Sophia
- É Sophia, você é uma cabeça de vento- Ava diz, entrando na cozinha. Jogo uma pipoca nela, que responde com o dedo do meio e vai até a geladeira para pegar água. Termino de engolir antes de falar.
- Já faz um bom tempo que estou com isso- Falo, levantando o gesso pra ela, que dá de ombros e se apoia na bancada a minha frente, me encarando com ar de quem ainda não acredita.- Tem como você superar?
-Não, porque minha irmã é uma idiota e já quebrou o corpo todo.- Ela rebate e faz um movimento estranho com a cabeça. Tenho vontade de tacar o balde a minha frente em sua cabeça, mas me custou muito esforço fazer a pipoca sem ajuda e me recuso a gastar com minha irmã.- Esse gesso tá todo rabiscado.
- Não sãos rabiscos, coisa insuportável. Eu estava desenhando com a outra mão, como queria que ficasse?- Debocho de sua constatação ridícula e ergo uma das sobrancelhas para ela esperando uma resposta que não vem.- Não sei como vou voltar a desenhar depois do gesso.
- Relaxe, nada no mundo faria você parar de desenhar. Até quando quebrou a perna você saiu se pendurando pra pintar uma parede.
- Nossa, até vi minha preocupação passando pela porta da cozinha- Digo em tom de ironia e ela emburra a cara.- Esse é o braço que eu desenho, se esqueceu? Ele está todo duro, não sei se vou conseguir voltar a desenhar do mesmo jeito- Antes que volte a olhar pra ela, sinto um líquido molhando meu cabelo. Abro a boca indignada para Ava, que segura um copo com um resto de água perto do corpo.
- Para largar de falar asneira. Onde já se viu, você parar de desenhar, segundo o mundo, você vivia pintada desde que pegou em canetas, volta pra realidade. Nada no mundo faria você parar de desenhar, muito menos a porra de um braço quebrado.
- Ava, eu te mato!- Grito, correndo na direção da minha irmã, que sai correndo da cozinha, ainda com o copo na mão.
- Não é pra correr em casa, caralho!- Minha mãe xinga o palavrão em português, assim que passamos por ela.- Sophia, você já está com o braço quebrado, fique parada- Ela grita mais alto ainda, mas a ignoro e continuo correndo atrás de Ava que gira Derek, o fazendo quase cair.
- Sophia, porque vocês está toda molhada?- Ele pergunta, depois de recuperar um pouco o equilíbrio.
- Porque eu tenho uma nuvem particular, idiota- Retruco, sem o mínimo de paciência e começo a tentar caçar Ava, que fica de um lado pro outro na mesa. Travamos uma briga idiota em volta da mesma. Ela obviamente tem mais vantagem por gostar de futebol e viver treinando, enquanto eu passo o dia deitada.
Ava sai correndo de novo, e me ponho a correr atrás dela. Ela está rindo muito, enquanto eu apenas solto pequenos grunhidos raivosos. Quando passamos pelo escritório, Ava desvia do meu pai, mas quando eu tento fazer o mesmo, ele me para e me ergue do chão. Começo a chutar, mas não parece se quer incomodar ele, que apenas me leva na direção contraria.
- Pare de se mexer, parece criança- Ele diz me levando pra sala e me colocando sentada no sofá.
- O tamanho já tem.- Ela grita, me provocando. Solto um som de irritação e tento me levantar, mas meu pai me coloca sentada, me olhando bravo pela insistência para correr atrás dela.
- Ava, não provoque sua irmã- Ele a repreende, se virando para ela, que está escondida atrás da porta.- Ela já está com o braço quebrado, tem como você cooperar pra manter ela inteira. Por que você está molhada?- Meu pai passa a mão na blusa, que agora está levemente manchada com a água e Ava e Derek desatam a rir.- Estou atrasado pro trabalho, crianças. Mas tento chegar amanhã antes do almoço.- Ele deposita um beijo na minha cabeça e na da Ava e faz um toque com Derek.- Sem provocar sua irmã- Ele aponta pra Ava.- Sem se quebrar- Ele aponta pra mim. Nós duas levantamos o braço em forma de rendição e ele sai da sala.
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Tudo culpa da garota do diário
RomanceSophia sempre fez de tudo pra lidar com os problemas da vida e com isso se tornou apaixonada por música, desenhos e poemas. Ela escreve todos seu pensamentos e outras coisas em uma diário que sempre carrega consigo. Sempre tomou todas as precauções...