Revelações

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- Mas o que? - Questiono, minha voz quase não saindo. É tão estranho ter ela aqui, na minha frente, depois de todo esse tempo.

- Eu sei que é chocante me ver aqui, ainda mais depois de tanto tempo sem nos vermos e depois dos recentes acontecimentos. - Percebo um tom de amargura em sua voz. Patrícia está bonita. Na verdade, ela é. Usa um vestido solto verde-água, seus cabelos estão cacheados, soltos, e ela usa quase nenhuma maquiagem.

- Eu... bem... - Fico meio sem jeito. Talvez porque acabara de voltar de uma viagem com a melhor amiga dela, a mulher a qual eu sou louca. Estou com minha mochila pendurada nas costas, minhas bochechas queimando como nunca. Patrícia e eu temos uma estranha relação agora.

- Eu não viria aqui se não fosse importante, Ludmilla. Lembro-me muito bem de nossa última conversa.

- Tudo bem. Senta. - Indico o sofá que havia no quarto e ela se senta, e a acompanho, mas sentando no longe. Prefiro assim.

- Você por acaso se lembra de muitas das nossas conversas? Sobre o assunto? - Ela vai direto ao ponto, e eu agradeço, por mais confusa que esteja com sua pergunta. A lembrança vivida de minha quebra de contrato com a morena na minha frente, traindo a mulher da minha vida, me deixava com o coração pesado.

- Bom, nós falamos de muitas coisas. Precisa especificar.

- Sobre Brunna. - Seus lábios encrespam com a menção do nome da atriz.

- O que tem? - Franzo a testa.

- Eu descobri umas coisas que podem ser do seu interesse. Sobre o passado dela. - Minha boca se abre e se fecha em questão de segundos.

- O que quer dizer?

Patricia morde seu lábio inferior e me olha, provavelmente pensando se deveria me contar, e vê minha expressão ansiosa. Tudo que eu sempre quis, desde o começo de meu envolvimento com Brunna, foi saber o porquê de ela querer ser submissa a outras pessoas. Aquilo tudo era tão sério e intenso, que me deixava com a pulga atrás da orelha. Eu ainda tenho, na verdade, mas decidi não pressionar Brunna e deixá-la se abrir comigo com o tempo.

- Você conhece o cantor Cayo Lima? - No momento em que Patrícia cita o desagradável nome do rapaz, meus lábios se cerram. Não tenho boas lembranças envolvendo ele. E minha desconfiança é enorme.

- Infelizmente.

- Ele conhece Brunna bem antes de ela ficar famosa.

- O que?

- Brunna conhece Cayo desde sua adolescência. Desde os 16 anos. Eles estudavam no mesmo colégio. - Meus ouvidos zumbem com isso, e fecho meus olhos. Isso é algum tipo de piada?

- E o que tem? - Minha voz treme. Não quero perguntar isso, mas minha curiosidade é maior do que meu medo de ouvir algo que me machuque.

- Ele tem um primo. Um primo que é 8 anos mais velho. E que se chama Marcos Araújo Lima. Professor de literatura. Professor de Brunna no colegial. E com quem Brunna teve um caso. - Minhas vistas escurecem. Sinto tudo girar, as coisas tremem ao meu redor, e sinto suor descer por meu corpo. Isso é mentira. Isso. Com certeza. Patrícia está fazendo suposições. Isso. Ótimo. - Eu sei o que você está pensando! - Patrícia se adianta, antes que eu abra minha boca. - Mas é verdade. O próprio Cayo me contou, depois que eu encontrei bêbado em uma festa há uns 4 dias. Ele me contou tudo. Brunna e ele tinham 16 anos, estudavam juntos no colegial, e ele disse que seu primo dava aulas a eles, e um dia encontrou Brunna na casa de Marcos, totalmente despida, usando cordas nos pulsos.

- Mentira! - Exclamo, assustada com toda a confissão dela. Eu sei que Brunna tem um passado, mas eu achava que só era um gosto diferente, talvez leituras de livros eróticos demais, mas nunca, nunca mesmo, resultado de um caso com seu professor de literatura, oito anos mais velho.

Hands To Myself - BRUMILLAOnde histórias criam vida. Descubra agora