentando ignorar todos os acontecimentos de hoje.

(...)

Quando cheguei em casa ontem a noite, Daiane e Fernanda haviam ido visitar a família de Daiane, então não tive que dar muitas satisfações. Eu não me atreveria a contar sobre Brunna e eu, porque ela pediu sigilo, e não sei se eu teria coragem o suficiente pra dizer isso a elas, já que envolveriam muitas frases me mandando largar Brunna e isso era algo que eu não iria fazer. Esperei tempo demais pra ter ela, e agora que tenho a chance, não vou jogar fora. Passei um bom tempo olhando pra todas as fotos de Brunna no meu quarto, tão fria e inalcançável e agora eu transava com ela, e podia bater nela se quisesse. Eu optei por cumprir com o que Brunna falou, sobre a dominação, e havia pesquisado sobre as formas de fazer. Eu iria surpreendê-la.

Eu acordei no horário certo na manhã seguinte, disposta a não me atrasar pro trabalho. Quando abri meu guarda-roupa, encontrei todas as roupas que Patrícia comprou no dia anterior e resolvi usar uma delas. Meus óculos estavam lá, num canto, e sinto um vazio ao perceber que não precisava mais usá-los. Fui no Jerry mesmo, porque queria manter uma normalidade, o que era algo difícil já que tudo mudou, eu fui presa, transei com Brunna Gonçalves. Muito normal. O estúdio já estava cheio, e quando passo todo mundo fica olhando pra mim. Franzo as sobrancelhas ao ver umas garotas que eram figurantes do filme, e que sempre me ignoravam, acenar pra mim.
Muito estranho. Chego até o estúdio e vejo um garoto de óculos distribuindo cafés pra todo mundo. Drake estava sentado em sua cadeira tomando seu café e conversando com Tiago Martins.

- Ah, Ludmilla! Olá, como vai? - Drake pergunta formal, pegando em minha mão.

- Hum, vou bem. Quem é aquele cara? - Aponto para o garoto dos cafés. - Achei que fosse minha função. - Falo curiosa.

- Bom, decidi que você é boa demais pra poder ficar distribuindo cafés. Então, agora você vai me ajudar com as cenas. Arranjei uma cadeira pra você. - Havia uma cadeira ao lado dele e tinha meu nome atrás dela. Uau.

- Mas por que? - Falo, e antes que ele responda, outra pessoa o faz.

- Porque você merece. - Brunna diz, andando até mim e me dando um sorriso arrasador. Ela estava linda como sempre, usando uma calça cintura alta e um cropped. Tinha um Ray Ban em seus olhos, lhe deixando charmosa.

- Não entendi.

- Dei a ideia ao Drake. Você é muito boa, e está sempre disposta a ajudar. Mereceu ser promovida. - Sorri leve, e Drake concorda com a cabeça, sorrindo pequeno.

- Gostei de você sem óculos, Ludmilla. Vamos gravar? - Drake indaga. Caramba, ele tava me elogiando mesmo? Brunna estava fazendo coisas demais. E mudando meu mundo rápido demais.

- Claro.

Participar diretamente da gravação de uma cena era a coisa mais realizadora do mundo pra mim. Ver como eu posso coordenar tudo, e mudar, me deixa fascinada. Brunna e Tiago eram excelentes atores, o que era muito mais fácil. Falando na Brunna, em toda oportunidade que tinha, roçava em mim, dizendo palavras quentes e me deixando tonta. Sem contar nos sorrisos. Como ninguém percebia isso?

O expediente já tinha praticamente acabado, já que com dois diretores ia mais rápido. Ser chamada de diretora me dava um orgulho enorme. Brunna me esperava na porta de seu camarim com um olhar quente e indagador. Ela me para no caminho, puxando minha blusa, e vejo em seu olhar um pedido de respostas sobre ontem.

- Pensou sobre nós, mon cher? - Pergunta baixo, deslizando as unhas por meu pescoço. Engulo em seco. Aquilo era bom demais.

- Sim. - Murmuro e ela me encara ansiosa.

- E aí? - Há urgência em sua voz.

- E aí que acho melhor você preparar seus chicotes, açoites e tudo mais. - Brunna sorri grande e faz um delicado carinho em minha bochecha.

- Quer ir na minha casa hoje? Para uma primeira lição?

- Não acho que eu precise aprender. - Falo brincalhona. - Vou te surpreender, Gonçalves.

- Então vai ir na minha casa?

- Vou ver. Talvez eu jante hoje com meus amigos. Você pode ter se esquecido, mas eu fui presa, e todos querem falar comigo sobre isso.

Brunna parece desapontada. - Tudo bem. Vou limpar meus açoites, porque amanhã você não me escapa... senhora.

E sai andando devagar, rebolando, me deixando inebriada e pensando em o que ela poderia querer dizer com limpar.




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Hands To Myself - BRUMILLAOnde histórias criam vida. Descubra agora