Capítulo 38- Deixe ir

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Sophia 

  Olho para as paredes branca e reviro os olhos. Minha vontade é arrancar todos esses cabos ligados a mim. Vejo a enfermeira Martha se aproximar de mim com um sorriso simples no rosto e tento devolver, mas tenho quase certeza de que saiu como uma careta.

— Como está a minha paciente favorita?- Ela checa alguma coisa na máquina atrás de mim e depois coloca a mão no meu pulso, checando se as agulhas estão bem firmes. Sorrio pelo jeito que ela me chama, e me lembro de quando era menor e eu e Lila discutíamos sobre quem era a favorita.

— Sem paciência alguma para poder esperar terminar.

- Relaxe, sabe que já estamos no fim.— Ela anota algo na prancheta e depois se vira pra mim.— Já devia estar acostumada com esses exames. Soh, me parece tudo normal, mas sabe que não posso falar nada concreto— Ela sorri de novo, e coloca o cabelo loiro atrás da orelha. Martha se vira pra ir embora, mas  gira nos calcanhares e se volta pra mim.— Vai querer bolinho de fruta ou chocolate?— Arqueio uma das sobrancelhas, desacreditada que mesmo depois de anos ela ainda insisti na mesma pergunta.— Chocolate e suco de maracujá a caminho, para senhorita.

   Ela faz um reverência exagerada e caminha como se estivesse saltitando. Gargalho com a cena, atraindo a atenção de alguns outros pacientes presente na sala. Ponho a mão na boca, para abafar o som, mas continuo rindo depois que ela rodopia na porta e sai.

  Coloco a mão na boca para limpar as migalhas do bolinho e tomo meu suco de caixinha, enquanto encaro o médico a minha frente que, por sua vez, encara seu computador seriamente. Olho pra minha mãe, que força um sorriso pra mim, aperto sua mão, lhe dando o apoio que ela precisa. 

  Esse exames sempre a deixam nervosa, ela sempre tem medo de descobrir algo horrível, igual quando descobriu sobre minha imunodeficiência. Jogo a caixinha no pequeno lixo ao meu lado e espero o médico falar.

— Bom, Senhorita Collins e Sophia, tudo parece estar bem em seu organismo— Ele fala, finalmente olhando pra nós.— O exame não mostra nenhuma aversão ao medicamento e você não aparenta nenhuma rejeição. Não entendo o motivo dessas crises tão fortes, o medicamento está agindo como devia, sem interferir com o remédio da ansiedade.

— Já disse que está tudo bem.

— Segundo sua mãe você teve crises de ansiedade quase todos os dias, e pelo meus anos de estudo isso não é estar bem. Você precisou de calmante três vezes pra poder voltar a respirar e quase veio parar no hospital em uma delas. Sei que não é agradável, mas preciso perguntar, aconteceu algo fora do normal no seu dia-a-dia? Algo que a tenha deixado estressada, ou triste?— Mesmo não gostando de mentir, nego com a cabeça. Ele respira fundo, não acreditando e encosta na cadeira, olhando pra minha mãe, querendo uma confirmação. Minha mãe dá um pequeno aceno, confirmando que houve algo.— Okay, Sophia, eu não quero ter que aumentar a dose do remédio porque sei o quanto você os odeias, mas se essas crises voltarem nessa intensidade precisarei aumentá-las— Concordo com a cabeça, mesmo não querendo que isso aconteça.— Por agora eu não posso indicar nada, além de tentar não se estressar com nada, mesmo sendo difícil.

— Irei tentar.

— De verdade, Sophia, deve continuar tomando os remédios normalmente, principalmente o pra imunodeficiência. Lembrando sempre que ele ameniza a força da doença, mas não a vence totalmente, então continue tomando cuidado com pessoas doentes e nada de chuvas e ventos gelados sem casacos.

Tudo culpa da garota do diárioOnde histórias criam vida. Descubra agora