Nova York

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Eu tinha o olhar sério. Ela também.

Estávamos sentadas no sofá de sua casa, nos olhando sem dizer nada. Brunna tinha um olhar curioso. Suas mãos estão paradas perto das minhas. Posso ouvir sua respiração, seu peito subindo e descendo.

Aonde você vai me levar? - Quebro o silêncio.

- Em um lugar especial. Tenho certeza que você vai gostar. Passaremos a noite em um apartamento meu.

- Mas amanhã nós temos trabalho. - Brunna sorri marota, e acho esse sorriso lindo. Não era um sorriso irônico ou provocador, era um sorriso sincero e divertido.

- Bom, nós tínhamos. O que a gente vai fazer é muito mais legal.

- Tudo bem. Acredito em você. - Digo, rindo da sua cara de sapeca, que lhe dá um ar mais infantil. Nossa, eu sou tão otária pela garota que acho lindo um simples sorriso.

Kyle aparece na cozinha, trazendo um copo enorme de café pra mim. Estranho ele não ter folga nem no domingo. O rapaz me dá um sorriso leve, receoso de Brunna dizer algo, mas ela só fica parada me vendo cumprimentar Kyle com um aceno, bebericando meu café.

- Você gosta muito de café, né? - Ela me pergunta, se aproximando de mim, ficando ao meu lado.

- Muito. Não há nenhum dia que eu não beba café. Aprendi isso com a minha mãe, ela sempre tomava garrafas e garrafas de café. Acabei pegando esse costume dela.

- Bem, eu vou subir pra me arrumar. Pode ficar aqui embaixo e fazer o que quiser. - Ela se levanta, sobe as escadas pro segundo andar, me deixando sozinha com um copo de café e várias dúvidas. Por que aquele pedido de desculpas? Eu realmente não sei o que pensar disso tudo. Percebo alguém vindo em minha direção e Kyle se aproxima.

- Oi, Ludmilla. Como vai? - Ele parece um pouco receoso, olha para as escadas sempre e torce bastante seu avental na mão.

- Hey, Kyle. Vou bem, e você? Senta aqui. - Indico o lugar vazio ao meu lado no sofá, e ele se aproxima devagar, sentando.

- Tudo bem. Eu só queria te dar um alô, e saber: por que você voltou pra cá?

Fico confusa com sua pergunta. - Como assim, Kyle?

- Por que voltou pra cá?

- An... porque Brunna pediu, disse que vamos sair hoje, e eu tenho um compromisso com ela, então, aqui estou.

- Você não pode manter isso por muito tempo. - Ele está nervoso, suas órbitas mostram preocupação. Tá, isso tá muito esquisito.

- Porque não? - Agarro seu braço.

- Porque vai acontecer com você o que aconteceu com os outros. Você vai começar a gostar dela, e quando ela perceber, vai te chutar e te fazer se arrepender por ter a conhecido algum dia. - Kyle suspira, e fico parada, o olhando, sem saber exatamente o que dizer e surpresa por sua preocupação comigo.

- Mas Kyle, eu... eu já sou apaixonada entende? Entrei aqui aquele dia que fui presa por isso, porque sou obcecada por ela, e agora que tenho a oportunidade de ter ela, por que vou dispensá-la?

- Porque é o melhor. Trabalho aqui com a Brunna há mais de 3 anos, e isso sempre acontece. Não ache que vai ser diferente com você, porque não vai. Eu bem que gostaria, mas não vai rolar. Só toma cuidado, tá? Fique com outro alguém a não ser ela, saia, descubra coisas, mas não se prenda a ela, não dê seu coração a ela.

E sai, tão rápido quanto veio, e jogo minha cabeça no estofado do sofá. Será que Brunna era tão ruim assim? Eu sei que ela disse assim que assinei o contrato que eu não poderia me apaixonar, mas não achei que ela pudesse ser tão fria em relação aos sentimentos dos outros com ela. Meu celular vibra, e olho pra ver o que era. Uma mensagem de Fernanda.

Hands To Myself - BRUMILLAOnde histórias criam vida. Descubra agora