Capítulo 13-Sobe a luz do luar

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Sophia

  Me viro na cama pela milionésima vez, mas por mais que eu tente, não consigo pregar o olho e dormir, como já deveria estar fazendo. Meu corpo está tremendo e sinto o quarto abafado me fazer ter dificuldade em respirar. Levanto da cama afim de respirar um pouco de ar fresco. Vou até a porta da sacada e abro com cautela para que ela não faça barulho e acorde a casa.

  O ar gélido da noite sopra em meu rosto. Fecho os olhos e respiro fundo o ar fresco, aproveitando cada aroma que ele traz; o aroma da noite. Meu corpo inteiro se arrepia quando um vento passa sobre mim, mas a sensação não incomoda, na verdade é boa.

Sento no balanço da varanda e fico observando a calada da noite. Não há sinal de outra pessoa na rua, só se escuta o barulho do vento por entre as folhas das árvores. A música produzida por esses pequenos detalhes fazem com que eu me acalme e sinta meu coração voltando a bater normalmente,

Começo a me balançar e continuo observando a rua, sem muito interesse, até que a sombra de uma pessoa aparece andando na calçada, olhando pro chão. Ao olhar um pouco mais percebo ser o Luke, apenas de short e blusa lisa.

-Ei, Luke.- Tento chamar sua atenção sem gritar. Fico surpresa por ver que ele me escutou, se virando na minha direção e sorrindo para mim.- O que faz na rua?

  Ele faz sinal de que não escutou e sei que mesmo tentando outra vez, terei o mesmo resultado. Apenas peço com gestos para que ele espere. Calço o chinelo e meu olhar corre para a cadeira giratória da escrivaninha, que estava com a jaqueta do Luke pendurada, desde daquele dia. Pego a jaqueta e saio do quarto.

- O que está fazendo a essa hora na rua?- Pergunto assim que fecho a porta da frente e me aproximo dele perto da calçada.- Você viu que horas são?

-Sim, claro que vi, apenas estava sem sono e decidi dar um volta. E você, o que está fazendo acordada?

- Não conseguia dormir então fui para o balanço da sacada.- O que não é mentira, apenas não há necessidade de contar o porquê.- Aqui está sua jaqueta, obrigada por ter me emprestado. Esqueci de devolver- Queria ficar com a jaqueta, mas é errado já que ele apenas me emprestou e precisa para ter o uniforme completo do time.

- Imagina.

  Nenhum de nós diz nada, ficamos ali, apenas nos observando, sem nada para dizer. contínuo o observando com a iluminação da lua cheia que está mais brilhante do que a última vez. Percebo que em seu braço a uma cicatriz, não tão grande, mas perceptível. Ela vai do fim do ombro até metade do braço, antes do cotovelo.

- Como a ganhou?- Pergunto e chego mais perto de seu corpo. Coloco meu dedo sobre ela, passando por toda a sua extensão. Percebe-se que foi algo profundo, talvez o suficiente para pontos.

- Uma brincadeira idiota com meu primo. Eu devia ter uns 9 ou 10 anos, estávamos brincando de esconde-esconde, ou algo assim, eu me escondi em uma parte do terreno com uma porta velha e enferrujada, quando sai ela caiu em cima de mim e um prego acabou abrindo o corte.

-Entendi- Tiro a mão da cicatriz e cruzo os braços sobre o peito para evitar ficar arrepiada.- Levou pontos?

-Alguns. Meu primo se sentiu tão culpado naquele dia, ficamos um bom tempo sem brincar, ele morria de medo que eu me machucasse de novo- Ele diz e olha para o céu e abre um sorriso nostálgico, como se ele lembrasse todos os detalhes daqueles momentos.- Enfim, as vezes me esqueço da existência dessa cicatriz, mas é bom lembrar algumas coisas do passado.

Tudo culpa da garota do diárioOnde histórias criam vida. Descubra agora