Capítulo XXV- A queda do altar

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Minhas pupilas saltam para fora quando Esmeralda surge em meu campo de visão. Eu já havia notado sua beleza antes, sempre tive plena consciência do quanto é atraente, agora no entanto, ela extrapola todos os limites daquilo que eu considerava belo, está simplesmente estonteante.


— Esta é Esmeralda, filho. Foi ela quem nos ajudou no outro dia.

Entendo cada palavra dita por minha mãe, porém, sou incapaz de articular quaisquer resposta, pois todos os meus neurônios foram momentaneamente desligados pelo curto circuito recém sofrido, um curto circuito ocasionado pela irrefreável descarga de energia provocada por Esmeralda.

— Nós já nos conhecemos. — Não consigo evitar acompanhar o movimento dos lábios avermelhados. 

—Esmeralda faz parte da minha equipe de enfermeiros. — Explico, engolindo em seco. Mesmo tendo dona Eliza como interlocutora, meu foco visual continua sendo a enfermeirinha.

— Para você vê como o mundo é pequeno, tia.— Só então me dou conta da presença de Álvaro e por algum motivo, não gosto de vê seu braço transpassando a cintura do meu objeto de contemplação. — Também fiquei surpreso ao vê-la lá fora...Uma grata surpresa.

A piscadela que meu primo imbecil direciona para Esmeralda faz com que aquele pequeno desconforto se transforme em algo muito mais maior.

— Eu... — Respiro fundo e escondo as mãos nos bolsos do paletó. — Queria te agradecer pelo que fez pelo meu pai e também por Noah.

— O que você fez pelo meu neto, querida?

— Nada digno de agradecimento.

Desde o primeiro momento que a vi enxerguei nela uma mulher bonita, mas o uniforme não revela um décimo das curvas que agora me fazem salivar e quase rosnar. O vestido justo e longo delineia cada contorno do corpo escultural, seu rosto geralmente infantil está mais sexy devido a maquiagem forte, e ,coroando o visual pesado, o cabelo assumiu um estilo mais cacheado e volumoso.

— Bem, se vocês me dão licença... — O olhar do meu primo se volta para as gêmeas com quem flerta desde o início da festa. — Preciso ir. Nos falamos na sequência, princesa. — Conclui, beijando uma das mãos de Esmeralda.

No exato instante que consigo me livrar do encantamento causado pela chegada da enfermeirinha, vejo o sorriso que sempre aparece em minha mãe quando ela acredita ter encontrado a substituta ideal para Aurora.

— Já que se conhecem eu imagino que não verão problema em sentar-se na mesma mesa. — Os olhos de Eliza Sandoval brilham como nunca, sei exatamente o que passa por sua cabeça maquiavélica e isso me preocupa, pois não saberei fingir indiferença em relação a Esmeralda, porquê neste momento ela está me deixando louco. — Ainda não pude cumprimentar a todos os convidados e preciso salvar meu marido da tarefa de fazer isso sozinho. — Seus braços envolvem Esmeralda num abraço parecido com os que ela dar em mim e em Álvaro. — Nos vemos daqui a pouco minha querida.

Apesar de haver três dezenas de pessoas ao nosso redor, quando minha mãe se afasta sinto que não existe ninguém além de nós dois, como se estivéssemos absolutamente sozinhos, e pela forma assustada com a qual me observa, percebo que ela tem a mesma sensação.

Depois de puxar-lhe uma cadeira, dou a volta  na mesa e tomo o assento de frente a ela.

— Eu não pensei que o encontraria aqui. — Confessa.

— Acredito que eu tenha sido ainda mais surpreendido... Bebe algo? — Pergunto, depois de gesticular para o garçom que servia uma mesa próxima a nossa.

Lúcio- O Renascer De Um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora